O movimento Slow Food está a promover um programa de educação alimentar centrado na dieta mediterrânica junto de alunos de escolas de Loulé, disse à Lusa a líder do núcleo algarvio daquele movimento.
Lançado há um ano, o programa “Educação do gosto” começou por abranger apenas as crianças do 1.º ciclo, mas foi depois alargado aos diferentes níveis de escolaridade, desde o pré-escolar até ao terceiro ciclo.
De acordo com Otília Eusébio, do Slow Food Algarve, o programa, que está a ser desenvolvido em articulação com o projeto “Educação para a Saúde”, visa treinar os sentidos e a perceção dos alunos relativamente aos alimentos.
“Os nossos jovens estão a perder a noção do que significa comer, assim como a sua ligação com a região em que habitam e o relacionamento com a sazonalidade”, observou, acrescentando que o projeto vai para além da questão da saúde.
As atividades promovidas pelo movimento Slow Food com os alunos em Loulé visam também ajudar a entender o alimento como uma parte importante da cultura nas diferentes sociedades, associado ao convívio e ao prazer.
“É fazer com que os jovens percebam os perigos que advêm do ‘fast food’ na nossa alimentação e da importância de preservar a nossa cozinha tradicional, no nosso caso específico a dieta mediterrânica, preservando também a biodiversidade”, prosseguiu.
O projeto está a ser desenvolvido no Agrupamento Escolar Padre João Cabanita, que inclui escolas da cidade de Loulé e de freguesias do interior, num total de 1.500 alunos.
Otília Eusébio explicou que o desenvolvimento do programa só tem sido possível porque existem muitos professores que conhecem o movimento e se voluntariam para organizar estas atividades extracurriculares.
Um dos projetos realizados no ano letivo anterior passou por desafiar os alunos de diferentes nacionalidades a descobrirem em casa quais as receitas e alimentos típicos dos seus países.
O movimento internacional Slow Food nasceu em 1986 em Itália e tem como objetivo preservar valores culturais, cívicos e ambientais. Foi um dos primeiros movimentos “slow” a surgir.
O conceito foi acolhido por muitos e acabou por originar o concelho das cidades “slow”, ou seja, as cidades do “bem viver”.
Tavira, São Brás de Alportel, Silves e Lagos foram as quatro primeiras cidades algarvias a fazerem parte do movimento.