Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Teve anteontem início no Algarve o périplo de apresentações do livro “Nós, os padres – 11 padres confessam-se” pelas paróquias dos 11 sacerdotes que participaram na publicação com chancela da Alêtheia Editores.

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Na quinta-feira à noite, a apresentação decorreu nas paróquias de Tavira de que é pároco o padre Miguel Neto, sacerdote algarvio e um dos escolhidos para responder ao questionário proposto pela editora que deu origem ao livro, cujo lançamento se realizou no dia 27 do mês passado em Lisboa.

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Na apresentação, que decorreu na igreja de Santo António, a editora assegurou que “foi muito difícil escolher” os padres para realizar o livro. “Procurou-se um grupo de várias zonas do país que pudesse traduzir aquilo que é a própria variedade e diversidade da Igreja, com várias nuances e características diferentes”, explicou Zita Seabra, observando que os eleitos, muito jovens, têm uma característica comum. “Gostam de ser padres e são padres convictamente todos eles”, concretizou, garantindo que “esse foi um critério escolhido” porque “a maioria das pessoas acha que os padres são infelizes”.

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A diretora da Alêtheia Editores disse ainda que a publicação surgiu na sequência de uma outra sobre religiosas de clausura e que procura igualmente perceber o que é que leva jovens “que podiam ser qualquer outra coisa na vida” a enveredar pela vida consagrada. Zita Seabra contou que muitos tinham profissões, como médicos ou jornalistas, “podiam ter casado, ter filhos” e “abandonaram tudo e são padres”. A editora considerou que a publicação, que procura “transmitir essa sensação de que são pessoas que dedicaram a sua vida a Deus”, dá a “conhecer uma série de padres que dá muito gosto saber que são pastores da Igreja e com quem dá muito prazer falar e estar”.

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A editora disse também que as perguntas foram formuladas para obter a “a noção exata do que é ser padre” e reconhece que para os entrevistados “responder foi difícil e duro”. “Não quisemos fugir a questões do seu ministério que são importantes e desafiámos a que explicassem o porquê das opções que fazem no seu próprio ministério”, sustentou, acrescentando que “foi um prazer convidar o padre Miguel e ler as suas respostas”.

Zita Seabra disse estar “muito contente com o livro” que “está a fazer o seu caminho”. “Já está à venda nas principais livrarias do país”, anunciou, considerando “importante” que o livro “seja lido também por pessoas que não vão à missa ou à Igreja”.

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O padre Gonçalo Portocarrero de Almada, que apresentou a obra, disse que ela procura “um equilíbrio” de “não cair no preconceito” nem em “intuitos laudatórios”. O sacerdote diz que a publicação não é “uma distinção dos melhores, dos mais famosos, dos mais conhecidos, dos mais brilhantes, dos mais intelectuais, dos mais pastorais”. “Isso seria uma perspetiva que já estaria um pouco inquinada desde o princípio. A ideia foi mostrar o que são os padres na sua generosidade e, por isso, esta amostra é tão universal, desde o ponto de vista geográfico, mas também no sentido de que há vários carismas”, afirmou, lembrando que participaram no livro padres diocesanos, mas também religiosos.

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Os sacerdotes interrogados têm entre os 28 e os 76 anos, diversas proveniências sociais e eclesiais e são do patriarcado de Lisboa e das dioceses do Algarve, Coimbra e Lamego, em representação do sul, centro e norte do país, respetivamente. Constam também testemunhos de outros sacerdotes seculares, como um presbítero do Caminho Neocatecumenal e um padre da prelatura do Opus Dei. Os restantes são religiosos: dois jesuítas, um frade dominicano e um missionário claretiano.

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“Este livro é esse convite a olhar para os padres. E daí também a pertinência de algumas perguntas um pouco mais impertinentes para que a imagem que este livro proporciona seja tanto quanto possível ajustada à realidade. E nós precisamos disso. Para nos podermos amar e estimar precisamos de nos ouvir e compreender”, prosseguiu o padre Gonçalo Portocarrero de Almada, considerando que o livro procura dos seus participantes “abrir um pouco da sua vida, daquilo que são os seus sentimentos para que o povo fiel possa também conhecer melhor os seus pastores e, conhecendo-os, melhor os possa ajudar mais também”. “Se o padre é pai que seja também membro da nossa família, alguém que nos é chegado, próximo, alguém por quem tenhamos também uma proximidade afetiva”, acrescentou, pedindo aos católicos “que compreendam antes de julgar ou de criticar”. “Amem os vossos padres, rezem por eles”, pediu.

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O sacerdote algarvio que participou na publicação que tem prefácio assinado pelo bispo de Lamego, D. António Couto, disse que “não é o padre Miguel que interessa neste livro”, mas “perceber a história de 11 pessoas que, por acaso, são padres e perceber que Deus interfere na vida delas de maneira diferente, mas com um objetivo comum”.