O padre Samuel Camacho, de 27 anos, ordenado no passado dia 23 de janeiro pelo bispo do Algarve, regressou ontem ao final da tarde à sua comunidade para celebrar a sua ‘Missa Nova’.
A igreja matriz de São Pedro de Faro encheu-se com todos os que quiseram estar presentes na primeira celebração da Eucaristia do recém-ordenado sacerdote, oriundo daquela paróquia. A transmissão foi partilhada também em direto nas redes sociais da comunidade.
O bispo do Algarve, que fez questão de marcar presença no início da eucaristia, quis manifestar a sua “alegria” e a da diocese e lembrou “o dom” que o novo padre constitui para a Igreja diocesana. “Obrigado a ele, em primeiro lugar, porque soube dizer que sim, porque não teve medo”, afirmou D. Manuel Quintas acrescentando que “quando Deus chama, dá a cada um o que cada um precisa para responder”.
“Caros jovens, não tenhais medo quando Deus vos chama. Mesmo que vos julgueis incapacitados de receber esse dom e de lhe corresponder, se Ele chama, Ele dá o que cada um precisa para poder responder com fidelidade a esse chamamento”, disse aos jovens presentes, sublinhando que “Deus não chama os capacitados, mas capacita os que chama”. “Gostaria que estas ‘Missas Novas’ fossem um apelo muito grande a confiarmos em Deus. Cada ordenação é sempre a prova de que Deus está connosco e não nos abandona, apesar das nossas dificuldades”, sustentou D. Manuel Quintas.
O bispo do Algarve agradeceu ainda aos pais do padre Samuel Camacho e à paróquia de São Pedro de Faro, lembrando ter sido a comunidade onde o novo sacerdote “cresceu na fé, que o apoiou, acompanhou e rezou por ele, vi-o crescer fisicamente e também espiritualmente”. “Quando ele decidiu entrar no Seminário, certamente que teve o apoio da vossa oração, da vossa estima, da vossa proximidade. Vossa e dos párocos que por aqui passaram nos últimos anos”, complementou, pedindo que continuem “a rezar por ele porque ele precisa” e por todos os sacerdotes. “Não termina aqui a vossa missão. Começa uma outra missão, porque nós todos precisamos de ser fiéis a este chamamento que o Senhor nos faz”, afirmou.
Ao padre Samuel Camacho pediu-lhe que reze também pela Igreja algarvia, “sobretudo para que nela possam surgir vocações”.
O novo sacerdote reconheceu estar “muito feliz” por celebrar na sua “casa”. “Esta comunidade de São Pedro quis acolher-me como mais um filho e, gerando em mim a fé, fez-me olhar para a minha história com amor. Nesta comunidade descobri a beleza do perdão, a beleza do sacerdócio e a maravilha da Eucaristia. Mais tarde nasce em mim este desejo de transmitir o que recebi no serviço. É na minha comunidade que eu sou chamado a descobrir Cristo no outro e o que Ele quer de mim”, recordou, considerando que “a oferta de um dos seus filhos para o ministério sacerdotal é um grande sinal de crescimento, maturidade e fecundidade no Espírito Santo” de uma paróquia.
“O Senhor, que é santo, quer precisar da minha fragilidade, desafiando-me a superar os meus próprios limites e a ser mais: a ser o seu rosto. Aquilo que hoje vivo, as minhas fragilidades e o dom que Ele me deu fazem-me olhar para o passado como uma bela história de amizade com Deus. Ele sempre desejou tratar-me como filho muito amado e eu nem sempre conheci o seu amor, mas o seu projeto de fidelidade foi maior e a bondade do seu perdão cativou-me”, prosseguiu.
O padre Samuel Camacho traçou então uma linha orientadora para o seu ministério que poderia ser simultaneamente entendida como conselho a qualquer cristão. “Enviado ao mundo por Deus, eu não posso levar projetos pessoais ou ideias feitas, pois é a novidade da Palavra e a autoridade do testemunho que deve guiar a minha vida. Estar sempre pronto para uma nova missão traz-me maior conforto porque tudo procede do Pai e não de mim”, afirmou.
“É fundamental que não fique preso nas minhas capacidades, mas deixe entrar Cristo na minha barca, ir com Ele até aos confins do mundo. Somos todos convidados a entrar nas barcas de muitas vidas e com maior desafio nós, padres, não podemos passar ao lado do sofrimento e da angústia, mas temos de entrar nas vidas sofridas, escutar as suas dores e resgatar os mergulhados no pecado, dar-lhes um porto seguro: Jesus Cristo”, continuou.
O sacerdote alertou ainda para o perigo do comodismo. “Não posso ficar acomodado às funções do meu ministério e da minha ação. Sou chamado a trabalhar com todos porque pelo batismo participamos todos de igual modo na missão de Cristo, em comunhão com os irmãos”, referiu, acrescentando que Deus, “na sua compaixão e misericórdia”, “continua a chamar tantos homens para o ministério ordenado”. “Não fiques indiferente se Deus te chamar. Os planos de Deus nunca falham e mesmo que não compreendas ou te traga angústia fica a saber que nada se pode comparar à felicidade da eternidade e às promessas que o Senhor nos faz. A tua comunidade necessita de ti e é pela tua entrega que esta vive e cresce”, pediu aos jovens presentes. “Aos que já fazem algum serviço peço-vos que não se acomodem, mas ofereçam a vossa vida se Deus vos pedir uma maior entrega”, apelou ainda.
Por fim, agradeceu à família, aos párocos, catequistas, formadores, seminários, colegas e comunidades paroquiais por onde passou.
No final, acompanhado pelos pais, realizou a consagração da sua vida e do seu ministério a Maria.
Depois da Eucaristia realizou-se um jantar de confraternização na Escola Secundária Pinheiro e Rosa, levado a cabo pelos alunos dos cursos profissionais técnicos de Cozinha e Pastelaria; de Restaurante/Bar; e de Organização de Eventos do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa.