© Luís Forra/Lusa
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A proprietária de uma casa de férias na Praia de Faro esteve ontem durante várias horas dentro da habitação para evitar que esta fosse demolida, mas não conseguiu travar a ação dos técnicos da Polis Ria Formosa.

Desde o início da manhã e até cerca das 16:30 que Liliana Vairinhos e a filha estiveram no interior da casa – situada na zona nascente e uma das 112 sinalizadas para demolição da Praia de Faro -, de onde se recusavam a sair, enquanto técnicos da Polis, apoiados por máquinas, iam retirando anexos e entulho em redor da casa.

Ao final da manhã, os técnicos do programa de requalificação Polis, numa operação que também contou com o apoio da Polícia Marítima, começaram a retirar janelas e outros objetos do interior da casa, e Liliana Vairinhos, que de início assegurava não tencionar sair, acabou por começar a colocar os seus pertences em caixotes.

Depois de muita insistência e já durante a tarde, a dona da casa acabou por abandonar a habitação pelo seu próprio pé, altura em que as máquinas do Polis começaram a avançar para iniciar a demolição.

Liliana Vairinhos é uma das 18 pessoas que, na Praia de Faro, interpuseram providências cautelares para tentar adiar a demolição das suas habitações, mas, no seu caso, a providência foi recusada pelo tribunal, embora a proprietária já tenha apresentado recurso.

Na mesma situação está Cláudia Cortes, que tem uma casa de família naquela zona, usada como segunda habitação, e que aguarda a resposta do tribunal ao recurso apresentado após o indeferimento da providência cautelar.

“Segundo o nosso advogado, isto que está aqui a acontecer é ilegal, pois a Polis não tem nenhum plano estratégico aprovado, nem título para proceder às demolições”, refere.

Segundo Cláudia Cortes, os técnicos da Polis estão a agir com “maldade”, uma vez que há muitas casas também sinalizadas para irem abaixo cujos proprietários não apresentaram contestação”, que poderiam estar a ser demolidas primeiro.

“Podiam ter mais respeito e deixar estas [cujos proprietários contestaram] para o fim”, desabafou, contando que conseguiu impedir que os técnicos retirassem as telhas da sua casa, uma vez que tinha lá os seus pertences dentro.

Tal como Cláudia, outras pessoas que estão contra as demolições estiveram junto à casa de Liliana Vairinhos durante toda a manhã de ontem, para lhe manifestar o seu apoio, enquanto gritavam palavras como “vergonha”.

Os agentes da Polícia Marítima estiveram também no local para tentar acalmar os ânimos, tendo algumas pessoas envergado camisolas com a inscrição “je suis ilhéu” (eu sou ilhéu).

Desde o início da operação de demolição na Praia de Faro, no final de janeiro, já foram abaixo 35 construções.

Ao todo, já foram demolidas na Ria Formosa 212 construções consideradas ilegais, na sua maioria nos ilhotes.

Das 19 providências cautelares apresentadas pelos proprietários (18 na Praia de Faro e 1 no ilhote do Côco), sete foram recusadas e três foram aceites, mantendo-se os restantes processos em suspenso.

O Programa Polis Litoral da Ria Formosa é o instrumento financeiro para a execução do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura – Vila Real de Santo António, aprovado em 2005.