A eurodeputada Isilda Gomes defendeu o regresso de uma disciplina obrigatória de valores morais na escola pública.

“Há valores que são inalienáveis e que é impossível não serem defendidos por todos. Há valores que deviam ser valores básicos e que deviam estar institucionalizados”, considerou, lamentando os acontecimentos que ultimamente têm sido notícia e que têm tido jovens como protagonistas. “Hoje estamos a passar por um momento tão difícil e tão complicado a nível mundial que se não conseguirmos educar as nossas crianças e prepará-las para o futuro… vejam o que tem acontecido dias”, referiu, alertando que com “tantos problemas e tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo no meio escolar” “a escola cada vez se fecha mais” à comunidade. “Pagam todos pela mesma medida e não entra ninguém”, lamentou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Os meus filhos andaram na disciplina de Religião e Moral e nos grupos de jovens até ao 12º ano e acho que isso hoje faz muita falta aos nossos jovens. Faz muita falta haver este diálogo permanente do que é a solidariedade, as obrigações sociais de cada um de nós”, defendeu no passado sábado à margem da conferência que apresentou em Portimão sobre a ação social dos jesuítas naquele concelho nos últimos 50 anos.

“Acho que ainda vamos voltar a pensar nestes valores e na necessidade de os implementar”, prosseguiu, lembrando que as escolas já começaram a proibir o uso dos telemóveis “com enormes resultados”. “Acredito que daqui a uns anos as coisas vão mudar porque as pessoas, cada vez mais, sentem a necessidade de que haja mais educação, mais formação, mais civismo, mais cooperação, mais solidariedade”, acrescentou, manifestando esperança no “movimento associativo”. “Se tivermos gente bem formada à frente do movimento associativo que trabalha com os nossos jovens, certamente que vamos ter jovens mais bem formados”, considerou.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Também o padre Domingos da Costa, sacerdote jesuíta, lamentou que se critique a violência doméstica, a violência juvenil e o bullying nas escolas, mas nunca se fale de valores humanos por meio de uma disciplina de frequência obrigatória. “Quando dava aulas de Religião e Moral, eu nunca falava em religião. Falava em moral, ética e educação e hoje também creio que é lamentável que não haja uma disciplina a sério que seja ou Educação Cívica em que os valores sejam ali apresentados”, criticou, considerando que o seu conteúdo educativo deveria ser preparado não apenas por políticos, mas “por professores, teólogos, filósofos, sábios e escritores”. “Creio que essa disciplina evitaria muito crime e muita violência”, considerou o sacerdote que lecionou a disciplina de Religião e Moral (hoje Educação Moral e Religiosa Católica) durante cerca de 26 anos nas sete escolas primárias da freguesia da Mexilhoeira Grande.

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