"É preciso voltar ao coração do problema, voltar ao significado da pessoa humana", declarou o Papa, referindo-se aos confrontos dos últimos dias em Rosarno, Calábria.

Na recitação do Angelus, na Praça de São Pedro, Bento XVI sublinhou que “um imigrante é um ser humano, diferente por causa da sua procedência, da sua cultura e suas tradições, mas é uma pessoa que tem de ser respeitada e que tem direitos e deveres", disse Bento XVI.

"A violência nunca deve ser, para ninguém, a maneira de resolver as dificuldades. O problema é de ordem humana e convido cada um a olhar para o rosto do próximo e descobrir a sua alma, a sua história e a sua vida pensando: é um homem, e Deus ama-o como me ama", indicou.

Os confrontos em Rosarno aconteceram após uma manifestação, na noite de Quinta-feira, de várias centenas de trabalhadores agrícolas imigrantes – na sua maioria ilegais -, que protestavam contra a agressão sofrida por vários deles.

A intervenção do Papa aconteceu após uma reflexão sobre a importância do bapstismo e o “modelo de sociedade” que dele deriva.

“Como cristãos, graças ao Espírito Santo recebido no Baptismo, cabe-nos em sorte o dom e o empenho de viver como filhos de Deus e como irmãos, para ser fermento de uma humanidade nova, solidária e rica de paz e de esperança”, apontou.

O Papa lembrou ainda o fenómeno da violência contra os cristãos, que se está a verificar em muitas partes do mundo, em especial conta a comunidade copta do Egipto, que celebrava o Natal.

“A violência contra os cristãos nalguns países suscitou o desdém de muitos, também porque se manifestou nos dias mais sagrados da tradição cristã. É necessário que as instituições tanto políticas como religiosas não fujam às suas responsabilidades. Não pode haver violência em nome de Deus, nem se pode pensar em honrá-lo ofendendo a dignidade e a liberdade dos semelhantes”, afirmou.