“Construir uma Igreja jovem, com Maria; conhecer o coração de Cristo, o Deus que ama os jovens; e abrirmo-nos à descoberta daquela que pode ser a missão de cada um de nós enquanto Seus filhos”. Este foi o compromisso publicamente assumido pelos jovens das paróquias de Tavira, após a passagem dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) pela cidade, tendo em vista a preparação do evento que terá lugar em Lisboa em 2023.

O propósito foi declarado na passada quarta-feira, 3 de novembro, durante a procissão pelas ruas da cidade com a cruz e o ícone de Nossa Senhora, que pretendeu ser “sinal de fé junto de todos os tavirenses, tocando-os a todos” com o seu testemunho, um percurso que foi feito com cinco paragens para reflexão apoiada nas palavras do Papa Francisco, extraídas da exortação apostólica Christus Vivit (Cristo Vive).

Aquela manifestação pública de fé ficou ainda marcada pelas palavras do pároco ao pedir a intercessão de Maria para “três aspetos relacionados com a juventude”. Do alto da ponte nova sobre o Gilão, o sistema de som amplificou por todo o centro da cidade as preces do padre Miguel Neto. “Que a Igreja tenha coragem de assumir os erros que comete e que cometeu pelos crimes de pedofilia; para que saiba ajudar as vítimas, revelar os culpados e puni-los, mas sobretudo ajudar as vítimas e ser transparente no juízo”, pediu, acrescentando que esta “falha”, para além de ter afetado “a juventude de tanta gente”, ainda perturba os jovens e as crianças.

O sacerdote pediu igualmente que Maria “interceda junto de Deus por todos os jovens que sofrem de depressão, de angústia, espiritual e psicológica, que necessitam de ajuda psiquiátrica, principalmente eles, que tantas vezes durante estes dois anos se sentiram presos, sem futuro”. “A intenção [de oração] do Papa Francisco para este mês é precisamente para rezarmos pelas pessoas com depressão, com cansaço, com burnout, com doenças relacionadas com o extremo trabalho e com a falta de perspetiva de vida. Rezemos pelos jovens e por toda a gente que vive esse momento”, pediu o padre Miguel Neto.

Por fim, o sacerdote deixou o último pedido de intercessão a Nossa Senhora. “Rezamos por todos os jovens que se questionam se vale a pena estudar, se vale a pena o regime demasiado competitivo a que assistimos na escola, que sabemos que existe no início da sua carreira de trabalho, na sua vida quotidiana. É importante pedir a Nossa Senhora que os ajude a ter a calma, a serenidade para saberem que acima da incapacidade humana está a capacidade que Deus nos dá para ultrapassar cada dificuldade com a ajuda da sua graça. Que Maria os acompanhe e os ajude a encarar a vida com o otimismo necessário”, concluiu.

A cruz e o ícone mariano ‘Salus Populi Romani’ chegaram a Vila Real de Santo António no passado dia 29 de outubro e percorreram na primeira semana as paróquias da vigararia de Tavira, tendo passado também pelas comunidades paroquiais de Alcoutim, Luz de Tavira, Altura, e Monte Gordo, onde ontem à noite foram entregues a jovens representantes das paróquias da vigararia de Faro.
Os símbolos da JMJ estão a percorrer o Algarve, segundo um itinerário já divulgado, até ao dia 27 de novembro. Nesse dia serão levados até Mértola, onde serão entregues aos representantes da vizinha Diocese de Beja.
A Cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens em abril de 1984 e marcou o início de uma peregrinação da juventude de todo o mundo; em 2000, o mesmo pontífice confiou aos jovens uma cópia do ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’.