
Os religiosos das congregações e institutos de vida consagrada a trabalhar no Algarve foram desafiados na última sexta-feira a celebrar este tempo da Páscoa, fazendo da sua vida uma “primavera onde tudo renasce”.
“Celebrar a Páscoa é abrir-nos à presença viva e vivificante de Cristo, é acolher os dons que Ele nos oferece”, afirmou o frei Paulo Ferreira, sacerdote franciscano, que orientou a reflexão do encontro promovido pelo Secretariado Regional do Algarve da CIRP – Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, que teve lugar na Casa de Nossa Senhora da Conceição, em Portimão.

Lembrando que “a cruz é sinal de esperança e de vida nova”, o sacerdote, que refletiu sobre a ressurreição na vida consagrada, aludiu aos “frutos que se colhem da própria cruz do Senhor ressuscitado”. “Participar na vida nova, na qual o Senhor nos introduz com o mistério da sua morte e ressurreição, é renovarmo-nos na esperança de transmitir com as nossas próprias vidas uma mensagem de alegria e partilharmos no mundo a salvação e sermos testemunhas do Senhor ressuscitado. A cruz «florescida» da Páscoa estimula-nos a suportar com ânimo e firmeza as dificuldades e sofrimentos da vida, com a certeza de saber que Cristo morreu na cruz para que nenhum sofrimento fique no esquecimento e nenhuma cruz fique por redimir”, sustentou.
“Celebrar a Páscoa é renovar-nos na esperança e avivar a chama do amor divino escondida no nosso interior”, acrescentou, exortando os cerca de 40 consagrados presentes a “avivar” aquela “chama” para aprenderem a fazer da sua “vida peregrina” um “longo dia de festa”.
Neste sentido, o orador disse ser “importante” que os religiosos dediquem um “tempo especial” para se encontrarem com Jesus e consigo próprios para ver em que medida a sua “pobre realidade está iluminada por Ele e pela sua palavra de vida”. “Conhecer a Deus sem conhecer a nossa miséria, pode levar-nos à ilusão. Mas também conhecer a nossa miséria sem fazer a experiência de Cristo redentor, leva normalmente à depressão”, advertiu.
O frei Paulo Ferreira aludiu à liturgia pascal e ao significado dos símbolos pascais para a vida consagrada “como lugares de encontro de Cristo ressuscitado”. “Os símbolos pascais devem ajudar-nos a unir as nossas vidas com a nova vida da Páscoa”, sustentou.

Neste sentido, destacou que “a vida consagrada é «luz», vida nova e alegria partilhada”. “Se a vida consagrada não projeta isto, não é vida consagrada”, alertou, sustentando que os consagrados são “chamados a ser «luz» e a viver como filhos da luz”, entregando a sua vida com Cristo e consumindo-se numa “atitude de sacrifício e oferenda para que outros tenham vida e cheguem a conhecer a salvação”.
Por outro lado, considerou que o consagrado é “«água» que sacia, que purifica, que vivifica”, e que pode e deve ser “«pão» de amor e reconciliação para os outros, “não apenas um «pão» que mata a fome, mas um «pão» que provoca o encontro” e que “faz sentar à mesma mesa”. “Devemos ser «vinho» de alegria e esperança para os outros”, complementou, alertando que “um religioso que não se sinta alegre, está a perder a vocação”.
Lembrando que Jesus ressuscitado “está nas coisas simples”, o orador evidenciou aos religiosos que em primeiro lugar o podem encontrar na comunidade. “A comunhão fraterna é o espaço teologal no qual se pode experimentar a presença do Senhor ressuscitado. Neste Cristo, vivo e presente no meio de nós, devemos encontrar-nos cada dia como religiosos para deixar que Ele vivifique e transforme as nossas vidas”, afirmou.
O frei Paulo Ferreira prosseguiu, considerando que o ressuscitado pode ser encontrado “na caridade e no serviço, especialmente com os irmãos mais pequenos e necessitados de amor e compaixão”. “Em cada gesto de amor e serviço aos outros, Cristo ressuscitado sai ao nosso encontro e assim mostramos ao mundo que Ele continua vivo e continua a amar, através de nós, os demais”, sublinhou, lembrando que Jesus está ainda presente na “palavra” e na “celebração da eucaristia”.
Destacando que “a ressurreição não é uma teoria”, mas “um facto” e que foi esse facto que “provocou que homens e mulheres oferecessem e testemunhassem com a vida a experiência de Jesus ressuscitado”, o orador evidenciou que a vida dos consagrados “é o anúncio explícito da ressurreição de Cristo”.

O encontro de reflexão pascal dos consagrados algarvios contou ainda com a eleição do novo secretariado regional da CIRP para o triénio de 2014/2017, tendo sido eleita a irmã Maria da Glória Pinto como presidente, a irmã Maria Gorete Pereira, como secretária, a irmã Rosa Larisma, como tesoureira e o frei Paulo Ferreira, como vogal.
Na jornada, que terminou com celebração da eucaristia, a irmã Maria da Glória Pinto exortou ainda à vivência da vida consagrada com paixão e esperança no futuro, não obstante a diminuição do número de vocações com que se deparam os institutos e as congregações religiosas.
Neste ano pastoral 2013/2014 existem no Algarve 21 comunidades religiosas constituídas por 86 consagrados.