– É possível um mundo de irmãos!
A fraternidade tem sido a marca dominante deste congresso e sobretudo desta manhã. Limito-me, uma vez mais a evidenciar e sublinhar o que mais me surpreendeu e ficou a ressoar no meu coração.
A Santa missa de hoje foi presidida pelo Arcebidpo de Sydney, D. Anthony Fisher que na sua “bem disposta” homilia nos ensinou que “o verbo fez-se carne e a carne fez-se Eucaristia”.
Começando por fazer uma introdução sobre o surgimento católico do “macfish” da cadeia McDonald’s e seu contexto quaresmal norte-americano, foi o ponto de partida para nos fazer refletir sobre a missão de Jesus que tantas vezes acontece em clima de intimidade e amizade à volta da mesa.
Sabemos que Jesus gosta de partilhar a mesa com o povo. Jesus ensinou-nos a pedir o pão nosso de cada dia e a fazer festa quando voltamos a casa. Jesus é recordado na comida, presente na celebração e substancial na comida e na bebida. Muitos não aprovaram a sua proximidade e forma de viver/dar a boa notícia. Os seus inimigos ofendiam-no, mas ele continuava a reconciliar a partir da proximidade.
O seu último milagre foi um “piquenique” nas margens do mar da Galileia. Fez o seu último milagre e novamente usou pão e peixe. É preciso lançar as redes para o outro lado e a vida muda, e Pedro, quase nu, vai ao encontro de Jesus… porque realmente a sua vida mudou.
Jesus é a carne de Deus para nós. O pão vivo de Deus que alimenta as nossas almas. Jesus não espera pela última ceia para nos ensinar que quem O comesse permaneceria nele. O pão distribuído naquele dia na galileia aparece na última ceia, no caminho de Emaús e no último milagre.
O Peixe é o sinal dos cristãos perseguidos (já nos primeiros séculos da igreja quando as celebrações aconteciam ainda nas catacumbas). A vida de Jesus aconteceu muito à volta de cidades pesqueiras. Por isso o enquadramento da vida de Jesus e dos Seus milagres, era esse. Já Tertuliano ensinou que os pequenos peixes (nós) somos salvos pelo grande peixe (Ichthys ou Ichthus em grego – ἰχθύς) – Jesus Cristo Filho de Salvador). Ele não é apenas o grande pescador mas o grande peixe… veio para nos redimir…
O pão é o Peixe… o pão eucarístico é o ἰχθύς, o Filho de Deus Salvador do mundo… Da barca de Pedro, hoje aqui, arrisco a dizer que nós, os discípulos que Jesus ama, cantamos novamente o salmo da fraternidade e dizemos com fé: é o Senhor!
Terminada a santa missa, entre outros aspectos que poderia destacar, dada a riqueza dos mesmos, partilho os seguintes:
D. Rafael Cob, bispo na Amazónia fez-se eco do sonho do Santo Padre para a Igreja da Amazónia que é verdadeiro sinal da preocupação em direção às minorias e seu cuidado. “Sonho com uma Igreja que seja capaz de dar a vida pelos povos nativos e originários”. Que sejamos capazes também nós de servir a igreja dos últimos para que aí nasçam servidores nativos que sejam capazes de iluminar e servir a igreja dos (aparentes) primeiros.
Ir. Verónica/Carmelita – falando da sua história vocacional que parte da sua educação familiar e ainda da sua primeira comunhão, explica como iniciou a sua vida religiosa noutra congregação, mas ao ouvir falar dos castelos/moradas de Santa Teresa percebeu que o seu caminho era o da entrega profunda e oculta ao serviço do amor. A carmelita desde a vida contemplativa deve ser louvor da glória de Deus. Viver a Eucaristia desde as coisas ordinárias, de forma extraordinária. Três aspectos que seduziram o coração desta religiosa: vida de santa Teresa; glória à Santíssima Trindade e compreender a inabitação trinitária. Destacou, ainda, a vida de Santa Marianita de Jesus que encontrou a verdadeira vida escondida, com Cristo, em Deus pelo sacramento da Eucaristia. “Solidão e oração “ libertam o coração e alcançam a santidade. A Igreja deve estar sempre em saída, em proximidade de amor como o amor de Jesus em busca das feridas dos mais pequenos porque é possível um mundo de irmãos!
P. Pedro Manuel
Delegado Diocesano ao Congresso Eucarístico Internacional – Quito/Equador