
Quis Deus e a minha vida de seminarista no Seminário Maior de Évora que a minha primeira atividade na comunicação social fosse entrevistar Marcelo Rebelo de Sousa para o então Jornal do Seminário Maior de Évora, em 2003. O Prof. Doutor Marcelo, à época já era um importantíssimo opinion maker nacional. A temática da pequena entrevista versava sobre “Que padre gostaria de encontrar?”. Marcelo respondeu amavelmente ao meu pedido. Enviou um fax com um texto manuscrito, no qual respondia a três perguntas que lhe foram feitas por mim.
Lembro-me da dificuldade que foi perceber a sua letra e transcrever o texto para formato digital o texto que estava manuscrito. Não me recordo do conteúdo exato, mas lembro-me da sinceridade e transparência na análise do Prof. Doutor Marcelo à função essencial de um presbítero nos tempos modernos. Recordo, ainda, que houve surpresa geral no Seminário Maior de Évora pelo facto de tão ilustre português tem respondido a um pedido de um mero e simples jovem seminarista de uma diocese periférica deste país.
Tenho a ideia que o Prof. Doutor Marcelo é genuinamente próximo das pessoas. Tive o prazer de o conhecer pessoalmente noutra ocasião e ele, para além, de ainda se recordar do meu pedido escrito, mostrou afavelmente essa proximidade. Parece-me que é precisamente esse tipo de proximidade institucional que se pretende no mundo de hoje, em todas as instâncias, sobretudo na Igreja Católica.
Dai que comparações com o Papa Francisco sejam normais, devido à personalidade semelhante de ambos. Não se trata do tratamento por “tu”. Acho que não é a passagem do tratamento de “senhor” para “tu” que significa proximidade. Na generalidade dos casos essa passagem é uma má influência da cultura britânica, que é muito diferente da nossa nesse âmbito. É, antes, o procurar a empatia, a busca do conhecimento do outro e dos seus problemas, colocá-lo no mesmo patamar de respeito e consideração, independentemente da sua formação, posses, função/profissão. Marcelo é próximo e cultiva a proximidade, ao abrir a sua casa a todos os portugueses. O Papa Francisco é próximo ao almoçar regularmente em Santa Marta, junto de homens e mulheres comuns. Nós temos que ser próximos e cultivar essa proximidade, tão própria de Jesus Cristo. É ela que gera o sentido de comunidade.