Foram 125 os participantes da Diocese do Algarve, oriundos de quase 30 paróquias, nas Jornadas Nacionais de Catequistas 2024 que decorreram no último fim de semana de 19 e 20 de outubro em Fátima, sob o tema ‘Os Alicerces da Vida Cristã – O Itinerário e os Sacramentos’ com a referência bíblica ‘Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações’ (At 2, 42).
A formação, promovida pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), que teve por base o novo itinerário para a catequese em Portugal, editado em 2022, contou no total com mais de mil catequistas participantes de todas as dioceses católicas de Portugal.
No final do encontro, o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, da Igreja Católica em Portugal, pediu uma catequese que “a todos acolhe” e que “seja laboratório de esperança”.
“A catequese deve ser laboratório de esperança, fazer crescer a esperança no coração dos mais novos”, disse D. António Augusto Azevedo, citado pelo portal online ‘Educris’ do SNEC.
O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé enviou os catequistas com o desejo de uma catequese que “a todos acolhe”, e pediu a estes agentes de pastoral “uma catequese que seja laboratório de esperança”.
D. António Augusto Azevedo, que pediu também “uma Igreja que a todos acolhe”, espera um “renovar da confiança das famílias na catequese, nos catequistas”, que a catequese seja “um momento de encontro humano e também divino”.
“Estejamos mais atentos à escuta das novas gerações; uma geração de crianças e adolescentes que tem muita coisa, mas que muitas vezes lhes falta o essencial. A fé, o encontro com Cristo, o acolhimento na Igreja, responde ao essencial”, desenvolveu, apontando também para o “acolhimento dos mais novos como pessoas”.

O bispo da Diocese de Vila Real explicou que a comunidade cristã “é o grande sinal salvífico, um grande sacramento de Cristo”, por isso, é importante que “as comunidades sejam uma grande família que acolhe”.
“Sabemos que o grupo é importante, mas devemos ter em atenção o percurso pessoal de cada um, dando atenção e espaço a cada adolescente”, assinalou ainda o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, dos bispos de Portugal, pedindo uma “catequese que é relação e não teoria”.
No início de um novo ano pastoral, D. António Augusto Azevedo destacou que, “hoje, já não basta o tradicional aviso paroquial, feito pelo pároco – ‘a catequese começa daqui a quinze dias’” -, precisam de “renovar, melhorar, implementar novas formas de comunicação”, de convite, de incentivo e de mobilização para irem “ao encontro do Itinerário e experimentar outras linguagens e formas de comunicação”.
O responsável diocesano, de Vila Real, lembrou também os “muitos imigrantes e seus filhos” e pediu “a sabedoria do acolhimento de todos os que chegam de outras proveniências” às comunidades católicas em todo o país.
“Que os sacramentos sejam a os alicerces da vida cristã para que sejamos capazes de, como nos dizia o tema deste ano, ser «assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações»”, concluiu o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, no encerramento das Jornadas Nacionais de Catequistas 2024, citado pelo portal online ‘Educris’.

O responsável pela catequese em Itália, monsenhor Valentino Bulgarelli, disse que a “mudança de época” exige “uma profunda e lenta mudança das estruturas criadas”. “É preciso ter a coragem de terminar com os esquemas que já não funcionam, ao nível político, civil, social e eclesial. Defendemos uma estrutura e perdemos a coisa mais preciosa que são as pessoas. Precisamos de redescobrir a Pessoa de hoje”, referiu aos jornalistas, este sábado, durante as Jornadas Nacionais de Catequistas.
O diretor do Serviço Nacional de Catequese na Itália defendeu que “as estruturas criadas foram pensadas para as pessoas, mas hoje a vida está transformada”. “O Papa pede-nos, já desde 2013, que tenhamos a coragem de repensar com calma, com paciência, com gradualidade as estruturas e os modos de proceder. É fundamental começar a mudar”, referiu, em declarações divulgadas pelo portal ‘Educris’ e enviadas à Agência Ecclesia.
O sacerdote italiano criticou a tentação dos agentes em “fazer da catequese uma aula de teologia”, que “cria conhecedores do património e da história do cristianismo”, mas “não discípulos de Jesus”. “Precisamos escutar as pessoas. As crianças, os adolescentes, os jovens e os anciãos. Todos os que estão em passagem de vida. O modo como fazemos catequese deve levar ao encontro com Jesus Cristo e isso acontece quando a escuta, a dúvida, o silêncio e a pergunta se encontram”, sustentou.
Monsenhor Bulgarelli convidou “a voltar ao início” de maneira que “o Evangelho encarne na vida das pessoas”. “O catequista pode ser o ponto de mediação entre a comunidade cristã e a vida de todos os dias. Não se trata tanto de assumir um momento de encontro dentro da comunidade, mas de descobrir o valor da credibilidade, do testemunho, do reconhecimento da figura do catequista. Diria que precisamos de pessoas com vida quotidiana que trazem contigo o evangelho”, concluiu.

A jornada contou com a intervenção do cónego Mário de Sousa, sacerdote da Diocese do Algarve e presidente da Associação Bíblica Portuguesa, para quem os “escrutínios” deveriam estar mais presentes nas etapas do Itinerário e na vida dos fiéis em comunidade. “Penso que devemos estender os escrutínios, as chamadas revisões de vida, em que a graça de Deus é invocada pelo que revê a vida, para que lhe dê força e coragem para continuar a tomar e a renovar esse sim, como na vida de amigos ou do casal”, precisou o especialista, que apresentou a conferência ‘Os sinais salvíficos da fé: o encontro com Cristo, na comunidade e pela comunidade’.
Em declarações ao portal ‘Educris’, o biblista da Diocese do Algarve lembrou que “os sinais são sempre gestos que remetem para outra dimensão” e sustentou que “se não forem entendidos pelos que os recebem não há comunicação salvífica”. “Para podermos perceber estes gestos de Jesus, e hoje da Igreja, é preciso percebê-los. De outro modo eles mantêm o mesmo conteúdo teológico e espiritual, mas não acontece o processo da vida divina”, apontou.

Recusando a ideia de que “uma vez convertido para sempre convertido”, o também coordenador da comissão de tradução da Bíblia da Conferencia Episcopal Portuguesa sustentou que “a vida cristã é um processo”.
A teóloga Isabel Varanda, docente da Universidade Católica Portuguesa, disse que o novo Diretório para a Catequese promove a “educação integral”, com atenção à natureza e à beleza. “Este documento aprofunda a necessidade de uma educação para a beleza através da contemplação das criaturas e do humano procurando os vestígios da Trindade na criação”, indicou aos jornalistas a responsável, citada pelo portal ‘Educris’.
A docente universitária observou que a Igreja tem acentuado a “via da beleza, da contemplação, da busca do transcendente na criatura”, que se faz hoje através “da contemplação, da meditação, do discernimento” buscando critérios válidos para uma proposta que é “pertinente nos tempos presentes”.
“Vivemos uma crise ecológica planetária que coloca em risco todas as criaturas. Procuramos perceber assim o contributo da religião, e da catequese, qual a singularidade do religioso para fazer face à crise ecológica”, declarou.
Isabel Varanda sustentou que “tal como Karl Rahner operou uma viragem antropológica da teologia no século XX, o Papa Francisco operou uma viragem ecológica da teologia e isso é fascinante”. “Atrevo-me a dizer que é o legado do Papa Francisco para a Igreja no século XXI”, completou.
O dia final das JNC2024 incluiu a conferência ‘O novo itinerário da Catequese e os Sacramentos’, onde se apresentaram os novos materiais catequéticos, a cargo do padre José Henrique Pedrosa, da catequese de Leiria-Fátima, do padre Tiago Neto, da catequese de Lisboa, e do padre Rui Alberto, da Salesianos Editora.
com Educris e Agência Ecclesia