Faleceu na madrugada de hoje (por volta da 1h) no Hospital de Faro, vítima de doença prolongada, o padre Júlio Tropa Mendes, sacerdote da Diocese do Algarve. O presbítero, de 77 anos, era natural do concelho de Mação, no distrito de Santarém, e era pároco de Santa Bárbara de Nexe, cargo que exercia há 43 anos, desde 1969.
Ordenado na Sé de Faro a 15 de julho de 1962, pelo bispo D. Francisco Rendeiro, o padre Júlio Tropa Mendes foi ainda pároco de Estoi durante 24 anos (desde 1987 até ao dia 25 de setembro do ano passado), de Bensafrim e da Luz de Lagos durante cinco anos (de 1964 a 1969) e cooperador do pároco de Santa Maria de Lagos durante dois anos (de 1962 a 1964).
Licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa, exerceu durante décadas o magistério oficial nas Escolas Secundárias de Lagos e de Loulé e foi fundador e diretor do mensário ‘Encontro’, órgão das paróquias de Santa Bárbara de Nexe e de Estoi, que se publica há mais de 35 anos.
O exercício do ministério do sacerdote fica indubitavelmente marcado pela obra edificada no âmbito da pastoral sóciocaritativa, de que são testemunhos a construção do Centro Cultural e Social da paróquia de Santa Bárbara de Nexe que também inclui um lar de idosos e a Creche “A Joaninha” e do Centro Comunitário da paróquia de Estoi, que integra o Lar “Padre Júlio Tropa” e a Creche “O Caracol”.
O sacerdote era ainda responsável pelo Setor das Migrações e Comunidades Étnicas da Diocese do Algarve, missão que desempenhava desde 25 de outubro de 1973, a pedido do bispo D. Florentino de Andrade e Silva, ultimamente exercida em conjunto com o padre Jorge Carvalho.
O padre Júlio Tropa Mendes foi ainda assistente do Departamento da Pastoral das Comunicações Sociais, a pedido de D. Manuel Madureira Dias.
Por ocasião de uma homenagem prestada em 2008 por ocasião dos 40 anos de serviço à paróquia de Santa Bárbara de Nexe, o padre Júlio Tropa Mendes recordava o convite de D. Júlio Rebimbas para vir trabalhar naquela comunidade. “«Preciso de ti para Santa Bárbara de Nexe, dizem que é a pior freguesia do Algarve». Agora reparem o entusiasmo com que se convida um jovem para trabalhar”, gracejou, referindo-se à proposta que lhe foi apresentada inicialmente para dois anos.
O sacerdote lembrou também na altura o grupo de jovens que o recebeu “solidariamente” quando chegou, “não para arranjar casa, nem para ter prestígio, mas para servir”. “Com eles cresci como padre”, reconheceu, salientando que “o padre nem sempre é bem-vindo”. A propósito, recordou ainda episódios em que a intolerância se manifestou para consigo e, passados esses primeiros tempos mais atribulados, garantiu que, durante todos os anos seguintes, nunca lhe faltaram amigos. “Nunca voltei a cara e sofri”, reconheceu, lembrando “a frieza na escola em Loulé”, para onde foi lecionar nos primeiros anos, uma vez que a paróquia não possuía na altura recursos para sustentar o prior, e onde se manteve como professor até aos 70 anos. “No início, ainda pedi ao bispo para ir embora”, confessou, mas a persistência com que aceitou ficar seria a mesma que mais tarde o levaria a não aceitar a proposta para sair.
O corpo do sacerdote estará ainda hoje, por volta das 17.30h, em câmara ardente na igreja de Santa Bárbara de Nexe e o seu funeral será presidido pelo bispo do Algarve na próxima sexta-feira (27 de janeiro), pelas 15h, na mesma igreja. O padre Júlio Tropa Mendes será sepultado no cemitério de Santa Bárbara de Nexe.