A Igreja do Algarve acolheu no passado sábado a consagração da irmã Madalena Ester Muaca na congregação das irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, através da sua primeira profissão religiosa. No final da celebração, que teve lugar na igreja das Ferreiras, a superiora provincial anunciou que a consagrada ficaria a trabalhar na diocese, inserida na comunidade algarvia sedeada em Paderne.

A irmã Madalena Muaca, natural de Cabinda, Angola, conheceu as irmãs dominicanas em 2019 através do seu bispo de Cabinda. Entre junho daquele ano e março de 2021 veio então para o Algarve realizar o postulantado, integrando a comunidade daquela congregação que dá apoio às paróquias de Boliqueime, Ferreiras e Paderne, para onde agora regressou. Depois do postulantado, a irmã Madalena Muaca seguiu para Aveiro onde realizou o noviciado.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No sábado, a celebração da eucaristia contou com o rito da profissão religiosa, constituído pela apresentação da ainda candidata que caminhou desde o fundo da igreja com uma lamparina acesa na mão, cantando no seu dialeto natal a sua intenção de se entregar a Deus. Do rito fez parte também a prostração que se seguiu diante do altar.

Na homilia, o bispo do Algarve, que presidiu à Eucaristia participada por muitas irmãs dominicanas de vários pontos do país e por jovens do ‘Voluntariado Teresa de Saldanha’, associação missionária ligada àquela congregação, vindos de Aveiro, considerou a presença das irmãs dominicanas em Paderne “uma bênção” não apenas para aquelas paróquias, mas para toda a Igreja algarvia.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

D. Manuel Quintas frisou haver “três qualidades” que fazem parte da realização cristã dos batizados “e, sobretudo, de quem, como realização do batismo, aceita seguir o mesmo caminho que está a seguir a irmã Madalena”. “Só no silêncio, e escutando Deus que nos fala, só na disponibilidade, na docilidade é que se entende e se encontra o sentido para seguir o caminho que ela segue”, afirmou.

“A irmã Madalena pede para se consagrar ao serviço de Deus e do seu reino, seguindo a Cristo e assumindo a sua forma de vida, assumindo as suas opções hoje, entregando-se totalmente a Deus, pois foi isso que significou a sua prostração”, prosseguiu, lembrando que “a vida consagrada diz respeito a toda a Igreja” e “não é uma coisa isolada, privada”. “Situa-se mesmo no coração da Igreja porque exprime essa forma de vida de Cristo”, concluiu o bispo diocesano.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Depois da homilia decorreu o diálogo das promessas entre a irmã Madalena Muaca e a superiora provincial, entre as quais a de obediência. Seguiu-se a assinatura da ata e uma sucessão de gestos composta pela bênção do escapulário, do véu e da cruz e pela receção da regra e das constituições da congregação.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No final da celebração, em que se assinalou também a festa de São José, padroeiro daquela paróquia das Ferreiras, a irmã Madalena agradeceu a presença de todos, particularmente ao bispo do Algarve, ao pároco, à madre geral e restantes irmãs dominicanas, à madre provincial, às irmãs de Paderne, às irmãs de Aveiro e à sua madre-mestra, a irmã Clarinda Gaspar.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

“Aos jovens que se interrogam” e “que têm muitas dúvidas” exortou-os a “que não hesitem a responder ao apelo de Deus”. Disse-lhes que “não há maior alegria do que ser todo de Deus”. “E aos pais que, de vez em quando, são obstáculos na liberdade de opção dos seus filhos” pediu: “sejam generosos como São José, deixando liberdade aos vossos filhos para optarem seja pela vida religiosa, seja pela vida sacerdotal, como também pela vida matrimonial”.

A superiora provincial também agradeceu ao bispo do Algarve e ao pároco. “Agradeço do fundo do coração o acolhimento que fazem a cada uma das irmãs e hoje especialmente da irmã Madalena. Também vos tenho para dizer que em congregação achámos por bem que a irmã Madalena fique na comunidade de Paderne a viver”, afirmou a irmã Alzira Ferreira.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O pároco de Boliqueime, Ferreiras e Paderne disse ver a presença das irmãs dominicanas naquelas paróquias e aquela celebração da consagração da irmã Madalena na “sequência de uma conversa” que em 2016 teve com a irmã Clarinda Gaspar, então superiora provincial. “Ela perguntou-me: «para que é que quer as irmãs aqui nas suas paróquias?» Respondi: «quero as irmãs nas minhas paróquias para que sejam uma presença de Deus»”, contou, considerando que “essa presença de Deus em Paderne tornou-se nos últimos tempos da vida da irmã Madalena uma oportunidade de ela encontrar aqui também o caminho para dar o seu sim”. “Por isso, obrigado a Deus e obrigado às irmãs dominicanas por terem feito confluir para este dia e para esta paróquia a celebração desta vossa alegria”, agradeceu na Eucaristia que contou com a presença do Secretariado Regional da CIRP – Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal e de muitas das comunidades religiosas em serviço no Algarve.

A presença das irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena no Algarve remota ao ano de 1899 quando a fundadora da congregação, a irmã Teresa de Saldanha, a pedido do então bispo do Algarve, D. António Mendes Belo, abriu em Lagoa um colégio e uma escola para meninas pobres num antigo convento de carmelitas. Aí permaneceram as religiosas até serem expulsas no contexto da implantação da República, em 1910.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Após 76 anos da saída de Lagoa, as suas irmãs dominicanas voltaram ao Algarve, dedicando-se à evangelização, educação e promoção de crianças e jovens em risco do sexo feminino na Casa de Nossa Senhora da Conceição, em Portimão, concretamente no Lar de Crianças e Jovens da Imaculada Conceição.

Em 2016 e ao fim de 30 anos de presença em Portimão, as irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena deixaram aquela cidade para se sedearem em Paderne.