A festa de Nossa Senhora do Monte do Carmo, em Faro, ficou marcada este ano por um apelo ao entendimento e acolhimento de todos os membros da humanidade a quem Jesus confiou a sua Mãe, particularmente aqueles que invocam o Deus único: judeus, muçulmanos e cristãos.
“Jesus dá-nos uma Mãe que no-la entrega para que aprendamos a imitá-la e, imitando-a, aprendamos a ser melhores, mais irmãos uns dos outros e mais filhos de Deus”, afirmou o frei Pedro Bravo, da Ordem do Carmo, na homilia da eucaristia que concelebrou no passado dia 16 deste mês na igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Faro, recordando a “hora solene da redenção em que Jesus está crucificado” e “confia a Maria toda a humanidade, presente ali na pessoa do discípulo amado”.
“Esta Mãe, que é um ícone de ternura, do amor e da misericórdia de Deus, nosso Pai, para que nos sintamos acolhidos e aprendamos também a acolher-nos uns aos outros”, prosseguiu, o sacerdote carmelita, desejando que judeus, muçulmanos e cristãos se tornem “instrumentos de paz”. “Sabemos que judeus, muçulmanos e cristãos são todos descendentes de Abraão e são os únicos que invocam o Deus único e verdadeiro e, por isso, o nosso testemunho tem de ser um testemunho de entendimento”, reforçou.
“Que nós, como filhos de Abraão, juntamente com os judeus e com os muçulmanos, saibamos verdadeiramente honrar o nosso nome de filhos de Deus, aqueles que conhecem o Deus único, vivo e verdadeiro. E a única maneira de O honrar e O dar a conhecer tem um só nome que é a paz”, acrescentou o assistente espiritual da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Faro lembrando ainda que o Monte Carmelo, “lugar de passagem obrigatória para judeus, cristãos e muçulmanos”, nasceu em território judaico, em Israel, e que o dia 16 de julho tem um “significado também muito especial” para os muçulmanos por ser o dia que marca o início do seu calendário, o começo do Ramadão.
Na paragem diante do quartel do Destacamento Territorial de Faro da GNR para saudação a Nossa Senhora do Carmo, sua protetora – durante a procissão a que presidiu por algumas das principais ruas da baixa farense –, o frei Pedro Bravo destacou que “a GNR desempenha um papel muito importante na preservação desta paz” ao nível da “educação” e lembrou os que já partiram, alguns no cumprimento do seu dever.
O cónego Carlos César Chantre que presidiu à eucaristia, pároco da paróquia de São Pedro de Faro, na qual se insere a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, pediu ao frei Pedro Bravo para transmitir à ordem a que pertence a gratidão da Diocese do Algarve por aquele “serviço espiritual que é prestado à cidade” com a presença daquela Ordem Terceira e do Carmelo do Patacão.
Após a eucaristia, participada também pelo diácono Luís Galante que terminou com a consagração a Nossa Senhora do Carmo, realizou-se a procissão com o Santo Lenho e a imagem da padroeira que contou com a participação do Agrupamento 98 do Corpo Nacional de Escutas, da banda da Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva de Loulé e de uma representação da PSP.
O préstito, com o andor e o pálio transportados por um pelotão de praças da GNR e por elementos do Moto Clube de Faro, contou também com a participação das principais entidades oficiais da cidade.
Este ano as festividades tiveram início no passado dia 1 deste mês. O programa de festas iniciou-se na igreja de Nossa Senhora do Carmo no dia 1 de julho com o concerto dedicado ao culto mariano com a participação da soprano Ana Madalena Moreira, acompanhada ao órgão por Nataliya Kuznyetsova.
As festividades prosseguiram no dia 6 de julho com um concerto do Grupo Coral Ossónoba, tendo como maestro Nuno Sequeira Rodrigues e o programa de festas tem continuidade com a novena, de 7 a 15 de julho, com o tríduo preparatório da festa com pregação de 13 a 15 deste mês, sendo constituído no dia 13 pela imposição de escapulários a devotos da padroeira, no dia 14 pela admissão de noviços e no dia 15 pela profissão e admissão à ordem.