O tema do dia de hoje foi profundamente ampliado pela homilia do Cardeal Mauro Gambetti, quando apresentou a multiplicação dos pães como o centro do evangelho de S. Lucas. A missão dos apóstolos, a curiosidade de Herodes e o regresso de Jesus são o contexto do texto escutado. A ternura de Jesus vai ao ponto de pensar no descanso dos seus… O entusiasmo, o cansaço, as preocupações e a atenção ao particular… tudo tem o olhar de Jesus.
Que descanso nos está reservado? Que serviço nos é pedido hoje? Repouso e serviço não podem ser irreconciliáveis… Ainda assim, Jesus movido pela Sua compaixão põe-Se a servir, em contexto de cansaço.
Alguns apelos nos foram especialmente lançados:
1 – os discípulos observam a lógica e percebem que é difícil de actuar – se a multidão vai buscar alimento e hospedagem fora, não encontrarão… Também nós podemos ter a tentação de despedir as pessoas quando não temos o que dizer-lhes… mas há sempre algo novo a dizer-lhes!
2 – Dai-lhes vós mesmos de comer… E os discípulos apresentam 5 pães e 2 peixes, isto é “1 dólar (1 euro) eucarístico”… mesmo que tivessem mais não seria suficiente. O ponto decisivo é colocar tudo à disposição. Tudo à disposição para o serviço sem nos preocuparmos com o resultado. O sucesso deste CEI não depende do dólar eucarístico mas precisa dele. Dai-lhes vos mesmo de comer é hoje “dai a vossa vida como alimento”.
3 – Quando mudamos o pensamento e pensamos a pastoral em género de evangelização poderemos conquistar o mundo inteiro. É um acto espiritual como a transubstanciacão sobre o altar, sobre o altar da cruz. A pastoral não é o que se faz, mas a entrega de si mesmo, como diz S. Pedro: “não vens de prata ou de ouro mas do sangue de Cristo”… como o sangue precioso de “Luzia” ou de qualquer um de nós. A entrega de cada um é o ponto que muda a evangelização. O baptismo dá-nos a capacidade de sermos corpo de Cristo para a vida do mundo!
Partilhar a existência e os bens levará à salvação ao mundo. Jesus ensina-nos por isto que a fraternidade curará o mundo. Um dólar eucarístico será indispensável para realizar o congresso eucarístico porque se multiplicou pelo Espírito Santo no coração de cada batizado que se colocou à Sua disposição para estar aqui. Maria é o exemplo mais claro de um coração e de uma vida “sacerdotal” totalmente entregue em plena confiança.
Conferencia da manhã – D. Andrew Cozzens/USA – Convidou-nos transfigurar a nossa humanidade ferida e partida porque somos filhos de Deus. Jesus revela Quem Ele é como Filho de Deus, como filho glorioso de Deus. Nós somos chamados a ser filhos gloriosos de Deus transfigurados na Sua Glória, por isso Jesus nos deixou a Eucaristia. A sua vida dada por nós é a nossa transformação! A transfiguração diz-nos o que estamos chamados a ser também no céu.
“Jesus não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a Si mesmo” (Fil 2, 6-8). Uniu o Seu sofrimento à redenção do mundo. Muitas vezes a cruz é o doente destinatário do amor, que redime e cura. Jesus redime o mundo no Seu mistério Pascal e nós devemos e podemos rezar isto em cada Eucaristia. O poder do mistério Pascal é curar o mundo.
Na Última ceia ao dizer “isto é o meu corpo… o cálice do meu sangue” estas palavras que são o coração do mistério da Eucaristia, e da nossa vida, recordam-nos que “o centro do pão partido é a cruz de Jesus” (DD 7). Porque fez, Jesus, o Seu Mistério Pascal presente na eucaristia? – Para que possamos viver e participar nele.
Este poder da redenção, o mistério Eucarístico renovado todos os dias, faz-nos lembrar que Jesus aceitou o sofrimento para fazer de toda a Sua vida uma oferta, e nós, na fé e comunhão “completamos na nossa carne o que falta à paixão do Senhor”.
É Cristo quem redime o mundo… e hoje apela-nos, como o fez movida pelo Espírito Santo, a santa Madre Teresa de Calcutá: “Amar Jesus nos pobres e amar a eucaristia”. A responsabilidade social faz-nos questionar: Quem vai sofrer pelos pobres”?
Não basta ser simpático é preciso redimir as próprias feridas, apesar da nossa pequenez, porque na fé realmente “trazemos este tesouro em vasos de barro”.
Que Jesus nos cure!
P. Pedro Manuel
Delegado Diocesano ao Congresso Eucarístico Internacional – Quito/Equador