– Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei (Jo 13, 34)

O Cardeal Mauro Gambetti disse-nos logo ao início do dia que o coração da igreja continua a bater através da Eucaristia que é fonte de fraternidade e configura sinodalmente a igreja. A sinodalidade é o fruto maduro da Eucaristia. Práticas sinodais por excelência são as experiências de encontro, proximidade, diálogo e anúncio.

A igreja, sacramento universal de salvação, manifesta-se como fraternidade capaz de salvar o mundo e símbolo eficaz de comunhão. O movimento sinodal gera-se a partir da constatação e da escuta das necessidades das pessoas. Quando Deus doa o Seu pão e o distribui atravessa a história da salvação.

O que fazer com o pouco que temos e somos? A sinodalidade nutre-se de um gestos naturais e quotidianos. O ato de “comer” é um ato de nutrição da vida e de experiência de partilha. O amor não é uma opção, é fundamental. Não podemos ser fraternidade se não tivermos mudado o nosso modo de pensar. A igreja é chamada a voltar ao estilo de “fraternidade menor” de S. Francisco de Assis.

A sinodalidade eclesial e presença eucarística demonstra que apenas Jesus tem a solução para a nossa fome. A economia sinodal gera boas relações como a cooperação, a confiança, o perdão, a gentileza e a transparência. A reconciliação é o caminho para a vitória diante da violência.

A igreja sinodal eucarística tem a responsabilidade de construir a justiça a partir da terra manchada do sangue do irmão…. Mas não crescerão frutos na nossa terra se continuar manchada de sangue, e com as nossas comunidades divididas… Sempre devemos oferecer a possibilidade de salvar, sempre! Cristo abriu a porta e superou a lei de talião. A fraternidade pode germinar como uma flor.

Na refeição, sinal de grande fraternidade, caiem as máscaras e aflora a autenticidade. A anorexia espiritual impede a sinodalidade mas o tempo da sinodalidade gera uma pedagogia sinodal que dará seguramente frutos que ajudarão a igreja a caminhar em direção à sua origem, como quem caminha e busca uma “refontalização”.

Eucaristia como altar do mundo onde as pessoas vivem, esperam, sofrem e estão sozinhas é caminho para a fraternidade que cura o mundo. A sinodalidade leva a igreja do tempo à casa. O novo sentir no caminho sinodal abre a igreja a uma abordagem holística e a um antropocentrismo situado. Para a igreja a defesa dos direitos humanos é parte integrante da sua missão.

Os testemunhos de hoje lançaram-nos vários apelos. Aqui ficam alguns “ecos” sobre a sinodalidade nas realidades em que se encontram.

D. Raul Biord/Venezuela – viveram durante alguns anos um sínodo nacional que ajudou a fazer caminho em conjunto nas 42 dioceses do país. Colocaram-se em escuta para avançar juntos. Fizeram muito caminho juntos e ajudaram a corrigir muitas diferenças e abusos concretos na forma de governar e orientar a igreja. A Eucaristia é um ponto de chegada e um caminho no nosso Baptismo. Uma comunhão que se feche em si mesma converte-se em egoísmo. A Eucaristia recorda-nos que nos saudamos na paz de Cristo e vamos em paz em nome do Senhor. Estamos e Vamos! A Eucaristia tem sentido como alimento mas tem ainda mais sentido porque nos envia para a missão. Temos a alegria do encontro, mas o Senhor desaparece e precisa de nós para chegar a outros.

Mary Wu/Taiwan – presidente do apostolado laical. Desde 2018 que trabalham muito a sinodalidade. Há uma equipa há algum tempo feita por bispos, padres e leigos. Têm tentando construir relações e dar teste,unho de um mundo credível que partilha a Fé. Ao longo deste tempo têm descoberto o que significa o diálogo e a liderança. Há 5 desafios: falta de formação na fé; envelhecimento da comunidade e fuga da juventude; os novos membros não são suficientemente acompanhados; muitos grupos carecem de comunicação uns com os outros; os leigos e os padres não têm muita relação. Têm tentado que sejam os jovens os líderes da evangelização e promovem alguma competição e competência positiva na evangelização católica renovada. A Eucaristia, a devoção, a oração em família, a adoração eucarística fizeram com que quisesse levar a todos esta beleza. Promove a Eucaristia em todas as circunstâncias da sua vida.

Max Ammann e Maria Gabriela Ammann/Suíça – não tem sido fácil pois tem sido entendido em diferentes maneiras. A Suíça já tem muita tradução democrática, gostam de tomar decisões e votar. Tem muitas consequências. Têm muitos bispo sem poder. Os leigos já levam muito por diante a vida da igreja. A igreja já acontece muito pelo papel dos leigos e não dos bispos. No processo sinodal tem vantagens e desvantagens. Não há grandes diferenças nas abordagens entre bispos e leigos, são todos ouvidos e todos voz. O importante é discernir o que é voz do Espírito Santo ou vontade pessoal. Precisamos da Eucaristia para nos podermos lançar na missão todos os dias!

O dia de hoje terminará com a Eucaristia celebrada em língua portuguesa na igreja das Mercedes, na zona de Quito colonial, ou Quito bonito, a “carita de Deus”.

P. Pedro Manuel
Delegado Diocesano ao Congresso Eucarístico Internacional – Quito/Equador