Os votos de Santa e feliz Páscoa ofertados a alguém após o Domingo da Ressurreição, terão garantidamente, por parte da maioria, a resposta de que a Páscoa já passou. Muitas pessoas, inclusive os cristãos, ignoram que celebramos a oitava da Páscoa para realçar a importância de tão grande acontecimento. Por outro lado, é necessário não esquecer que o Tempo Pascal se prolonga até ao Domingo de Pentecostes. Ou seja, durante cinquenta dias somos convidados a viver este tempo alegre e esperançoso com o desejo profundo de que o Ressuscitado toque a nossa história, pois o seu Espírito acompanha-nos.

Depois de vivermos intensamente a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, somos convidados a actualizar esta alegria da ressurreição a cada dia. Não se trata de uma alegria que se expressa única e exclusivamente na celebração eucarística, sentindo-nos assim mais próximos do próprio Deus. É sobretudo fora das nossas igrejas que devemos viver e testemunhar com a nossa vida a alegria do Ressuscitado.

O júbilo que celebramos na Páscoa deve ter uma expressão concreta nas nossas relações por vezes amorfas, tristonhas e (quase) indiferentes.

Quais são as atitudes que temos para com os nossos pais, os colegas de escola ou de trabalho? Como é vivido o nosso namoro ou casamento? As relações que estabeleço com essas pessoas são de puro sacrifício, obrigação profissional ou familiar, ou tratam-se de relações verdadeiramente alegres, frontais e honestas onde o amor impera?

O Ressuscitado quer tocar a nossa vida, a nossa história e as ligações que estabelecemos com os outros. Se nelas habita a tristeza, o rancor, o desejo de vingança a falta de perdão ou a maledicência, o Tempo Pascal é uma excelente oportunidade para nos libertamos desse peso que nos aprisiona o coração. Tal como o Senhor se entregou por Amor, sacrifiquemos o nosso comodismo, o nosso orgulho ou o desejo de querer vencer a todo o custo, reconhecendo que nem sempre temos razão em tudo, que erramos e que somos carentes de perdão.

Que este tempo seja de facto um momento oportuno para exercitarmos a nossa capacidade de perdoar. Se Aquele que dizemos seguir, tudo perdoou e continua a perdoar desde que assim queiramos, como podemos viver uma vida fechados ao perdão e envolvidos em rancor? Perdoar custa-nos e muitas vezes chega a doer, mas não há nada mais libertador.

Fomos criados para a felicidade e para a liberdade. Não desperdicemos um tempo tão belo para encher de alegria a nossa vida e a vida daqueles que connosco coabitam e convivem diariamente. Permitamos que seja ressuscitado o que em nós precisa de vida nova.

Votos de um Santo e feliz Tempo Pascal!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia