A convite do bispo de Viana do Castelo, e em representação da diocese algarvia, o bispo do Algarve participará no próximo domingo na transladação dos restos mortais de D. Júlio Tavares Rebimbas, primeiro bispo daquela diocese, que também foi bispo do Algarve.
A diocese algarvia foi mesmo a primeira do falecido bispo depois da sua ordenação episcopal, tendo sido bispo do Algarve entre 1965 e 1972.
A transladação dos restos mortais de D. Júlio Rebimbas, na solenidade da Epifania do Senhor, vai ser feita do cemitério da freguesia de Brunheiro, a sua terra natal no concelho da Murtosa (Diocese de Aveiro), para a catedral da Diocese de Viana do Castelo, numa iniciativa que se insere na celebração do 40.º aniversário de criação daquela diocese do Alto Minho que teve início no passado dia 3 de novembro e se estenderá até 2020.
“Em união com outras igrejas diocesanas do nosso país e da Galiza [Espanha], representadas pelos seus bispos, agradeceremos ao Senhor o primeiro pastor que nos deu”, referiu o bispo de Viana, D. Anacleto Oliveira, na sua mensagem de Natal.
Em comunicado enviado à Agência Ecclesia, o Secretariado Diocesano de Comunicação Social de Viana do Castelo informa que os restos mortais de D. Júlio Tavares Rebimbas vão ficar num sarcófago em mármore branco com nome, datas e as suas armas episcopais “a cores, esculpidas no mármore”. O sarcófago vai ficar numa base de ferro lacado a preto, exposto ao público na Sé.
“Integrando e desafiando, com o seu lema episcopal «In Verbo Tuo»”, realça o vigário-geral, Monsenhor Sebastião Ferreira, em nota enviada aos diocesanos onde agradece a quantos tornaram possível a transladação, “por graça de Deus, dos senhores bispos do Porto e de Aveiro, da benignidade dos seus familiares e da adesão total” do atual bispo diocesano, D. Anacleto Oliveira.
Por ocasião da morte de D. Júlio Rebimbas e numa missa de sufrágio pelos bispos do Algarve falecidos, D. Manuel Quintas lembrou o que o seu antecessor representou para a Igreja algarvia. “Foi verdadeiramente um bispo itinerante e missionário”, caraterizou em eucaristia celebrada após a morte de D. Júlio, sublinhando guardar do antigo bispo do Algarve “uma recordação de grande afabilidade, proximidade e cordialidade”. “Era um bispo, junto do qual nos sentíamos bem porque nos punha muito à vontade”, acrescentou.
Ainda relativamente a D. Júlio Rebimbas, o bispo diocesano lembrou que ordenou 14 padres no Algarve. “Estão aqui alguns e há outros que gostariam de estar cá”, observou D. Manuel Quintas, referindo-se ao cónego José Pedro Martins, ao padre Firmino Ferro (também já falecido), ao padre José Nunes e ao padre Joaquim Correia Ferreira.
Nascido a 21 de janeiro de 1922, o falecido bispo foi ordenado presbítero a 29 de junho de 1945, em Pardilhó, e iniciou a atividade sacerdotal como coadjutor do pároco de Ílhavo. No ano seguinte foi nomeado pároco de Avelãs de Cima e Avelãs de Caminho, em Anadia, regressando a Ílhavo em 1949, onde se manteve como pároco até 1962; em 1959 foi nomeado vigário-geral da Diocese de Aveiro.
Foi nomeado bispo do Algarve pelo papa Paulo VI a 27 de setembro de 1965, sendo ordenado a 26 de dezembro desse mesmo ano, no pavilhão municipal de Ílhavo. Tomou posse da Diocese do Algarve em janeiro de 1966, cargo que exerceu até 1 de julho de 1972, data em que foi nomeado arcebispo auxiliar do cardeal patriarca de Lisboa. O falecido prelado foi depois escolhido pelo papa Paulo VI para ser o primeiro bispo de Viana do Castelo, diocese criada a 3 de novembro de 1977. A sua entrada solene na Diocese de Viana do Castelo decorreu a 8 de janeiro de 1978 e a 12 de fevereiro de 1982 foi nomeado bispo do Porto, tendo falecido na Casa de Saúde da Boavista (Porto), no dia 6 de dezembro de 2010.
Foi também um dos bispos portugueses que participou no Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-1965). Aos 43 anos, ainda antes da ordenação episcopal, tomou parte na última sessão do Concílio.
com Ecclesia