Bencao_aeroporto_faroFaz hoje 50 anos que o então bispo do Algarve, D. Francisco Rendeiro, presidiu à celebração de bênção na inauguração do Aeroporto de Faro.

Foi no dia 11 de julho de 1965 que foi inaugurada a infraestrutura no âmbito de uma visita de três dias ao Algarve realizada pelo então Presidente da República, Américo Tomás, em que inaugurou também o abastecimento de água e uma central elétrica em Castro Marim e Alcoutim, um posto clínico da Federação de Caixas de Previdência em Vila Real de Santo António, a obra de abastecimento de água no sítio das Sesmarias, em Lagoa, e o liceu de Portimão.

A edição de 18 de julho de 1965 de Folha do Domingo conta que “foram três dias plenos de acontecimentos do maior significado e repercussão social, entre os quais merece um lugar especial a cerimónia de inauguração do Aeroporto de Faro”, “uma velha e profunda aspiração do Algarve e a uma premente e legítima necessidade do país”.

Após terem pernoitado na Pousada de São Brás de Alportel, Américo Tomás e a comitiva – na qual se incluíam o ministro do Interior, Exército e Marinha e o subsecretário das Obras Públicas – chegaram à cidade de Faro por volta das 10 horas, sendo o Presidente da República aguardado pelas autoridades distritais e concelhias e por milhares de pessoas na Pontinha, em frente da sede da então Junta Distrital (hoje Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve).

Depois da saudação do então presidente da Câmara de Faro, João Henrique Vieira Branco, a comitiva seguiu para os Paços do Concelho, tendo sido ali descerrada uma lápide comemorativa da visita do Presidente da República e realizada uma sessão de boas-vindas no salão nobre.

O Chefe de Estado participou depois na eucaristia na Sé de Faro e no final da celebração dirigiu-se para o Aeroporto de Faro, onde era aguardado pelo ministro das Comunicações, pelo diretor-geral da Aeronáutica Civil e pelo diretor do aeroporto, entre muitas outras individualidades.

Na placa de estacionamento foram prestadas honras militares por um batalhão do Centro de Instrução do Curso de Sargentos Milicianos de Tavira com bandeira e música da 3ª Região Militar.

O “Super-Constellation” da TAP
O “Super-Constellation” da TAP no Aeroporto de Faro

O “Super-Constellation” da TAP, que realizou a viagem inaugural e entretanto aterrara, trazia 84 convidados, entre eles o ministro das Corporações, o subsecretário do Estado da Aeronáutica, o subsecretário de Estado da Presidência do Concelho, o secretário Nacional da Informação, o comissário do Turismo e diretor dos Transportes da Alemanha, representantes da imprensa e outras individualidades.

Após os cumprimentos destas individualidades ao Chefe do Estado, o bispo do Algarve presidiu ao ritual da bênção do novo aeroporto, tendo destacado que “o Algarve sonhou largos anos” com aquela obra como “meio de se erguer ao nível de zona de turismo internacional”.

D. Francisco Rendeiro sublinhou que a Igreja pedia a Deus que “ajude os homens a fazer do Algarve uma das zonas mais acolhedoras do nosso país” e aludiu a dois pontos da “doutrina sobre o turismo”. “A Igreja estimula os homens a fazerem do turismo um grande meio de estreitar o convívio social, de encurtar as distâncias e quebrar as barreiras que nos separam uns dos outros. O turismo traz até nós gentes de todo o mundo e dá-nos assim a realidade cristã de que somos todos irmãos”, referiu.

O prelado acrescentou ainda que “o turismo deve comunicar virtudes e deve, simultaneamente, defender-se de degradar costumes”. “Cada país tem as suas virtudes próprias e tradicionais, que importa conservar, defender e comunicar aos seus visitantes. É aí precisamente que reside um dos mais preciosos valores do turismo, incomparavelmente superior às suas possíveis vantagens materiais. Vamos pôr estas intenções na bênção do aeroporto de Faro: que Deus guarde e proteja todos os que houverem de utilizar este aeroporto e que Deus ajude os homens responsáveis pelos destinos desta província, para guardarem e defenderem as virtudes preciosas, que são a herança de tantos séculos de Cristianismo, para que os nossos visitantes possam ficar encantados com elas, tanto ou mais do que nas paisagens da nossa terra”, concluiu.

Depois do descerramento da placa comemorativa do ato inaugural, realizou-se a sessão solene no pavilhão erguido na pista de aterragem na qual Américo Tomás impôs ao ministro dos Transportes da Alemanha Federal a Grã-Cruz da Ordem do Infante e condecorou individualidades ligadas à obra.

Vitor Veres, director-geral da Aeronáutica Civil, afirmou que o Aeroporto de Faro tinha todas as condições para satisfazer não só a necessidade de uma ligação rápida com Lisboa e outros centros importantes de tráfego nacional, no continente, nas ilhas ou no ultramar, mas as exigências impostas pelo turismo internacional.

O governador civil Romão Duarte agradeceu, em nome do Algarve, a obra e o ministro das Comunicações enalteceu a importância e a projecção do novo aeroporto, enalteceu os homens que formavam os quadros da Aeronáutica Civil e afirmou que os aviões da TAP passariam desde logo a escalar em Faro.

Finda a sessão, efectuou-se um almoço oferecido pelo Ministério das Comunicações que contou com cerca de 250 pessoas.