A paróquia e a freguesia de Salir celebraram ontem em festa os 50 anos de serviço do padre Fernando Pedro como seu pároco.
As comemorações tiveram início de manhã com a Eucaristia celebrada no Barranco do Velho, seguindo-se um encontro com o grupo da catequese de Salir e a Eucaristia, presidida pelo bispo do Algarve na igreja matriz ao final da manhã.
D. Manuel Quintas realçou a intenção de “ação de graças a Deus”, “com o coração em festa”, pelo “dom do serviço paroquial e pastoral e do ministério” do sacerdote naquela paróquia. “Tantos dons de Deus, tantas expressões de fé. Por tantas coisas que só o padre Fernando e Deus sabem, deixemos que do nosso coração brote este hino de louvor e de ação de graças a Deus, nosso Pai”, referiu.
“É muito importante exprimirmos, também desta maneira, o apreço que nutrimos pelos nossos párocos e eu, como bispo, tenho obrigação de fomentar esse apreço nas nossas comunidades paroquiais”, prosseguiu.
O padre Fernando Pedro, que assumiu aquela paróquia a 29 de setembro de 1972, começou por “dar graças a Deus” por o “ter convidado por meio do bispo de então” para aquela missão. “Ele me escolheu sem que eu tivesse qualquer mérito para tal. E foi neste «vaso de barro» que ele colocou o «tesouro» de ser sacerdote, de ser pároco de Salir. Não penseis que este «vaso de barro» não caiu. Caiu e «partiu-se» muitas vezes. Mas, graças à misericórdia de Deus, foi «colado e agrafado»”, metaforizou o sacerdote, acrescentando que aquele “«vaso» está velho, um pouco cansado com «agrafos» no corpo e na alma, mas cheio de vontade de viver, de amor à Igreja, de lutar, de dar a vida por Jesus”.
“Todos os dias vou redescobrindo o que é ser padre e ser pastor. E quando morrer, tenho a certeza de que não cheguei a descobrir e muito menos cheguei ao cume do que é ser padre como Jesus quis que eu tivesse sido. Uma coisa eu sei: nunca me envergonhei de falar e de dar testemunho de Jesus Cristo”, assegurou.
O aniversariante agradeceu ainda ao povo de Salir “por tudo” o que lhe tem dado. “A alegria com que me acolhestes, o bem-estar que quiseste que tivesse, a vossa simpatia e, sobretudo, a vossa amizade. Agradeço às famílias que me acolheram como se de um membro biológico se tratasse”, especificou.
O padre Fernando Pedro lembrou que o seu “primeiro objetivo” naquela paróquia “foi a catequese das crianças” e que uma das suas preocupações foi a manutenção do património. “Uma das primeiras coisas que me ocuparam logo que cheguei, e durante muitos anos, até há bem pouco tempo, foi a restauração e aumento do património da paróquia, nomeadamente o restauro da capela de Nossa Senhora do Pé da Cruz. Foi a primeira obra. Depois, a construção dos bancos da igreja e da capela. Depois, a construção do salão paroquial e anexos, a eletrificação dos sinos”, enumerou.
O sacerdote lembrou que “em 1995, a igreja ardeu” depois de lá ter sido “gasto muito dinheiro no restauro do telhado e no teto de madeira”. “Com o incêndio foi outro restauro muito dispendioso”, acrescentou. Por último, recordou o restauro da casa paroquial e agradeceu à Câmara de Loulé pela contribuição “que deu e continua a dar” à paróquia.
“Ao longo destes 50 anos fiz muita coisa errada no vosso ponto de vista, mas certa porque as normas eclesiásticas de então assim o ordenavam e eu limitava-me (e limito-me) a cumpri-las, não pondo de parte a caridade pastoral que me tem norteado desde sempre”, disse, agradecendo a todos os que o têm ajudado, “quer no apostolado, os catequistas; na liturgia, os cantores, os leitores e os ministros da comunhão e a irmandade do Santíssimo Sacramento”, não esquecendo os que trabalham “na limpeza da igreja e da capela, nas festas, na gestão do dinheiro” e noutras áreas.
O aniversariante lembrou ainda as “festas que se faziam anualmente, os chamados dias da comunidade, também chamadas festas da fé” que “tinham a finalidade de fazer crescer a Igreja em Salir como experiência de comunhão para edificar uma paróquia que fosse comunidade de fé, esperança, fraternidade e amor e que fosse anúncio e proposta de salvação para todos”. “Consegui? Cada um é que sabe, mas a meu ver ainda estamos muito longe disso”, considerou, pedindo aos paroquianos que deixem “libertar o Espírito Santo” que disse estar dentro de cada um.
“Tudo o que sou, devo à Igreja. A Igreja foi e será para mim a minha vida. Contem comigo a qualquer hora do dia e da noite. Estou aqui, como sempre estive, para servir. Após estes 50 anos, posso dizer, como refere o evangelho de hoje: «sou um servo inútil, apenas fiz o que devia fazer»”, referiu ainda o sacerdote, que professou de viva voz o seu amor por aquela comunidade: “eu amo-vos”.
Depois da Eucaristia, seguiu-se o almoço comemorativo na escola local, onde o sacerdote foi homenageado pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia que promoveu a refeição e a tarde cultural com atuação da fadista Filipa Nobre.