Já todos sabemos que o Governo de José Sócrates aproveitou os dias da visita do Santo Padre a Portugal para anunciar uma série de aumentos de impostos, no IVA, no IRS e outros, quando ainda poucos dias antes tinha negado peremptoriamente no Parlamento qualquer aumento de impostos. É dos livros e foi Nicolau Maquiavel quem o ensinou aos políticos: "Faz o bem aos bocadinhos e o mal de uma só vez"!
É difícil acreditar, que quando poucos dias antes o Primeiro-Ministro negou categoricamente na Assembleia da República o aumento da carga fiscal, aliás num tom que parecia definitivo, já não soubesse da sua inevitabilidade, sob pena de termos de o considerar totalmente inconsciente, o que não parece ser o caso. Todos os especialistas apontavam nesse sentido e só por mera conveniência política, à espera de um qualquer pretexto que o justificasse ou momento mais oportuno, como foi o da visita do Papa, poderá explicar a negação obstinada.
Em 2009 também já existia a crise, nacional e internacional, aliás esta, já vem de 2007, porém, como estávamos em ano triplamente eleitoral, havia que abrir os cordões à bolsa e assim vivemos o ano sob o signo do despesismo e se já estávamos mal, pior ficámos. Agora, a crise continua e o desemprego aumenta para números nunca vistos, mas como já não estamos em ano eleitoral, já não é preciso apoiar os mais fracos, o que agora é preciso é aumentar os impostos, pois as finanças públicas não aguentam tantas tropelias.
Quando vemos um governante, como o Ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado, a propor que seja constitucionalmente consagrado um limite legal para o défice das finanças públicas, além do qual nenhum governo poderia ir, temos a confissão, bem intencionada é certo, de que os governos, este e os outros, o actual e os anteriores, governam sem se preocuparem com as suas limitações orçamentais, o que é preciso é mostrar serviço, especialmente quando a pressão eleitoral aperta, ainda que seja, para depois tirar com uma mão o que a outra deu!
Há cerca de dez anos, que vivemos com os governos a aumentar impostos e a lançar mão de medidas drásticas, sempre dizendo que depois virão dias melhores e afinal o que se seguem são sempre dias piores… e o País nunca mais endireita. Com tudo isto, têm razão os que dizem que são sempre os mesmos a pagar as crises.
Com o aumento dos impostos, das falências e do desemprego, vamos viver dias difíceis, com o acentuar de muitos problemas sociais, com muitas famílias em desespero para conseguir pagar as suas despesas mensais, o que vai exigir de todos uma vida mais frugal e simples, agora e no futuro. Independentemente dos erros de governação, e dos sinais e afirmações de optimismo exagerado que nos últimos anos nos foram sendo transmitidos, nos quais aliás, apenas acredita quem quer, a verdade é que não podemos continuar a viver numa espiral de consumismo, com base em expedientes de "engenharia financeira", com recurso ao uso e abuso dos cartões de crédito.
Temos de mudar de vida! Temos de começar a prestar mais atenção ao que dizem os líderes de opinião que não estão dependentes do mercado eleitoral, como o Papa, os Bispos e outros que não dependam dos favores dos eleitores, pois quem depende, nunca ou raramente diz a verdade, ou na melhor das hipóteses, quando a diz, tenta sempre "dourar a pílula". Na verdade, políticos como aqueles que nos governam, contribuem para desacreditar a política: Hoje afirmam uma coisa com toda a convicção, quase insultando quem deles discorda ou apenas pergunta, para poucos dias depois, às vezes horas, dizerem exactamente o seu contrário, com a mesma convicção e desfaçatez! Aliás, os últimos dias têm sido pródigos em contradições entre os governantes…
Tudo isto mostra que cada vez menos lhes devemos prestar atenção e acreditar neles.