A mensagem do bispo do Algarve para o Natal deste ano convida a imitar a “decisão dos pastores, após o anúncio alegre dos anjos”.

“Tal como os pastores também nós somos convidados, mais uma vez, a percorrer idêntico caminho espiritual… para vermos também nós o que aconteceu… e nos encontrarmos com Jesus e a sua família, atraídos pela simplicidade e humildade d’Aquele que assume a nossa condição humana, mostrando-nos o quanto Deus nos quer bem. Nisto reside o essencial do Natal que, como cristãos, somos convidados a celebrar à luz da fé no mistério da encarnação de Jesus, Filho de Deus”, começa por escrever D. Manuel Quintas no texto inspirado numa passagem bíblica do evangelho de São Lucas (Lc 2,15s).

Na mensagem escrita e divulgada hoje, o prelado considera assim que a resolução dos pastores “constitui uma oportuna ajuda para a celebração e a vivência do Natal, na sua forma mais genuína”.

D. Manuel Quintas destaca também a importância da família de Nazaré como modelo para todas as outras, considerando que “continua a ser referência e fonte de conforto e inspiração para as famílias cristãs, na construção da doação mútua quotidiana dos seus membros, na fidelidade laboriosa de cada dia, no amparo constante e seguro perante as tribulações e os imprevistos, na generosa abertura às necessidades dos outros”.

O bispo diocesano refere que “a alegria do amor que se vive nas famílias” tem constituído para a Diocese do Algarve “motivo de júbilo, de inspiração e de empenho pastoral”. “Acreditamos, tendo presente também quanto celebramos nesta quadra festiva, que apesar dos numerosos sinais de crise no matrimónio, «o desejo de família permanece vivo», e isso nos incentiva sempre mais ao «anúncio cristão sobre a família» e a considerá-lo verdadeiramente como boa notícia”, desenvolve com base na exortação Amoris Laetitia (A alegria do amor) do papa Francisco.

D. Manuel Quintas sustenta que “o amor presente na família de Nazaré, reflexo do amor de Deus por toda a humanidade, acolhido e cultivado em cada família, é fonte de vida autêntica, que proporciona aos seus membros a capacidade de crescer como família e como pessoas e de colaborar na construção da grande família humana”.

O bispo diocesano acrescenta que a “contemplação da família de Nazaré” “desperta espontaneamente sentimentos de ternura e afeto”. “É a ternura de Deus, criador do universo, que se abaixa até à nossa pequenez e que fascina e atrai pelo dom da vida”, sustenta, referindo-se particularmente a Jesus. “Em Jesus o Pai deu-nos um irmão que nos procura, quando desorientados e sem rumo, e um amigo fiel que caminha sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho que perdoa e nos ergue, quando prostrados pelas nossas fragilidades”, escreve numa referência à recente a carta apostólica do papa Admirabile Signum (sinal admirável), sobre o significado e valor do presépio.

D. Manuel Quintas realça ainda que “só Jesus Cristo enche o coração e a vida de alegria, de quantos se encontram com Ele”, “alegria que se renova e comunica, capaz de vencer a tristeza provocada por atitudes mesquinhas e comodistas, de vidas fechadas aos outros e sem lugar para os mais pobres”, acrescentando que “o espírito que caracteriza esta quadra faz emergir os sentimentos mais nobres do ser humano, mesmo entre não crentes, em relação ao seu semelhante, sentimentos mobilizadores de iniciativas e gestos altruístas, que exprimem a dimensão solidária e fraterna, que deveria caracterizar, habitualmente e ao longo de todo o ano, as relações humanas e a vida em sociedade”.

“Que o louvor e a alegria dos pastores, após o encontro com Jesus, no regresso à sua vida diária, possa ser a nossa alegria neste Natal e ao longo do novo ano que vamos iniciar”, conclui.

 

MENSAGEM DE NATAL

“Vamos a Belém para vermos o que aconteceu… e encontraram Maria, José e o Menino” (Lc 2,15s).

A decisão dos pastores, após o anúncio alegre dos anjos, constitui uma oportuna ajuda para a celebração e a vivência do Natal, na sua forma mais genuína. Tal como os pastores também nós somos convidados, mais uma vez, a percorrer idêntico caminho espiritual… para vermos também nós o que aconteceu… e nos encontrarmos com Jesus e a sua família, atraídos pela simplicidade e humildade d’Aquele que assume a nossa condição humana, mostrando-nos o quanto Deus nos quer bem.

Nisto reside o essencial do Natal que, como cristãos, somos convidados a celebrar à luz da fé no mistério da encarnação de Jesus, Filho de Deus.

Foi no seio duma família que o Menino-Deus assumiu a nossa humanidade: uma família que viveu de modo anónimo numa terra pequena e desconhecida; provada pela pobreza, pela perseguição e pelo exílio; que viveu totalmente para Deus e para o seu Filho. A família de Nazaré que continua a ser referência e fonte de conforto e inspiração para as famílias cristãs, na construção da doação mútua quotidiana dos seus membros, na fidelidade laboriosa de cada dia, no amparo constante e seguro perante as tribulações e os imprevistos, na generosa abertura às necessidades dos outros.

“A alegria do amor que se vive nas famílias” tem constituído para nós, Diocese do Algarve, motivo de júbilo, de inspiração e de empenho pastoral. Acreditamos, tendo presente também quanto celebramos nesta quadra festiva, que apesar dos numerosos sinais de crise no matrimónio, “o desejo de família permanece vivo”, e isso nos incentiva sempre mais ao “anúncio cristão sobre a família” e a considerá-lo verdadeiramente como boa notícia (cf. AL 1).

O amor presente na família de Nazaré, reflexo do amor de Deus por toda a humanidade, acolhido e cultivado em cada família, é fonte de vida autêntica, que proporciona aos seus membros a capacidade de crescer como família e como pessoas e de colaborar na construção da grande família humana.

A contemplação da família de Nazaré, tal como a contemplação duma mãe que aconchega o seu filho recém-nascido, desperta espontaneamente sentimentos de ternura e afeto. É a ternura de Deus, criador do universo, que se abaixa até à nossa pequenez e que fascina e atrai pelo dom da vida. Em Jesus o Pai deu-nos um irmão que nos procura, quando desorientados e sem rumo, e um amigo fiel que caminha sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho que perdoa e nos ergue, quando prostrados pelas nossas fragilidades (cf Papa Francisco, Admirável Sinal 3).

O espírito que caracteriza esta quadra faz emergir os sentimentos mais nobres do ser humano, mesmo entre não crentes, em relação ao seu semelhante, sentimentos mobilizadores de iniciativas e gestos altruístas, que exprimem a dimensão solidária e fraterna, que deveria caracterizar, habitualmente e ao longo de todo o ano, as relações humanas e a vida em sociedade.

Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto (Lc 2,20).

Só Jesus Cristo enche o coração e a vida de alegria, de quantos se encontram com Ele. Alegria que se renova e comunica, capaz de vencer a tristeza provocada por atitudes mesquinhas e comodistas, de vidas fechadas aos outros e sem lugar para os mais pobres.

Que o louvor e a alegria dos pastores, após o encontro com Jesus, no regresso à sua vida diária, possa ser a nossa alegria neste Natal e ao longo do novo ano que vamos iniciar.

† Manuel Quintas, Bispo do Algarve
19.12.2019