O jovem leigo de Turim (Itália) que em 1990 foi beatificado pelo papa João Paulo II, Pier Giorgio Frassati (1901-1925), foi o herói da atividade que assinalou o Dia da III Secção do Corpo Nacional de Escutas (CNE) para Pioneiros e Marinheiros (elementos dos 14 aos 18 anos), respetivamente dos ramos terrestre e marítimo daquele movimento.
Realizada no passado fim de semana em Tavira, no Parque de Feiras e Exposições, aquela iniciativa, promovida pela Junta Regional do Algarve do CNE, através da sua Secretaria Pedagógica da III Secção em colaboração com o Agrupamento 100 de Tavira, teve início no sábado de manhã com a montagem do acampamento que não foi terminada devido à chuva forte.
Realizou-se então a cerimónia de abertura e à tarde os participantes de agrupamentos de todo o Algarve – cerca de 325 Pioneiros e Marinheiros e 60 dirigentes – mergulharam no imaginário proposto: o desafio de Pier Giorgio Frassati aos jovens escuteiros para uma caminhada com o objetivo de encontrar o “maior tesouro”.
Devido à intempérie, o raide preparado teve de ser cancelado, tendo os seus seis postos de paragem sido realizados no interior das tendas daquele Parque de Feiras e Exposições. Em cinco desses postos, Pioneiros e Marinheiros realizaram jogos de cooperação que procuraram ajudá-los a encontrar o verdadeiro tesouro.
“Em cada posto vão ser confrontados com falsos tesouros tais como poder, fama, abundância de comida e bebida, bens materiais e beleza exterior. A ideia é que no fim percebam que estes não são os verdadeiros tesouros, mas sim, a exemplo de Pier Giorgio Frassati, o que conseguimos dar ao outro. As nossas virtudes, postas ao serviço do outro, é que são o verdadeiro tesouro. Por isso é que vamos ter vários jogos de cooperação que valorizam o ajudar o outro, o puxar pelo outro, o motivar o outro ou o ensinar o outro”, explicou ao Folha do Domingo, a chefe Rita Pascoal, secretária regional pedagógica da III secção da Junta Regional do Algarve do CNE.
Aquela dirigente lembrou que o beato italiano foi uma das personalidades escolhidas pela Junta Central do CNE como modelo para este ano. O movimento destacou-o como “um jovem plenamente comprometido no serviço aos irmãos, tanto a assistência sócio-caritativa como no compromisso político, fortemente enraizado na oração e na vida espiritual; um amante das montanhas, da alegria fundada na amizade”. Frassati, designado por João Paulo II como o «homem das oito bem-aventuranças», distinguiu-se nas Conferências de São Vicente de Paulo e na Ação Católica, tendo-se dedicado desde muito novo a várias obras sociais, de caridade e religiosas.
“Sendo uma figura jovem e não muito conhecida, achámos que seria importante divulgá-la”, sustentou Rita Pascoal, acrescentando que o campo escutista foi dividido em vários subcampos, tendo sido atribuído uma das virtudes de Pier Giorgio Frassati a cada um.
No sábado à noite, após o jantar durante o qual se realizou um concurso de culinária, decorreu o Fogo de Conselho no interior de uma das tendas daquele Parque de Feiras e Exposições, onde tiveram de pernoitar. No decurso deste foram entregues inscrições de cada uma das bem-aventuranças e uma citação de Frassati enquadrada em cada uma daquelas propostas deixadas por Jesus.
No domingo de manhã, os membros de cada subcampo participaram em jogos de pistas (programados para a cidade de Tavira, mas que devido às condições meteorológicas também tiveram de fazer-se em campo) que os levaram em busca das bem-aventuranças. Os jogos visaram a obtenção de pontos de acesso a oito níveis correspondentes às bem-aventuranças, sendo que, pelo acesso a cada um desses níveis, os participantes receberam uma peça de um puzzle com a imagem da atividade – um baú com um coração no interior – que completaram durante a tarde de domingo.
De tarde foi também celebrada a eucaristia presidida pelo assistente regional do CNE, o padre Nelson Rodrigues – que teve como um dos momentos mais simbólicos a entrega, por parte dos representantes de cada subcampo, da virtude que lhes coube – e realizado o encerramento da atividade.
O CNE foi fundado no dia 27 de maio de 1923, por ação de D. Manuel Vieira de Matos, arcebispo de Braga, e está atualmente presente em todas as dioceses de Portugal, registando um efetivo de 73.000 associados (59.000 crianças e jovens e 14.000 adultos), sendo que no Algarve são cerca de 2.200 elementos pertencentes a 33 agrupamentos, com cerca de 450 Caminheiros e Companheiros no total.