Atenção: Este artigo tem uma forte carga de ironia e sarcasmo.

No dia 16 de julho de 2024, o deputado Pedro Frazão anunciou ao mundo, em direto na CNN Portugal, mais um milagre de Nossa Senhora de Fátima. Segundo esse parlamentar português, quando soube que o candidato Presidencial americano Donald Trump tinha sobrevivido a um atentado no dia 13 de julho de 2024, fez logo a ligação que o facto de ter saído ileso, se deve a uma “sobrenaturalidade Mariana e sobrenaturalidade de Fátima que tem salvo varias personalidades mundiais”, nas palavras do próprio.

Daqui depreendi, imediatamente, que segundo este deputado da laica República Portuguesa, Maria, a mãe de Jesus Cristo, na sua invocação de Nossa Senhora de Fátima, não só é elitista, como faz aceção de pessoas. Neste caso concreto, por exemplo, Nossa Senhora de Fátima preferiu que morresse um anónimo bombeiro, jovem e pai de família, a um idoso de 78 anos, só porque este é mais famoso, é uma personalidade mundial segundo o critério de Pedro Frazão e ainda tem muito para dar ao mundo. Para além disso, também não salvou o próprio assassino da sua morte, contrariando, em absoluto, o perdão anunciado e proclamado pelo seu filho, Jesus Cristo, na Cruz.

Perante tudo isto, sinto que há uma forte contradição entre a Maria, Mãe de Jesus dos Evangelhos e Maria, na qual o deputado da laica República Portuguesa, Pedro Frazão, acredita e anunciou na CNN Portugal.

No que me diz respeito, continuo a acreditar na Maria, Mãe de Jesus, que nos revela os Evangelhos, mas estou preocupado com a outra, sobretudo quando é usada politicamente, por indivíduos que defendem a aceção de pessoas, nomeadamente, imigrantes e mulheres.

Nós cristãos, membros e filhos da Igreja Católica, temos que dizer basta! Ou melhor, chega à utilização política e populista dos aspetos mais sinceros e verdadeiros da nossa fé cristã. Já não está em causa a separação salutar entre Igreja e Estado. O que começa a estar em causa é usufruir e utilizar a fé do Povo de Deus, para conseguir manipular pessoas e atingir objetivos políticos perversos.

Recordemos, sempre, o critério basilar para sabermos quem quer caminhar na verdade de Cristo. Ninguém que é verdadeiramente cristão proclama, anuncia, promove e realiza atitudes que vão contra o evangelho de Jesus Cristo. E para Jesus Cristo, segundo o evangelho, a vida de um candidato presidencial, de um bombeiro e, até, de um atirador, têm o mesmo valor (Lc 13,1-9). E para Maria, Sua Mãe, Nossa Senhora de Fátima, também!