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Foto © Samuel Mendonça

A ‘Luz da Paz’ chegou na última sexta-feira à noite ao Algarve, trazida, através de Espanha, da igreja da Natividade em Belém (Palestina), o local atribuído ao nascimento de Jesus.

Uma delegação de dirigentes escutistas, presidida pelo chefe regional do Algarve do Corpo Nacional de Escutas (CNE), José Cercas Vicente, e de membros da comunidade do Patacão da paróquia de São Pedro de Faro deslocou-se à paróquia de San Juan del Puerto, Diocese de Huelva, para receber pelo quinto ano consecutivo a chama numa celebração que teve lugar na igreja paroquial presidida pelo bispo de Huelva, D. José Vilaplana Blasco.

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Foto © Ricardo Nascimento

Eram 23.13h quando a ‘Luz da Paz de Belém’ chegou a Faro à igreja de São Pedro, sendo entronizada após a projeção do vídeo explicativo da iniciativa. A tradição da ‘Luz da Paz de Belém’ foi iniciada há cerca de 25 anos, na Áustria, resultante de uma ação caritativa a favor de crianças portadoras de deficiência e de pessoas carenciadas, promovida pela televisão pública austríaca. Desde então, todos os anos uma criança daquele país é convidada a recolher a luz da igreja da Natividade e, a partir de uma celebração ecuménica realizada em Viena, a distribui-la pela Europa, acompanhada de uma mensagem de paz. Desde 1990 muito difundida pelos escuteiros, a ‘Luz da Paz de Belém’ é atualmente recebida em cerca de 25 países.

Na igreja de São Pedro de Faro, a receção à candeia motivou a realização de uma vigília de oração, tendo a luz sido partilhada pelas lanternas das muitas pessoas presentes que a quiseram levar para suas casas. Para além dos agrupamentos 98 de São Pedro de Faro e 1172 de São Luís de Faro que foram a Huelva, estiveram ainda presentes na celebração na igreja de São Pedro delegações dos agrupamentos 587 de Alcantarilha, 1201 da Conceição de Faro, 1255 de Moncarapacho, 554 de Olhão, 1052 de Quarteira, 9116 de Santa Catarina da Fonte do Bispo e 1330 de São Brás de Alportel e do núcleo de Olhão da Fraternidade Nuno Álvares.

O pároco da paróquia de São Pedro de Faro, que presidiu à vigília, evidenciou a urgência de paz para o mundo. “Os testemunhos que nos chegam de vários lados mundo atormentam o nosso pensamento. Mesmo dando graças a Deus pelo sítio onde vivemos, não nos deixa de espantar o que muitos inocentes estão neste momento a sofrer. Por isso, este gesto neste livre torrão que se chama Portugal, neste sul do país que se chama Algarve, nesta cidade que se chama Faro, que depois há-de irradiar a luz por outras terras, deve calar fundo”, afirmou o cónego Carlos César Chantre.

“Quando notamos que é um grupo de jovens que desencadeia este processo, mais nos espanta os horrores que o mundo se atreve ainda a cometer. Por isso, agradeço a Deus este grupo de jovens que persiste e insiste nestes gestos pequeninos de paz”, prosseguiu o sacerdote que considerou “interessante a televisão do Estado austríaco ter esta iniciativa” e os escuteiros terem aderido a ela, evidenciando o sentido de “solidariedade” para com os que estão a sofrer.

O prior destacou a dimensão contraditória pelo facto de a chama vir de Belém. “Belém é um laboratório concentrado do que se passa no mundo e foi lá que nasceu o Menino. É precisamente lá que acontecem todas as coisas. O Mensageiro da paz nasceu naquele sítio, contraditoriamente o mesmo sítio onde nascem as guerras”, afirmou.

O cónego César Chantre deixou um desafio aos presentes. “O mundo continua a girar mas nós devemos começar a fazer as obras da luz que veio de Belém”, pediu. “Que obras é que eu pratico para testemunhar a luz? E tu, que obras é que praticas? Que obras é que tu apresentas para que acreditem em Jesus Cristo? Provavelmente o Natal será muito mais sorridente se conseguirmos responder a estas questões. Eu tentarei, ao meu nível pessoal, fazer o meu melhor”, completou.

O sacerdote exortou os presentes, na preparação do Natal, a deixar cair as barreiras que ainda existem entre si para poderem “dar testemunho da luz de Jesus Cristo”. “Já viram as barreiras existentes entre nós o que são na presença das barreiras dos jovens e crianças da Síria? Os problemas que descobrimos entre nós são ridículos em relação aos problemas que eles têm que enfrentar”, referiu, sublinhando que “cada um saberá como é que vai contribuir para a felicidade dos outros”. “Aquela pessoa de que menos gostamos, vamos tentar fazê-la feliz durante este Natal. E quem sabe aquele sacerdote que menos amamos é aquele que mais vamos amar durante este Natal”, apelou.

O cónego César Chantre pediu a cada pessoa “a sua palavra de honra perante o Menino que a fragilidade da luz não se apagará”. “Que esta luz não se apague na sua autarquia. Mesmo com algumas dificuldades que a luz de Belém se mantenha acesa”, pediu ao presidente da Câmara de Faro que também esteve presente.

Para além do de Faro também o município de Albufeira voltou a receber a ‘Luz da Paz de Belém’. Este é o 11.º ano consecutivo que aquela autarquia se associa à iniciativa no âmbito do Acordo de Geminação que o Município mantém com a cidade austríaca de Linz. Esta tarde teve lugar na igreja paroquial das Ferreiras a celebração com o luzeiro na qual participaram o presidente da Câmara Municipal, Carlos Silva e Sousa, e o cônsul honorário da República da Áustria no Algarve, Nelson de Melo.

A ‘Luz da Paz de Belém’ irá agora permanecer no edifício dos Paços do Concelho, no primeiro andar, onde ficará à disposição de todas as pessoas que ali se queiram deslocar para acender a sua própria vela pela paz no mundo.