
A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que decorreu no Panamá, de 23 a 27 do mês passado, tinha proposto aos participantes daquele encontro que, após a sua conclusão, pudessem assinalar mensalmente, em cada dia 27, a sua realização com uma catequese.

Ainda no Panamá, o Setor da Pastoral Juvenil da Diocese do Algarve com os participantes algarvios pensou dar seguimento à proposta feita no guia do peregrino e estabeleceu um calendário de encontros mensais que pretende evocar aquela JMJ, conduzindo os jovens algarvios até 27 de janeiro de 2020, dia em que celebrarão um ano sobre a sua conclusão e sobre o anúncio da próxima edição em Portugal daquele encontro mundial com o papa. O primeiro deles teve na última quarta-feira à noite lugar em Vila Real de Santo António, na igreja matriz.

A isto, o Setor Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ) quis ainda juntar o desafio lançado pelo arcebispo do Panamá, D. José Domingo Ulloa Mendieta, na missa de abertura da JMJ, quando lembrou que o papa Francisco quis oferecer aos participantes a versão juvenil do Compêndio da Doutrina Social da Igreja – o ‘DoCat’ (livro e aplicação informática) – para que a conheçam. “Numa primeira fase, é isso que vamos fazer todos os meses. Vamos debruçar-nos sobre um tema concreto da Doutrina Social da Igreja”, explicou o assistente do SDPJ, padre Nelson Rodrigues, adiantando que “no próximo mês será sobre a família”.
Os encontros mensais serão então compostos por um momento de ambientação, por uma catequese sobre um tema da Doutrina Social da Igreja, por um testemunho de um participante na JMJ e por um momento de oração, baseado na vida de um dos oito santos patronos da JMJ, com adoração ao Santíssimo Sacramento. Terão sequência já este mês em Tavira, seguindo pelas restantes paróquias de origem dos participantes algarvios na JMJ 2019 – Olhão (abril), Faro (maio), Quarteira (junho), Loulé (julho), Ferreiras (agosto), Portimão (setembro), Paderne (outubro), Silves (novembro) e Monchique (dezembro), terminando em janeiro do próximo ano com um encontro diocesano na Sé de Faro.

Na quarta-feira, após o cântico de acolhimento e ambientação, o padre Nelson Rodrigues lembrou que o ‘DoCat’ surgiu na sequência do ‘YouCat’, a versão juvenil do Catecismo da Igreja Católica. O sacerdote considerou o ‘DoCat’ “um catecismo sobre o modo de agir”, acrescentando que a Doutrina Social da Igreja manifesta o “pensamento sobre a maneira como o cristão deve agir na sociedade”, tendo em conta quatro princípios: dignidade da pessoa humana, bem comum, subsidiariedade, solidariedade. “A Igreja tem um pensamento muito claro, concretizado no dia a dia, sobre como é que nós devemos viver a nossa fé. O que nós pretendemos, Pastoral da Juventude no Algarve, é proporcionar nas paróquias reflexões ao longo deste ano sobre o modo de agir”, complementou.
Aquele responsável exortou então os jovens a descarregarem a aplicação informática do ‘DoCat’, lembrando as palavras de D. José Domingo Ulloa. “No acompanhamento da formação da nossa juventude propomo-vos a aprendizagem da Doutrina Social da Igreja, através de uma ferramenta tecnológica que fortalecerá a liderança juvenil. Este é um sonho do papa Francisco que também nós queremos que seja assumido por vocês, jovens peregrinos, porque uma maneira de enfrentar as adversidades da fé é conhecendo o pensamento social da Igreja para tornar realidade a revolução do amor e da justiça”, afirmou, citando o arcebispo panamenho na missa no Campo de Santa Maria la Antígua.

O assistente do SDPJ destacou assim que o “sonho do papa” é que os jovens “sejam para os seus contemporâneos uma Doutrina Social da Igreja em movimento” e disse-lhes que isso se concretiza através do ‘DoCat’, lendo-o, estudando-o em pequenos grupos paroquiais e pondo-o em prática na vida. “Vão fazer este esforço de, todos os dias, ler um pequeno parágrafo”, pediu, lembrando que Francisco considera que “o melhor instrumento para evangelizar os jovens” são os próprios jovens. “O jovem tem de ter esta disponibilidade para ser instrumentalizado, tem de estar disposto a ser, na Igreja, um instrumento para Deus. Então, para ser instrumentalizado tem de ser programado e para ser programado temos então aqui a Doutrina Social da Igreja”, sustentou.
“Ou nos dedicamos a sério a aprofundar os temas de fé e da vida cristã ou então não passamos de comunidades que vivem ritos de tradições, muitas vezes, já vazias, sem conteúdo, sem sabermos muito bem porque é que fazemos as coisas e criticando tudo e todos”, alertou no encontro participado pela maioria dos 28 algarvios que foram ao Panamá.
Lembrando que “o momento mais alto de qualquer JMJ é o encontro com Jesus Cristo”, o padre Nelson Rodrigues disse ter ficado “agradavelmente surpreendido” porque “as reações que os jovens tiveram quando estiveram com Jesus Cristo foram muito diferentes, pela positiva, das que tiveram quando estiveram com o papa”. “Quando Jesus aparece à nossa frente dá-se o encontro connosco próprios e cada um dos jovens teve oportunidade de viver isso de uma forma intensa”, completou, contando que, na vigília de oração, “o grupo dos algarvios não ficou num lugar qualquer”. “Ficou junto ao próprio Santíssimo Sacramento, no palco onde estava o presidente da celebração, o papa Francisco”, acrescentou na introdução ao momento de oração eucarística que seria conduzido pelo testemunho da beata Maria Romero Meneses, uma das padroeiras da JMJ 2019. “O Jesus que nos fez chorar no Panamá não é diferente do Jesus que, agora, estará aqui, diante do altar”, constatou.

No final da oração, o sacerdote deixou um “desafio para os cristãos mais ousados”. O padre Nelson Rodrigues pediu aos jovens que publicassem numa rede social à sua escolha a “ideia síntese” da mensagem da beata que foi meditada ao longo da oração: “Ser bom não é suficiente, pois a tua vida não está completa sem Deus que é o Autor de toda a bondade e amor. Sem Ele, tu não és capaz de encontrar a verdadeira felicidade”.
O primeiro encontro pós JMJ 2019 ficaria ainda marcado pelo testemunho de Filipe Rossa, o algarvio com mais participações naqueles encontros mundiais. “Já fui ao Brasil, Espanha e Panamá; Polónia, Alemanha e Austrália; E a próxima vai ser cá”, versou aquele membro da paróquia das Ferreiras, que agradeceu a oração de todos aqueles que rezaram pelos algarvios no Panamá. “O Panamá foi sermos recebidos de braços abertos por pessoas que não conhecíamos de lado nenhum, que nos deram tudo aquilo que tinham e que não tinham”, contou, acrescentando ter também ficado “surpreendido quando as comunidades islâmicas e judaicas abriram as portas para receber os jovens cristãos”.
“A JMJ foi uma lenha que encontrei para pôr na minha «chama» da fé porque, de vez em quando, ela vai-se apagando e precisamos sempre de mais um bocadinho para a alimentar”, prosseguiu, lembrando que, para além das catequeses diárias, os “momentos de partilha” que se sucederam foram também para si dos momentos mais marcantes daquele encontro.

Filipe Rossa, que participou no evento com a esposa, lembrou que a preparação para uma JMJ faz-se da vivência da jornada diária da fé até àquele encontro e pediu aos jovens presentes “que não fechassem a sua porta a Deus” quando ponderarem a participação numa das próximas edições. “Certamente que vos vai enriquecer e essa riqueza vocês trazem-na para casa”, afirmou.