O padre Domingos da Costa, sacerdote da Companhia de Jesus (jesuíta), lembrou no passado dia 2 de fevereiro aos restantes consagrados a trabalhar no Algarve que devem ser “cristóforos”, ou seja, “portadores de Jesus Cristo”.
O sacerdote retomou assim o neologismo criado pelo papa Francisco no contexto do Ano da Misericórdia (dezembro de 2015 a novembro de 2016) para exortar os sacerdotes, irmãos ou irmãs, pertencentes a um(a) instituto/congregação religioso(a) a serem sempre “portadores de Cristo como o foi Nossa Senhora quando foi visitar a sua prima Isabel”.
O padre Domingos da Costa, que abordou o tema “A Missão na Igreja de hoje” (desdobrado em “Ser cristão é ser missão – A missão da Igreja, hoje”) na reflexão que expôs no contexto da celebração do Dia do Consagrado que decorreu nas paróquias da Mexilhoeira Grande e de Nossa Senhora do Amparo de Portimão, lembrou aos religiosos que devem ser missionários “em toda a parte”. “Ser cristão é a nossa identidade”, frisou.
“Quando ser missionário? Sempre, em tudo o que fazemos, dizemos e pensamos. É a nossa identidade”, sustentou na reflexão que apresentou às 26 irmãs participantes este ano no Dia do Consagrado, pedindo-lhes que mantenham aquela caraterística. “Não percamos a nossa identidade, sejamos o que somos, não nos deixemos diluir na massa à nossa volta. [É necessário] sermos todos sempre e em toda a parte o que somos segundo a fé: sal da terra, sem nos deixarmos corromper pelo mundo e fermento sem nos deixarmos diluir na massa do indiferentismo e do relativismo”, apelou, pedindo-lhes que sejam missionárias, como “diz o papa, por contágio e por atração”.
“Qual será o princípio e fundamento da nossa vocação missionária? Antes de mais e de tudo, a fidelidade à nossa identidade cristã, uma vez que somos missionários pelo facto de sermos, a partir do batismo, enviados por Deus”, prosseguiu.
O sacerdote lembrou, por isso, às consagradas que a missão dos religiosos “não é vencer as trevas”, porque “só Deus as pode vencer”, “mas iluminá-las como testemunhas da luz de Cristo, a partir de uma vida semelhante à d’Ele”. “Ser missionário é evangelizar, anunciar o evangelho. Evangelizar é anunciar Jesus Cristo e, mais do que isso, é ser outro Cristo. Pelo batismo tornámo-nos cristãos. Ser cristão é ser outro Cristo, logo, a nossa missão é a d’Ele”, desenvolveu.
Lembrando que “a missão de Cristo foi revelar aos homens o amor com que Deus o amou porque Deus é amor”, o orador destacou às consagradas que essa missão passa “não apenas por palavras, mas pelo testemunho de vida, a partir da vida de Cristo”. “Para vivermos cristãmente como Jesus Cristo e para o anunciar como amor e como luz temos de o fazer sempre a partir das fontes, a partir de Jesus Cristo e do seu evangelho e da vida dos primeiros cristãos”, afirmou. “Sejamos sobretudo uma boa notícia, uma boa nova, a exemplo de Jesus”, pediu.
O padre Domingos da Costa pediu-lhes que não tenham medo de sair em missão ao encontro de “uma outra paróquia, uma outra diocese, um outro país” para sentirem são “chamados por vocação” a serem “universais”. “Ou seja, a termos responsabilidade não só sobre a nossa comunidade, mas sobre o mundo inteiro”, explicou.
O sacerdote jesuíta considerou ainda que as dimensões “fundamentais” nas quais deve assentar o trabalho missionário dos consagrados são o “encontro pessoal com Jesus Cristo”, através da oração e a “formação bíblica e catequética”.
O padre Domingos da Costa disse, por fim, às religiosas que os consagrados são “o coração da Igreja”. “Nós escolhemos a melhor parte. Se olharmos para a história da Igreja sempre foram os religiosos a dar-se conta, não só do que fazia e faz falta como da solução”, destacou, evocando o trabalho daqueles agentes na “área do ensino”, da “cura”, da “evangelização ad gentes”, da “ação sociocaritativa” e da “contemplação e espiritualidade”.