Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Vai ser inaugurada amanhã à tarde, 3 de novembro, pelas 15h30, no espaço da antiga capela do Paço Episcopal de Faro, a “Exposição para a Difusão do Conhecimento – Núcleo Histórico da Imprensa de Gutenberg e do Pentateuco de Faro”.

Anunciada em julho de 2017, trata-se de uma iniciativa – ligada à edição do “Pentateuco” (conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio), levada a cabo por Samuel Gacon em 1487 e que marcou o início da imprensa em Portugal – que tinha sido divulgada pelo presidente da Fundação Portuguesa das Comunicações. A realização da mostra foi anunciada no Seminário de São José de Faro durante a apresentação de uma reedição ‘fac-simile’ do primeiro livro impresso em Portugal.

A iniciativa é promovida conjuntamente pela Diocese do Algarve, pela Fundação Portuguesa das Comunicações, pelo Círculo Teixeira Gomes – Associação pelo Algarve, pela DFK & Associados SROC, pela editora ‘Sul, Sol e Sal’ e pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve.

À exposição associa-se também o coordenador nacional da Comissão do Ano Europeu para o Património Cultural, Guilherme d’Oliveira Martins, e a Santa Casa da Misericórdia de Faro na efeméride dos seus 500 anos de fundação.

Com entrada pela rua do município, a antiga capela episcopal – ocupada em 1913 com um ginásio militar, aquando da implantação da República – foi alvo de trabalhos de recuperação para receber a exposição. Ali estarão expostos uma edição ‘fac-simile’ do primeiro livro impresso em Portugal produzido pela editora ‘Sul, Sol e Sal’ e uma réplica do prelo de Gutenberg, cedida pela Fundação Portuguesa das Comunicações, semelhante à que terá sido usada em Faro pelo impressor judeu Gacon.

A mensagem do bispo do Algarve para a exposição lembra que o “único exemplar conhecido” do primeiro livro impresso em Portugal “integrava a biblioteca do bispo” D. Fernando Martins Mascarenhas – à frente da Diocese do Algarve entre 1594 e 1616 – que foi saqueada em 1596 pelo conde de Essex, Robert de Devereux. “É como que «o regresso possível a casa»”, considera D. Manuel Quintas.

“A impressão do Pentateuco fez de Faro a cidade-berço da imprensa em Portugal, daqui se difundindo para outras partes, pela utilização do prelo (de Gutenberg) que, por sua vez, também deu ao mundo a primeira Bíblia impressa, (1455), alargando sempre mais a sua divulgação”, acrescenta o prelado, observando que “a invenção da imprensa constituiu um precioso e reconhecido meio de formação e de difusão do conhecimento”. “Com a criação deste Núcleo da Imprensa de Faro, pretende-se contribuir para uma maior consciência do multiplicar de oportunidades que esta invenção proporcionou, considerando as progressivas inovações da ciência ao serviço da paz, bem-estar e progresso dos povos no mundo”, acrescenta.

Na mostra – que contará ainda com uma breve alusão à história da escrita desde a pedra coniforme até à atualidade – estará ainda patente um “scriptorium medieval”, cedido pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra, que retratará as técnicas e os objetos usados pelos monges copistas antes da invenção da imprensa para reprodução de textos.

A inauguração da exposição, contará ainda com a apresentação da obra “As artes gráficas e a imprensa em Portugal, séculos XV – XIX”, de José Pacheco, que terá lugar na sala do trono no Paço Episcopal.