Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O Renovamento Carismático Católico (RCC) do Algarve promoveu no passado fim-de-semana um “Seminário de Cura e Libertação” no Centro Pastoral e Social da Diocese do Algarve, em Ferragudo.

A iniciativa foi orientada pelos padres monsenhor Barney McAleer e frei Colin Bowes da Equipa de Missão Alpha e Omega daquele movimento, oriunda da cidade de Joanesburgo (África do Sul), que trouxeram consigo mais seis elementos daquela organização, alguns deles portugueses, naturais da ilha da Madeira e outros descendentes de portugueses emigrantes na África do Sul. O primeiro sacerdote é irlandês e está há muitos anos a trabalhar naquele país e o segundo foi exorcista durante cerca de 50 anos.

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O encontro, que teve início logo na sexta-feira ao final da tarde e terminou no último domingo, foi promovido pelo Serviço Diocesano do RCC e participado por cerca de 150 membros daquele movimento, vindos de todo o Algarve.

O responsável da equipa do Serviço Diocesano do RCC disse ao Folha do Domingo que o seminário “abordou as perspetivas do combate espiritual”, tendo tratado da “cura e libertação de todos os males”. António Aparício explicou que essa “cura e libertação” é referente a tudo “aquilo que é contra” os “dons do Espírito [Santo]”.

Nesse sentido, aquele responsável contou que uma dimensão importante do encontro incidiu nos testemunhos pessoais dos orientadores que abordaram a importância da “cura e libertação” nas suas próprias vidas, após dificuldades vividas por causa de dependências do álcool, das drogas e da violência. “São hoje pessoas convertidas. E tudo isto através do poder da fé. A libertação passou por eles próprios, têm essa experiência”, observou António Aparício.

O responsável do RCC no Algarve acrescentou que a conversão se apoia em “dois suportes muito importantes”: na “palavra de Deus” e nas orações já conhecidas, como o Pai-Nosso e a Avé Maria.

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No entanto, António Aparício diz que, no caso da equipa que veio orientar o seminário, houve ainda uma outra componente de relevo e que teve a ver com “revelações diretas”. “Houve revelações distintas aos mais responsáveis que se juntaram por um desígnio de Deus”, contou, explicando que essas “revelações” se trataram de “locuções”, cuja divulgação “está autorizada pelo bispo” da Arquidiocese de Joanesburgo. “Essas revelações são de locução, palavras de conhecimento que o Espírito [Santo] nos concede”, sustentou, acrescentando que o fenómeno deve ser “entendido num contexto particular” como uma “tentativa de interpretação [da vontade de Deus], de correção de determinadas situações”. “Nada disto pode ser entendido ao arrepio daquilo que é o Magistério da Igreja”, advertiu, acrescentando que que “as revelações podem ser diretas do Pai, do Filho, do Espírito e até da Virgem Maria”.

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António Aparício considerou ainda o “exercício do ministério de cura e libertação pelos leigos” uma prática “recente” que tem vindo a ser trazida para o dia-a-dia da Igreja desde o aparecimento do RCC que o ano passado celebrou 40 anos de presença em Portugal.

Sublinhando que “o exorcismo faz parte do ministério de cura e libertação”, o responsável do RCC no Algarve explicou tratar-se do seu “último degrau”. “Até chegarmos lá temos as orações de cura espiritual, de cura física e de libertação espiritual que depois têm consequências na saúde e bem-estar de cada um de nós”, sustentou.

Nesse sentido, esclareceu que aquele encontro procurou proporcionar aos participantes um “conhecimento mais alargado do que é verdadeiramente o exercício dos carismas”. “Estão à disposição de todos nós, basta deixarmo-nos plasmar pela vontade de Deus na nossa vontade. Para a Igreja dos nossos tempos é uma grande novidade a descoberta do poder do Espírito Santo em cada um de nós”, disse, assegurando que, para os “mais de 130 milhões de membros” daquele movimento já “não é nenhuma novidade”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O seminário celebrativo e de formação contou no primeiro dia com reflexões sobre os temas “Introdução ao Seminário: Deus fonte de Amor, nosso Criador, Salvador e Aquele que cura” e “O abandono pessoal à Paz e ao amor de Deus”. No segundo dia, prosseguiu com os temas “Combate Espiritual: A Purificação e a Limpeza da alma”, “Visão geral das orações de proteção, libertação e cura”, “Perspetivas do combate espiritual” e “Libertação, exorcismo, orações de cura e Adoração”. No último dia foram abordados os temas “Os Mistérios de Cristo: A Eucaristia e a Adoração ao Santíssimo Sacramento” e “A verdadeira arma: o Santo Rosário”. À noite realizaram-se orações com adoração ao Santíssimo Sacramento e orações individuais com imposição das mãos pelo frei Colin Bowes e o encontro terminou no domingo com a celebração da eucaristia com a particularidade de ter contado com uma oração pela “cura e libertação” dos membros da árvore genealógica de cada participante.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O RCC do Algarve promoveu também no dia 22 do mês passado uma oração mariana em colaboração com a Comunidade Canção Nova que contou com uma pregação de frei Bruno Varriano, guardião e reitor da basílica da Anunciação e do Santuário da Sagrada Família, em Nazaré, na Terra Santa (Israel).

“O sacerdote veio falar sobre Maria e colocou-nos na perspetiva da humanidade de Deus em Maria na humanidade do próprio Jesus, seu filho. Não é um jogo de palavras. É uma compreensão das ações humanas em nós, por via da Mãe d’Aquele que é o próprio Deus”, afirmou António Aparício sobre aquele encontro que teve lugar em Loulé, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana.