Faleceu na passada segunda-feira, 31 de janeiro, a irmã Carmen Ribeiro que trabalhou durante 20 anos em Monchique.
A consagrada, do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, que completaria 97 anos a 7 de março deste ano, chegou a Monchique em 1992 e aí se manteve até 2012, quando fechou a comunidade que permaneceu 30 anos naquela vila.
Era uma das responsáveis da comunidade do Alferce, onde trabalhou na catequese e animação litúrgica. A animação litúrgica foi também por si dinamizada na paróquia de Monchique. Em todo o concelho dedicou-se muito aos doentes e às visitas com distribuição da comunhão, animou um grupo de oração eucarística e vários grupos bíblicos.
O padre Pedro Manuel, sacerdote da Diocese do Algarve, natural de Monchique, assegura que a religiosa “terá celebrado centenas ou mesmo milhares de funerais”. “Foi uma verdadeira força espiritual na nossa vila. Todas as famílias a conheciam. Calcorreou quilómetros a pé para levar Jesus a muitos leitos”, testemunhou ao Folha do Domingo, acrescentando que a falecida “era uma verdadeira apóstola que se gastou até ao fim”. “O seu corpo foi para Fátima para continuar a entardecer, mas o seu coração ficou em Monchique”, acrescentou.
O cónego Joaquim Nunes, também natural da vila serrana, considera que a irmã Carmen Ribeiro “era o rosto do cuidado pelos pobres em Monchique”. O sacerdote da diocese algarvia destaca a “proximidade com as pessoas” que a religiosa tinha.
De Monchique seguiu para a comunidade das Religiosas do Sagrado Coração de Maria em Fátima, “onde se sentiu muito feliz, podendo beneficiar de um ritmo mais contemplativo e orante, bem como dos cuidados de saúde que progressivamente foi precisando”, testemunha a provincial daquele instituto religioso.
“Durante os primeiros anos colaborou de forma ativa e segundo o seu ritmo, na comunidade; mantinha presença diária na Capelinha, fervorosa na oração e com forte sentido eclesial. Manteve gravadas na sua memoria e no coração as comunidades de Monchique e Alferce e rezava com frequência pela Diocese do Algarve e pelo seu bispo, de quem guardava boas memórias”, acrescenta a irmã Teresa Nogueira, referindo que “apesar da fragilidade física”, a falecida “manteve-se lucida até ao fim dos seus dias, e manifestava-se agradecida, muito tranquila e confiante”. “Dizia sentir-se em paz e muito feliz. Sabia que tinha sido generosa na sua entrega a Jesus Cristo”, informa.
A provincial explica que a irmã Carmen Ribeiro, natural da freguesia de Freitas, concelho de Fafe, distrito de Braga, faleceu “no contexto da comunidade, acompanhada por duas irmãs, uma das quais enfermeira”. Após a celebração das exéquias em comunidade, o féretro seguiu para Póvoa de Lanhoso, onde foi sepultada, no jazigo de família, por desejo dos seus familiares.
A irmã Carmen Ribeiro entrou para o instituto a 04 de março de 1953 para iniciar a sua formação como Religiosa do Sagrado Coração de Maria em Braga, tendo feito a sua profissão religiosa a 09 de setembro de 1954. “Como Religiosa do Sagrado Coração de Maria viveu ao serviço da missão de Cristo, integrada em comunidade em diferentes cidades e contextos apostólicos, concretamente, na Guarda e em Portalegre – assumindo a responsabilidade da cozinha de grandes instituições e sempre conciliando com a colaboração paroquial, nomeadamente a catequese de crianças e adolescentes, dinamização litúrgica e visitas a pessoas doentes”, referiu a irmã Teresa Nogueira.