As famílias das paróquias que constituem a vigararia de Loulé peregrinaram no passado sábado a Albufeira.
Com cerca de 230 participantes, oriundos das paróquias de Albufeira, Armação de Pêra, Boliqueime, Ferreiras, Loulé, Paderne e Silves, a peregrinação teve início na ermida de Nossa Senhora da Orada, com a oração pelas famílias presidida pelo pároco local.
O padre Flávio Martins destacou a iniciativa como um “tempo de peregrinação, encontro, convívio, oração e comunhão” para os participantes viverem “unidos a Maria” e “uns aos outros”. “Vamos expressar aquilo que é a nossa fé, a nossa alegria, o nosso testemunho, testemunhar nesta cidade da nossa vigararia este momento de partilha, de intimidade, de Igreja da qual todos nós fazemos parte”, introduziu.
A peregrinação, promovida pela equipa vicarial da pastoral familiar, prosseguiu com a caminhada de cerca de um quilómetro e meio rumo à igreja matriz. Ao longo do percurso, os peregrinos recitaram a oração do rosário através dos mistérios gozosos.
Na paragem com evocação do presépio que assinalou o terceiro mistério, os participantes foram convidados a escrever uma oração para que as famílias “sejam cada vez mais famílias cristãs”. Aos pais foi pedido para redigirem uma prece pelos filhos e aos filhos pelos pais, que foi depositada em família junto da imagem do Menino Jesus para ser entregue no altar no decurso da eucaristia celebrada na igreja matriz.
Os peregrinos rezaram ainda pelas “famílias que não puderam estar” presentes e por aquelas “que atravessam algum momento difícil” e a chegada à igreja terminou com vivas e palmas a Nossa Senhora.
No início da eucaristia, o padre Flávio Martins realçou aquele “dia de comunhão eclesial” da vigararia de Loulé e o padre Carlos de Aquino, vigário daquela vigararia, que presidiu à celebração, contextualizou aquela peregrinação. “Esta tarde fizemo-nos peregrinos, peregrinos da alegria. Com Vicente de Albufeira queremos aprender a ter um coração missionário, aberto, servidor do evangelho da alegria e fazemo-lo sempre sob a proteção de Nossa Senhora, aqui evocada como Senhora da Orada. A ela viemos como peregrinos neste tempo de Páscoa para com ela aprendermos a sempre escutar o Senhor que nos fala, que nos ama. Na memória de fé, hoje aqui reunidos em expressão vicarial, celebramos a verdade da nossa identidade cristã e familiar”, afirmou, antes do rito de aspersão que fez memória do batismo.
A celebração ficou marcada pelo desafio deixado pelo sacerdote às famílias. “Somos hoje e sempre desafiados a ser evangelizadores do amor”, afirmou, considerando ser preciso para transmitir essa “boa notícia do evangelho”, “aceitar que a fonte para o verdadeiro amor está no coração de Deus”. O sacerdote advertiu que “buscar esta fonte” “exige uma fé alicerçada pela oração e pela escuta permanente de Deus”, mas também uma “silenciosa e permanente contemplação de Cristo vivo e ressuscitado presente nos sacramentos da Igreja”.
O padre Carlos de Aquino evidenciou que o amor é o que “identifica na verdade os seguidores e os discípulos de Jesus”. “Aquilo que é identitário e fundamental em nós é o amor, a capacidade de amarmos até ao dom total das nossas vidas como Ele e com Ele. A novidade do amor cristão é a de amarmos como Jesus amou”, sustentou.
“Sem amor não há família, não há discípulos de Jesus, não há Igreja, não há evangelização. Amar como Ele e amar com Ele. Não é uma mensagem nova, mas a novidade, a criatividade, a fantasia deste amor, o realizaremos nós nas nossas vidas, nas nossas comunidades, na alegria do nosso testemunho”, desenvolveu, lembrando que as famílias cristãs “são testemunhas do evangelho, da alegria e do amor”.
O sacerdote acrescentou que “nesse amor de Deus nunca há espaço para as desistências, medos, ruturas, maledicências, mentira, ciúmes, morte”. “Nesse amor, a vida floresce como bênção, renova-se a cada dia, ganha profundidade o sorriso das crianças, a força dos jovens, a maturidade dos esposos, a sabedoria dos velhos”, reforçou.
“É preciso não silenciarmos a força do verdadeiro amor em nós, não emudecermos a alegria, não sermos cristãos tímidos, medrosos e silenciosos. É preciso não silenciar o fruto e dom do Espírito, não amordaçar a esperança. É urgente e é preciso que sejamos livres e construtores de liberdade alicerçada na beleza do evangelho”, prosseguiu.
Naquela celebração, que teve como objetivo bendizer e louvar a Deus pelas famílias que, para além de concretizar o amor, “vivem como verdadeiras comunidades de vida” e “de fé”, o sacerdote apelou ainda à valorização deste aspeto. “É preciso que permaneçamos firmes na fé e saibamos narrar em cada dia as maravilhas que o Senhor faz por nós”, pediu.
“Bendizemos o Senhor por tantas famílias que, sem medos e timidez, continuam a cultivar os valores humanos e cristãos, a serem verdadeiras escolas de evangelização, casas de ternura, humildes igrejas domésticas que têm a coragem de fazer parte do sonho de Deus, construindo com Ele e unidas a Ele, servindo na construção de um mundo novo”, afirmou também.
A eucaristia, que contou com preces das famílias presentes colocadas na árvore junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima, terminou com a oração de consagração à Virgem Maria.