“Levantar-se e partir” para seguir Jesus foi o desafio que o Dia Diocesano da Juventude da Diocese do Algarve deixou aos jovens católicos algarvios no passado sábado, em Quarteira, já com olhos postos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que se realizará em Lisboa em 2023.
“Querer participar nas Jornadas Mundiais da Juventude significa tomar uma decisão: «levantar-se», de acordo com a palavra e o projeto de Jesus”, afirmou o padre Mário de Sousa, na reflexão que dirigiu aos jovens sobre o tema ‘Jovem, Eu te digo, levanta-te! (cf. Lc 7, 14)’, que foi a temática do encontro por ter sido a que o Papa escolheu para o Dia Mundial da Juventude deste ano, já na preparação para a JMJ de Lisboa.
“Não se trata, naturalmente, apenas de um gesto físico, para se poder apanhar o comboio ou autocarro e ir a Lisboa. Trata-se de uma atitude de vida, de gente que acredita verdadeiramente em Jesus, que confia n’Ele, e que toma a decisão de fazer caminho. Dessa decisão depende a nossa felicidade e, através de nós, a felicidade dos outros”, explicou o sacerdote da diocese do Algarve, lembrando que “tudo fica dependente de uma dupla decisão: aceitar o que Deus pede e ter a coragem de levantar-se e partir”. “Não basta dizer ‘sim’; é necessário tomar as decisões que esse ‘sim’ implica”, advertiu.
O encontro, promovido pelo Setor Diocesano da Pastoral Juvenil na igreja de São Pedro do Mar, substituiu a Jornada Diocesana da Juventude que este ano estava prevista inicialmente para 27, 28 e 29 de março em Monchique. Foi depois adiada para 2, 3 e 4 deste mês devido à pandemia de covid-19, mas não se pôde realizar-se também neste fim-de-semana devido à evolução da doença, sendo abreviada a uma manhã.
O padre Mário de Sousa alertou que “na fé não pode haver medo”. “O medo paralisa, tolhe-nos os movimentos e rouba-nos a vida. O medo suga-nos a alma e rouba-nos a alegria de viver”, afirmou, considerando que “o contrário da fé não é a incredulidade, mas o medo porque ter medo significa não confiar”. Em antagonismo, destacou que “levantar-se” é “tomar uma decisão, é confiar em Deus mais no que nas próprias forças, é avançar sem certezas, mas com confiança”.
“Mas há uma outra atitude que, ao contrário do que pensamos, também expulsa a fé do coração: a tentação das certezas. Quem tem certezas, deixa de confiar, porque já sabe tudo e já não precisa de ninguém”, alertou, lembrando que “não se conseguir agir sem ter certezas” “significa ficar «imobilizado»”. “«Levantar-se» é uma atitude de fé, é uma consequência do encontro com o Senhor. Implica acolher o mensageiro, mas também, sem medos, disponibilidade para partir, ou seja, para começar uma etapa nova da vida e fazer caminho”, desenvolveu.
O sacerdote evidenciou a “contradição” da “vida de muitos jovens” que “querem ser felizes e procuram Jesus porque a vida que têm tido até não lhes enche o coração”, “mas quando Jesus lhes apresenta o caminho da felicidade, não têm coragem de dar o passo, de confiar” e “preferem continuar na sua zona de conforto, embora saibam que não é nela que encontrarão o verdadeiro sentido da vida”. “Querem, mas falta-lhes a capacidade e a coragem da decisão. E isto tem consequências: a infelicidade”, avisou.
“A nossa vida tem um sentido e Deus, que nos chamou à vida, tem uma missão para nos entregar, da qual depende não apenas a nossa felicidade, mas a felicidade daqueles que vivem ao nosso lado”, afirmou, lembrando que “um cristão não vive para si mesmo”, “tem consciência que a sua vida é um dom de Deus, que não lhe pertence, e isso leva-o a vivê-la com generosidade e gratidão”. “Esta é a diferença entre um jovem cristão e um jovem que não acredita em Jesus. Ou deveria ser. De facto, o problema está em quando os jovens cristãos vivem segundo os critérios de vida dos jovens pagãos”, alertou.
O padre Mário de Sousa referiu-se ainda ao perigo da “indiferença” que “se vai globalizando”, para o qual o Papa tem alertado. “Fechamo-nos no nosso mundo, nos nossos projetos, tornando-nos indiferentes ao outro, às suas necessidades, à sua vida. E quando isto acontece, quando o outro deixa de contar, não só deixamos de ser cristãos como deixamos de ser humanos”, advertiu.
O sacerdote aludiu a “gente sem vida”. “Embora vivos, estão mortos, sem vontade própria, sem força, conduzidos pela vontade dos outros, pelos projetos dos outros, pelas imposições da sociedade, pelos critérios do mundo”, desenvolveu, explicando serem “pessoas que precisam que Jesus se continue a aproximar” delas. “E hoje Jesus só o pode fazer através de ti. Se não fores tu, que és seu discípulo, quem será? Se tu disseres ‘não’, porque tens medo, receio do desconhecido, daquilo que os outros possam pensar ou dizer, se tiveres medo de deixar projetos e sonhos em que apenas contas tu, não haverá ninguém que seja uma presença de Deus na vida destas pessoas”, interpelou.
O conferencista sublinhou que Jesus olha para cada pessoa “e não recusa a história de ninguém, por mais dolorosa ou vergonhosa que possa ser ou parecer, ou mesmo quando parece impossível de resolver”.
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