A Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL) trouxe de volta a ‘Missão País’ à paróquia de Boliqueime neste segundo ano com 58 voluntários, mais 16 do que no ano passado.

Os missionários e o padre que os acompanha voltaram a ficar alojados no edifício sede do Agrupamento local do Corpo Nacional de Escutas, diante da igreja matriz.


Para além da ESEL, os estudantes são oriundos de várias outras faculdades do país. Margarida Espanadeira, a chefe geral deste ano juntamente com Pedro Duarte, explicou ao Folha do Domingo que “muitos” estão a realizar a experiência pela primeira vez, mas outros tantos já participam na ‘Missão País’ “há alguns anos”.


Aquela responsável contou também que vários elementos pertencem a movimentos católicos como os Jovens de Schoenstatt, as Equipas Jovens de Nossa Senhora, o Movimento ‘Comunhão e Libertação’, o Caminho Neocatecumenal ou o Movimento dos Convívios Fraternos. “São essas realidades que também vão dando caminho a estas pessoas”, acrescentou.



Margarida Espanadeira complementa que o grupo de missionários é constituído também por “alguns que foram-se perdendo ou foram perdendo o amor à Igreja, outros ateus ou agnósticos” e que dali sairão, certamente, com os “corações mudados”. Mas ao constatar as realidades diferentes daquelas pessoas, a chefe geral destaca o que diz ser o mais importante: “somos todos iguais, todos irmãos em Cristo”.



Agora que a semana iniciada no passado dia 18 de fevereiro se aproxima do fim, aquela voluntária diz ser possível já fazer um “balanço muito positivo”. Margarida realça o testemunho que os jovens têm trazido a “pessoas que estão mais sozinhas e que precisam de ajuda”. “Mais do que uma transformação em Boliqueime, que haja uma transformação interior e do coração de cada um, através do amor e do testemunho que cada um dá de Jesus”, deseja.


Esta manhã, na Eucaristia realizada no lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime e que incluiu o sacramento da Unção, o sacerdote que acompanha os missionários destacava essa mesma dimensão. “O que é que estes jovens estiveram aqui a fazer esta semana? A acompanhar-vos”, resumia o padre Miguel Ângelo Ferreira.


Em declarações ao Folha do Domingo, o sacerdote acrescentou que os estudantes também vêm à “busca de algum sentido para a vida que passa pelos outros”, caso contrário “ficariam nas suas casas”. O pároco de Pontével, Valada, Vale da Pedra e Lapa na Diocese de Santarém, que é também o responsável pelo Pré-seminário, considera igualmente que quem decide participar numa ‘Missão País’ está já num processo de “abertura” e “procura” de Deus. “Interrogam-se e procuram-no. Já não há uma negação”, complementa.


“Há aqui algo que é íntimo, um aprofundamento que eles fazem de Deus e desta realidade a que Deus nos chama, a de nos amarmos”, desenvolve o padre Miguel Ângelo. Acrescentando que a experiência encerra “aprofundamentos e pequenas transformações”, refere concretamente a dimensão do “compromisso, mas também a da atenção ao outro”. Nesse sentido, garante que os universitários “saem diferentes ou a ver diferenças que têm a fazer na sua vida”.


Outra dimensão que dizem estar a marcar este ano a ‘Missão País’ é a da realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) pela primeira vez em Portugal no próximo verão. “As jornadas marcam muito a ´Missão País’ e a ‘Missão País’ marca muito as jornadas, em primeiro lugar porque as jornadas precisam de muitos voluntários”, refere Margarida Espanadeira, acrescentando que a inter-relação entre os dois eventos tem permitido dar a conhecer aos missionários aquele que “vai ser o maior encontro de jovens com o Papa em Portugal”.



O padre Miguel Ângelo complementa que alguns dos missionários de Boliqueime estão na organização da JMJ. “Uma boa percentagem deles é de Lisboa e estão muito envolvidos na preparação da jornada, até a nível central”, refere. O lema da ‘Missão País’ este ano, em ligação com a JMJ, é ‘Alegra-te, Ele está contigo!’.


A ‘Missão País’ em Boliqueime tem estado muito centrada no trabalho com crianças e idosos na Santa Casa da Misericórdia, mas também no Centro Social e Comunitário Vale Silves, sobretudo ao nível do trabalho com as crianças. Para além disso, o apoio social tem sido disponibilizado também através de uma das comunidades dos voluntários que tem estado envolvida na recuperação da habitação de uma pessoa carenciada e nas visitas ao domicílio.

A ‘Missão País’ é uma iniciativa universitária que começou com estudantes ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, com 20 jovens, em 2003, e que se organiza e desenvolve a partir de várias faculdades de Portugal. Nela participam jovens de todos os credos e também quem não professa nenhuma religião. São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação” e o terceiro no “envio”.