
O futebol continua a ser incontornável e todos os que me conhecem sabem que é algo que muito aprecio… Para além de me distrair com as novas tecnologias (que não me ocupam todos os sentidos e muitas vezes me fazem focar no que é importante, creiam), frequentemente desvio o meu olhar para um jogo de futebol que dá na televisão, mesmo num jantar entre amigos.
E agora que aventura da seleção nacional continua, é inevitável sentir-me mais atraído pelo Campeonato da Europa. Como todos, desejo que a equipa nacional chegue longe e que possa vencer e ser campeã. Era verdadeiramente um orgulho.
Mas, juro que me sinto confundido com algumas reações dos adeptos: as bandeiras, nas casas e nos carros, o entoar fervoroso do Hino Nacional, o enlevo pelo país, que revela um “patriotismo” aparentemente muito seguro e convicto. Mas que acontece apenas nos campeonatos de futebol. Acontece somente nos jogos da seleção nacional principal. Se revela apenas com este deporto especificamente.
A verdade é que não sei muito bem se a maior parte das pessoas sabe o significado da letra do Hino, que de mão no peito e de lágrimas nos olhos, cantam no início dos desafios. Não sei se conhecem a história que está presente na simbologia da bandeira e menos ainda tenho a certeza de que o sentimento acesso de amor ao país se estenda a outros momentos, a outras situações, até mesmo desportivas, para já não falar de acontecimentos de outra natureza.
O amor pelo país deveria, na minha perspetiva, ser uma constante nas vidas de todos nós, que se refletiria no empenho em fazer de Portugal um país melhor, mais próspero e onde todos vivêssemos com qualidade e dignidade. Esse era verdadeiramente o amor, com letra grande, que traria consigo a solidariedade e o crescimento e que faria do nosso lugar de nascimento, da nossa casa partilhada, da nossa “pátria” um espaço melhor.
E ai sim, os sentimentos partilhados nos momentos de sucesso – vividos em todas as áreas, inclusivamente no desporto, como agora acontece com o futebol – refletiriam com verdade o amor que nos uniria enquanto povo e enquanto seres que nasceram na mesma nação.
Até lá, guardo a bandeira no meu coração, porque é lá que está o meu desejo de colaborar na construção do bem comum.
Padre Miguel Neto