O bispo do Algarve disse aos estudantes da Universidade do Algarve (UAlg) que levaram a cabo a ‘Missão País’ em Alcoutim que gostava que a experiência fosse não só gratificante” para eles, mas “pudesse ser fermento” no meio dos seus colegas.

“Que bom que seria que pudesse prosseguir esta experiência também com outros jovens”, afirmou D. Manuel Quintas na eucaristia a que presidiu na passada quinta-feira, na igreja de São Pedro de Faro, acrescentando que seria “sinal” de que a “experiência foi fecunda”. “Uma das vantagens destes grupos não é fecharem-se em si mesmos, é abrirem-se também, mesmo na própria universidade. Não é formar um «casulo». Isso não tem sentido”, completou, exortando os universitários a serem também “sal” e “luz”. “Abrindo-nos a todos, enriquecemo-nos mais e enriquecemos os outros”, sustentou.

Também o cónego Carlos César Chantre, assistente do Setor da Pastoral Universitária da Diocese do Algarve, no encontro com os estudantes numa sala anexa à igreja que se seguiu à eucaristia, exortou-os a promoverem o crescimento do projeto na UAlg, rejeitando a criação de “guetos”. “Seria um milagre se, a partir deste grupo, houvesse uma segunda ‘Missão País’. Isso compete a vocês”, afirmou, considerando que aqueles alunos “estão a ser protagonistas da história da Universidade do Algarve neste momento em termos de Igreja”.

“Em cada época, o Espírito Santo tem uma resposta para os problemas dessa época. E a resposta às universidades hoje, em termos cristãos, está a ser a ‘Missão País'”, disse aos estudantes.

Na eucaristia, D. Manuel Quintas adiantou que aquela iniciativa foi um “sonho” há muito desejado pela diocese que os jovens missionários ajudaram a concretizar. “Estou mesmo contente e feliz por vos ver felizes e por saber que valeu a pena ter sonhado, e, sobretudo o cónego César, ter lutado para que se concretizasse uma ‘Missão País’ a partir da Universidade do Algarve”, disse aos estudantes no encontro com eles depois da celebração.

O responsável da Capelania da UAlg confirmou em declarações ao Folha do Domingo que a iniciativa foi sonhada pela diocese algarvia como “instrumento da pastoral” e considerou que o projeto “está a ser neste momento um sopro do Espírito Santo para novas respostas pastorais dentro da universidade”.
O cónego Carlos César Chantre esclareceu que essas respostas passam por “abranger o máximo possível de alunos e professores para a evangelização” e explicou que a Capelania será o “chapéu” para todos os grupos que surgirão. “Há dois grupos que já fizeram um retiro, agora este da ‘Missão País’ e esperamos que venham mais”, sustentou, explicando que a reestruturação da Pastoral Universitária passa pela constituição de um Núcleo de Estudantes Católicos (NEC) à semelhança do que tem acontecido noutras academias promotoras daquele projeto de voluntariado missionário. “Nós queremos criar esse núcleo. Só vamos é aguardar a dinâmica que agora estamos a começar”, confirmou.

No encontro com os estudantes, aquele responsável apresentou Adriano Batista como novo colaborador da Pastoral Universitária diocesana e o bispo do Algarve manifestou também a disponibilidade para colaborar do padre Nuno Tovar de Lemos, sacerdote jesuíta que integrou a ‘Missão País’ em Alcoutim. D. Manuel Quintas lembrou que a Diocese do Algarve tem uma sala perto do Campus de Gambelas da UAlg que poderá servir de sede da Pastoral Universitária.
Na eucaristia, o bispo diocesano destacou que a ‘Missão País’ proporciona também “um caminho de ordem espiritual de redescoberta da pessoa de Cristo”, assente, sobretudo, na dimensão social. “Nunca desliguemos a fé das obras, a fé da caridade, a fé do amor”, pediu, lembrando serem os “gestos fraternos e solidários” que “confirmam a verdade” e “dão autenticidade à fé”.

Neste sentido, considerou que a ‘Missão País’ une a “experiência de fé” a “gestos de amor, gestos solidários, de estar com as pessoas, de ir ao encontro delas, de as ouvir, de as escutar, de as ajudar até nas suas casas, de conviver com elas, sobretudo em lugares onde há tanta solidão e necessidade de jovens”. “Foi isso que, certamente, não apenas enriqueceu aquelas povoações onde vós estivestes, mas vos enriqueceu a vós também. Quando unimos a fé ao amor, movemos o mundo”, concluiu na eucaristia que contou com o testemunho de dois dos participantes da missão em Alcoutim, lembrando estarem a decorrer naquela semana mais duas daquelas missões no Algarve, uma em Monchique e outra em Sagres, pelo segundo ano consecutivo.

Quarenta e um estudantes (incluindo os oito chefes), maioritariamente da UAlg, iniciaram este ano, de 2 a 9 deste mês no concelho de Alcoutim, a ‘Missão País’ que terá continuidade nos próximos dois anos.
A ‘Missão País’ é um projeto católico criado em 2003 a partir do Movimento Apostólico de Schoenstatt (embora hoje seja independente) que organiza e desenvolve missões universitárias a partir de várias faculdades de Portugal. São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação e o terceiro no “envio”.