Acompanhados pela imagem da Virgem milagrosa do colégio dos Jesuítas de Quito, se reuniu uma pequena multidão para celebrar a Eucaristia de encerramento do Congresso Eucarístico Internacional.
A grandeza do Senhor em nós foi hoje rezada e celebrada de forma alegre e esperançosa na “Statio Orbis”. Presidida pelo Cardeal Baltazar Enrique Porras Cardozo, Arcebispo Emérito de Caracas/Venezuela, legado do Papa, sintetizou numa frase o sentir de todos: chegamos ao final do Congresso Eucarístico Internacional cheios de testemunhos e de esperança para enchermos o mundo do ânimo que nasce da fé.
O Equador descobriu há 150 anos que “Eucaristia e Coração de Jesus” estão intimamente unidos porque para servir melhor o mundo contraditório em que vivemos, ferido por tantas dores, só poderemos encontrar a cura em Cristo. Aqui a Eucaristia está unida à devoção ao Coração de Jesus. São João Eudes uniu o Coração de Jesus à eucaristia quando disse que Jesus está sempre a pedir ao Pai por nós.
Da Eucaristia nasce a hospitalidade e por isso levamos connosco a mensagem libertadora de Jesus depois de estarmos mais perto do céu, nas alturas desta cidade, no centro do mundo!
E o que levamos daqui? – Devemos ser autênticos portadores do tema que nos congregou… Fraternidade para sarar o mundo: “Vós sois todos irmãos”. E no evangelho deste domingo, a pergunta de sempre: – quem é Jesus? Para uns é um estorvo, para outros o Messias Salvador. E para nós?
O mundo está ferido e nós não podemos deixar de saber onde está o nosso irmão ou como é que continuam a voltar desanimados para suas casas os novos discípulos de Emaús. Também hoje caminhamos na presença do Senhor mesmo quando o medo e o temor nos tentam levar a separar-nos do Senhor.
A fraternidade ajuda-nos a descobrir a diversidade dos desafios. Não podemos renunciar ao poder redentor de Jesus porque temos esperança na morte e ressurreição. Acreditamos profundamente na presença real do Senhor a partir dos símbolos do pão e do vinho.
Deste congresso só podem nascer apelos de misericórdia e de paz, onde os direitos e a solidariedade não são o acrescento mas sim um apelo a algo mais, e o algo mais é a fraternidade encarnada que nos faz acreditar no outro e olha-lo como irmão. A fraternidade é sinal da paternidade de Deus. Não nos esqueçamos que somos filhos de Deus.
Apesar das ideologias que nos roubam a liberdade exterior sabemos que quem vive com liberdade interior, é capaz de muito e de diferente. Não somos apenas seres humanos mas irmãos, por isso, não tiremos ninguém do nosso coração! Ninguém!
Quase sempre os pecados sociais acontecem quando abandonamos a fraternidade. A Eucaristia não é uma recordação é um acontecimento de salvação, daí que deva ter consequências na nossa vida! Somos mais de Jesus depois destes dias, por isso, a nossa missão é alimentar o nosso próximo com o que aqui recebemos. O desafio da humanidade e da solidariedade levará a uma profunda conversão do coração e das estruturas.
Também em Quito queremos cuidar a casa comum, com a consciência de que aqui ainda se devasta a natureza e se vivem sistematicamente alguns dramas habituais, entre outros, o drama do uso da água na Amazónia. O Equador oferece experiências dignas de reflexão e futuro, e consequentemente de esperança.
– Que viemos fazer a Quito?
Viemos descobrir, uma vez mais, que no mundo temos de ser construtores da esperança que não defrauda! Que assim seja mesmo!
É digno de nota o seguinte. No final da missa o arcebispo de Quito informou que como fruto do Congresso Eucarístico Internacional, na cidade serão fundados vários refeitórios sociais para as crianças e idosos mais carenciados, e que para isso precisa da ajuda de “todos, todos, todos”.
O olhar volta-se agora para Sydney. Até lá façamos caminho e deixemos que a Eucaristia tenha sempre o lugar que deve ter, o principal!
P. Pedro Manuel
Delegado Diocesano ao Congresso Eucarístico Internacional – Quito/Equador