Os jovens católicos algarvios despediram-se na passada sexta-feira à noite dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), após um mês de peregrinação por realidades muito diferentes da região e por cerca de 25 das paróquias da Diocese do Algarve, a primeira das dioceses portuguesas a recebê-los.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O adeus decorreu no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, em Loulé, onde teve lugar uma vigília de oração, presidida por D. Américo Aguiar, na qual participou também o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, após uma caminhada desde o convento de Santo António pela ladeira acima até à igreja implantada sobre a colina sobranceira à cidade.

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O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 lembrou que aqueles símbolos “já se encontraram com tantos e tantos olhares” e já se cruzaram “com tantos corações”. “Foram muitos e muitas aqueles que trocaram, tocaram, suplicaram, rezaram, sorriram, choraram perante estes símbolos. Queremos continuar a rezar por eles, por aqueles que passado todo este tempo continuam a ter gravada na sua memória, no seu coração, esse momento em que se puderam abeirar dos símbolos da JMJ”, afirmou, lembrando essas e as “caminhadas sofridas” da atualidade, com particular destaque para o que se passa entre a Bielorrússia e a Polónia ou para os migrantes que morrem no Mediterrâneo.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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“Mas também podemos ter caminhadas de alegria e de felicidade e são essas e esses passos que queremos pedir ao Senhor para que os nossos passos se possam associar e ser testemunhas de caminhos de alegria, verdade e fraternidade”, acrescentou, pedindo aos jovens que não adiem decisões na sua vida. “Não empurremos para um futuro não sei quando aquilo que são decisões importantes na nossa vida, aquilo que significa agarrar os estudos com força, o trabalho com coragem, levar a sérios as relações, amar aqueles que caminham connosco”, desenvolveu.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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“Somos colocados perante o desafio único das nossas vidas agora. Esta é a hora. É a nossa hora também, em que somos convidados a este mesmo gesto de fraternidade universal como o Papa Francisco nos pede. Também de sermos capazes de nos acolhermos mutuamente, naquilo que são os momentos de alegria, mas também sermos capazes de acolher na dificuldade, no problema e no sofrimento. Sermos amigos no caminho para todas as horas”, prosseguiu, apresentando um desafio. “E nesta hora somos convidados a que o Senhor aconteça no nosso coração e na nossa vida, que Ele transforme a nossa vida. E a partir daí sermos testemunhas d’Ele. E, ao sermos testemunhas d’Ele, queremos que cada um de vós se sinta embaixador da JMJ para fazer chegar o convite a todos os jovens, àqueles que já conhecem Cristo e àqueles que, por ventura, nunca ouviram falar dele e que são nossos vizinhos, nossos colegas da escola e que nunca ouviram da nossa boca e dos nossos gestos um testemunho de que Cristo está vivo”, pediu.

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Por fim, D. Américo Aguiar lembrou que a JMJ permitirá “ouvir jovens de todo o mundo, de todos os países, de todas as línguas, de diversas culturas a proclamarem que Jesus Cristo é o Senhor”. “É uma experiência única para as nossas vidas, mas para que ela aconteça temos de nos sentir enviados, embaixadores da JMJ”, reforçou.

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No final da celebração, participada pelo padre Filipe Diniz, responsável nacional pela peregrinação dos símbolos e diretor do Departamento Nacional de Pastoral Juvenil, por Duarte Ricciardi, secretário-executivo do Comité Organizador Local da JMJ 2023, por vários representantes de Comités Organizadores Diocesanos e por algumas centenas de jovens, o bispo do Algarve considerou o último mês uma “verdadeira peregrinação espiritual” que tem de continuar. D. Manuel Quintas pediu aos jovens que não digam que os símbolos “passaram pelo Algarve”, mas que “continuam a passar” e a transformar a vida de cada um. “Esta será seguramente a melhor maneira de nos prepararmos para a grande celebração de 2023 em Lisboa”, afirmou.

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A Diocese do Algarve foi a primeira de Portugal a acolher os símbolos da JMJ depois de terem peregrinado por Angola, Polónia e Espanha. A cruz e o ícone mariano chegaram no dia 29 de outubro a Vila Real de Santo António, vindos de barco pelo rio Guadiana, para iniciar uma peregrinação de dois anos pelas dioceses portuguesas.

A Cruz da JMJ foi entregue pelo Papa João Paulo II aos jovens em abril de 1984 e marcou o início de uma peregrinação da juventude de todo o mundo; em 2000, o mesmo pontífice confiou aos jovens uma cópia do ícone de Nossa Senhora ‘Maria Salus Populi Romani’.