O Secretariado da Pastoral Vocacional da Diocese do Algarve tinha anunciado a retoma das atividades com três vigílias vocacionais este mês, uma para cada região pastoral da diocese, abertas a todos os jovens.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No dia 9 realizou-se para a região do barlavento na igreja matriz de Portimão, no dia 10 para região do centro no Santuário da Mãe Soberana e, no último sábado, para a região do sotavento na igreja de Moncarapacho.

Esta última, com a participação de cerca de 50 jovens, teve início com a garantia do diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional (SDPV) aos presentes de que aquela iniciativa tinha com objetivo ajudá-los a tentar descobrir a vontade de Deus a seu respeito.

A celebração ficou marcada pelos testemunhos da irmã Arta Lekaj, da congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, e do frei Bruno Peixoto, sacerdote da Ordem dos Frades Menores (franciscanos), ambos vindos este ano para a Diocese do Algarve.

“Destes testemunhos vamos tentar ouvir e compreender aquilo que foram os sinais de Deus na sua história e na sua vida, as maravilhas que Deus fez no seu coração”, desafiou o diretor do SDPV. “Por que deram o seu coração ao Senhor, tantos outros o puderam conhecer e amar”, antecipou o padre Samuel Camacho.

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A irmã Arta Lekaj contou ter nascido na Albânia “numa altura em que acreditar em Deus era crime”. A religiosa lembrou que depois da Segunda Guerra Mundial, o país não reconhecia nenhuma religião e perseguia todas as que existiam. “O Cristianismo, em minoria, foi o mais perseguido. Destruíram as igrejas quase todas e outras foram transformadas para que não ficasse nenhum sinal que pudesse apontar para Deus. Prenderam e torturaram todos os sacerdotes”, acrescentou.

A consagrada testemunhou ter nascido numa família católica e crescido sem a experiência que aqueles jovens estavam ali a viver: poder ir a uma igreja para fazer uma oração. “Era tudo às escondidas”, contou, lembrando a grande influência da avó que lhe ensinou os 10 mandamentos que todos os dias recitavam. “Empenhava-se tanto e para mim isso foi marcante”, reconheceu, explicando que também rezavam o terço e as orações aprendidas na família. “Aprendi assim a amar a Deus”, constatou.

Já trabalhava numa fábrica quando se deu a queda do regime. “Veio a liberdade, vieram os sacerdotes, os missionários e as irmãs evangelizar a Albânia”, recordou, acrescentando que construíram uma igreja no bairro onde morava e assim passou a frequentar a catequese e a relacionar-se com uma comunidade religiosa feminina, tendo pedido o batismo que até ali não pudera receber. “Tinha o sonho de casar e ter muitos filhos”, conta, explicando que os sonhos começaram a mudar. Sentiu então o chamamento à vida consagrada e veio há 18 anos para Portugal fazer a formação. “Descobri que aqui é também terra de missão”, disse, acrescentando: “na Albânia dizia-se que Deus, para lá entrar, precisava de passaporte. Penso que não porque Ele nunca saiu de lá. O único passaporte é o desejo do nosso coração”.

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O frei Bruno Peixoto, natural do Faial, nos Açores, contou ter nascido numa “família bastante tradicional, religiosa, numa paróquia com 250 habitantes, onde a taxa da participação dominical na altura era de 100%”. Assim sendo, “desde muito pequenino” que se acostumou a participar nas celebrações da paróquia.

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No entanto, foi o seu avô, “que tinha um desgosto de nunca ter sido padre”, membro ativo na comunidade, que lhe despertou a dimensão vocacional. “Fiquei sempre um pouco sentido e tocado por esta atitude deste meu avô”, contou, acrescentando que sempre gostou muito de participar nas celebrações litúrgicas à volta do altar. O encargo, conferido pelo pároco, de responsável pelo grupo de acólitos ajudou a ir ganhando esse gosto. “No fundo, sempre senti em mim uma certa curiosidade, satisfação e procura por Deus”, reconheceu, lembrando que aquilo que mais gostava era de se “encontrar no silêncio e na oração na natureza”. “Buscava os bonitos sítios que existem nos Açores para rezar e encontrar-me com Deus na natureza”, disse, acrescentando ter sido o estágio e a ordenação de um sacerdote na sua paróquia que o fez tomar a decisão de querer consagrar-se também.

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Porém, “interiormente, sentia que não queria viver como sacerdote diocesano” e foi pela mão das irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição que conheceu os sacerdotes franciscanos num encontro vocacional de jovens e que percebeu que queria ser frade como eles.

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A celebração continuou e teve como ponto alto a adoração ao Santíssimo Sacramento.