No dia de ontem, em que a Igreja celebrou a solenidade da Imaculada Conceição da mãe de Jesus, o bispo do Algarve realçou que “com o seu sim, Maria abriu a humanidade ao advento do Deus redentor”.

Na missa a que presidiu ontem à noite na Sé de Faro, D. Manuel Quintas fez um paralelo entre a resposta de Eva e Adão e de Maria, de acordo, respetivamente, com os textos do livro do Génesis e do Evangelho de Lucas. “Eva seguiu o caminho da rejeição e da desobediência, imagem de quantos vivem centrados em si mesmos, expressão do orgulho e de autossuficiência, convictos de que seguir a palavra de Deus diminui a própria liberdade, bem como a capacidade de viver plenamente a própria vida. Esta atitude conduz ao sentimento de se reconhecer nu, despido, que é muito mais do que estar sem vestes. Pode significar uma vida sem sentido, vazia, sem conteúdo, vulnerável e frágil e também a quebra de relações interpessoais, atribuindo aos outros a causa dos próprios erros com desculpas sem sentido”, analisou, evidenciando que “bem diferente foi o caminho seguido por Maria”.

“As leituras bíblicas hoje proclamadas ajudam-nos a recordar o caminho percorrido por Maria e a assumi-lo como nosso caminho em tempo de Advento, na preparação com o Senhor que vem e sobretudo que virá para o nosso encontro definitivo com Ele”, realçou.

Começando por explicar aquele “privilégio único” atribuído a Maria que a Igreja celebra, o bispo diocesano lembrou que “proclamar e celebrar a Imaculada Conceição constitui a confirmação de um dos mistérios centrais” da fé cristã: o “mistério da encarnação”. “Maria foi preservada desde sempre do pecado do qual nascem todos os filhos de Adão”, explicou, referindo-se à “grandeza deste mistério pelo qual Maria de Nazaré, ainda jovem, foi preservada de toda a mancha do pecado original em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo, com a finalidade de fazer dela, enriquecida com a plenitude da graça de Deus, digna mãe do seu Filho”.

“A celebração desta solenidade em tempo de Advento fortalece-nos no caminho que a palavra de Deus nos convida a percorrer, bem como a intensificar a resposta que diariamente nos pede”, prosseguiu, sublinhando que “Maria é por excelência a mulher do Advento, mãe, companheira e amparo seguro neste caminho que a Igreja percorre em cada um dos seus filhos na preparação do encontro com o Senhor que vem”. “Ela é a mãe da esperança, aquela que acolheu Jesus no seu seio, agradecida pelo dom que Deus lhe concedeu. O sim de Maria fortalece o sim de quantos, apoiados na sua humildade e na sua disponibilidade, escutam os apelos de Deus presentes na palavra, como também nos apelos dos homens que generosamente se empenham em responder”, desenvolveu.
D. Manuel Quintas lembrou ainda a importância acrescida daquela festa para o povo português. “Como portugueses celebramos a nossa rainha e padroeira principal na evocação do gesto do rei D. João IV, que assim aprovou, dois séculos antes do Papa Pio IX, proclamar esta verdade de fé que o povo que há muito celebrava”, afirmou, lembrando a coroação e proclamação de Maria feita pelo monarca em 1646.
O responsável católico referiu ainda as “mais de metade” das paróquias algarvias que invocam a mãe de Deus com algum título e as 12 que têm a Imaculada Conceição como padroeira principal.
A Eucaristia de ontem, concelebrada por vários membros do Cabido da catedral, foi ainda participada por um grupo de 30 catequistas de várias paróquias (da área que antigamente correspondia à vigararia de Faro) que concluíram o Curso ‘Alpha’, iniciado em setembro deste ano.