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© Samuel Mendonça

O bispo do Algarve lembrou esta noite em Faro, na Procissão do Enterro do Senhor, popularmente conhecida como Procissão do Senhor Morto, que à morte se segue a ressurreição com Cristo.

“A ressurreição de Cristo é o modelo e o horizonte da nossa própria ressurreição. Com a morte e a ressurreição de Cristo, a nossa vida e a própria morte adquirem um sentido novo”, afirmou, garantindo que “a morte e a sepultura não são o fim”, mas “passagem para uma vida de comunhão plena com Deus”. “Sepultados com Cristo na morte, sabemos, pela fé, que com Ele também nós ressurgiremos para vida. É esta a grande novidade que Cristo nos trouxe e que ilumina também esta noite”, afirmou D. Manuel Quintas no sermão que antecedeu o cortejo, perante alguns milhares de pessoas, incluindo também transeuntes, mirones e curiosos que, uma vez mais, acorreram à igreja da Misericórdia, em plena baixa da capital algarvia.

“Aquele que por nós foi crucificado, morto e sepultado, também por nós ressuscitou ao terceiro dia. À morte de Cristo, confirmada pelo seu sepultamento, seguiu-se a sua ressurreição, testemunhada na manhã do primeiro dia da semana. O nosso Deus não é um Deus de mortos, mas um Deus de vivos”, sustentou o prelado, evidenciando que “a celebração do mistério da Páscoa de Cristo e de cada cristão não termina junto à sepultura”, mas “irrompe em plenitude na manhã de Páscoa”. “A ressurreição de Cristo é o modelo e o horizonte da nossa própria ressurreição”, completou.

O bispo diocesano destacou ainda que “Jesus continua na cruz de braços abertos para a todos acolher de coração aberto, para a todos amar, perdoar e renovar interiormente”. “Vamos levar também no nosso coração a imagem de Cristo vivo e ressuscitado que a todos nos acolhe, nos dispensa a sua misericórdia e o seu perdão, provado pelo seu amor até ao fim, ou seja, até à cruz”, acrescentou.

Promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Faro, a Procissão do Enterro do Senhor mais imponente realizada no Algarve, percorreu as principais artérias da baixa farense e voltou a contar com a participação do Coro de Câmara da Sé, sob a direção do maestro Rui Jerónimo, que interpretou alguns trechos de música sacra relativos à morte de Jesus.

O secular préstito procura anualmente reviver, com densidade orante silenciosa, o episódio protagonizado por José de Arimateia. Pilatos, depois da confirmação da morte de Jesus, entregou o corpo de Cristo a este membro do conselho do Sinédrio para que fosse sepultado.

A Procissão do Senhor Morto –, a segunda de maior expressão realizada no Algarve, logo depois da de Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana) –, sai aberta por uma representação a cavalo da GNR e um friso de tochas. Segue-se a matraca, cujo som áspero, que se ouve ao longe, simboliza as ondas de ódio amontoadas à volta de Cristo. A certa distância vem o guião ladeado por duas lanternas. Alguns metros desviada, a iniciar as alas os balandraus com tochas, a cruz com o lençol pendurado. Entre as alas, o “tumbinho” carregando o corpo de Cristo, debaixo do pálio, e, no meio, seguem os três andores comportando as imagens de Nossa Senhora, o apóstolo João e Maria Madalena, os três que permaneceram junto à cruz.