Para além de outros apoios sociais, a paróquia de São Pedro de Faro tem também a funcionar há alguns anos, ao domingo à noite, um refeitório social para servir jantares apenas naquele dia por forma a suprir a ausência de fornecimento das restantes instituições da cidade.

Mariana Piteira Santos, responsável da Pastoral Sócio-caritativa daquela paróquia, explicou à FOLHA DO DOMINGO que a ideia de iniciar aquele apoio começou a ganhar corpo quando se constatou que a Santa Casa da Misericórdia não servia almoços naquele dia. Hoje, com as diversas instituições da capital algarvia coordenadas entre si para que todos os dias da semana sejam assegurados, aquele serviço ao domingo continua a fazer sentido por não haver mais nenhuma organização que o faça. “As pessoas vão um dia a um lado e outro dia a outro e, ao domingo, dá-lhes muito jeito vir aqui”, conta.

A funcionar no salão paroquial da São Pedro, o refeitório social fornece o jantar de domingo a cerca de 50 pessoas mas “quase todos levam para casa” um suplemento num ambiente de grande descrição. “A nossa dificuldade é prever a quantidade porque, às vezes, o número é maior do que nós prevíamos. Mas, normalmente, tem dado para que todos levem para casa”, testemunha, acrescentando que “alguns jovens comem 4 ou 5 tigelas de sopa”.

Mariana Piteira Santos testemunha que “a maioria dos beneficiários são pessoas que perderam o emprego”, embora também haja alguns toxicodependentes, pedintes, alcoólicos e sem-abrigo, muitos dos quais estrangeiros, oriundos de toda a cidade e dos arredores que “passam palavra uns aos outros”.

O serviço, que funciona sensivelmente das 19 às 20h, é sempre composto pelo fornecimento de uma sopa com carne, pão, fruta e sumo e realizado por seis equipas, de 3 ou 4 voluntários cada, que asseguram cada domingo segundo uma escala organizativa. “Reunimo-nos todos os meses e fazemos uma escala para mês e meio”, explica a responsável, garantindo que este ano irão ainda promover um jantar no dia de Natal. No dia de Ano Novo também será fornecida a refeição.

No dia 18 deste mês, será ainda realizada a tradicional refeição natalícia, na Escola EB 1 nº 2 do Carmo, que desta vez será fornecida ao almoço e reforçada para que os beneficiários possam também levar para casa.

As refeições dominicais são confecionadas pelos próprios voluntários nas suas casas, com alimentos doados por si, e trazidas depois para o salão que é limpo e arrumado após o jantar porque no dia seguinte tem de estar operacional para grupos de catequese e outros encontros.

No entanto, há outras formas complementares de ajuda. Maria Piteira Santos refere que há também colaboradores que pagam uma quota para ajudar na aquisição de alimentos e que há cada vez mais pessoas a querer colaborar. “Um grupo de professoras da Escola EB 2.3 Dr. Joaquim Magalhães teve conhecimento desta iniciativa e, não só se ofereceram, como mobilizaram os alunos e os pais. Asseguraram vários domingos e já temos cinco domingos, no princípio do próximo ano, que serão assegurados por eles”, testemunha, adiantando que há também voluntários da paróquia que não fazem parte da Pastoral Sócio-caritativa.

“As pessoas que colaboram manifestam muita satisfação. Eu própria recebo mais deles do que dou”, testemunha, considerando que “o grupo está a funcionar muito bem e é de uma grande generosidade”.

A paróquia de São Pedro apresenta anualmente uma candidatura ao PCAAC – Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados e duas ao Banco Alimentar contra a Fome para apoio de 330 famílias. “Todos os meses fornecemos a relação das famílias que apoiamos e duas ou três vezes por ano somos controlados e inspecionadas as nossas instalações”, conta Mariana Piteira Santos.

 

Samuel Mendonça