Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O bispo do Algarve lembrou ontem à noite na Sé de Faro a certeza que o papa Francisco recordou em Fátima, em maio do ano passado, aquando da celebração do centenário das aparições.

“Deixemos ecoar, mais uma vez, dentro de nós essa grande certeza que o papa Francisco nos recordou em Fátima: Temos Mãe!”, pediu D. Manuel Quintas durante a celebração da nova memória litúrgica de Maria, ‘Mãe da Igreja’.

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Recorde-se que a segunda-feira depois do Domingo de Pentecostes foi a data escolhida por Francisco para recordar a Virgem Maria, Mãe da Igreja, uma decisão anunciada a 3 de março com o decreto “Ecclesia Mater”, da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. O papa quis que esta memória fosse celebrada para “favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e fiéis”.

Ontem, D. Manuel Quintas lembrou que o título não é novo. “A determinação do papa Francisco para que fosse celebrada, venerada e evocada com este título neste dia é que é recente”, explicou, lembrando que a evocação remonta ao tempo do papa Paulo VI, que no encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II, em 21 de novembro de 1964, “declarou a bem-aventurada Virgem Maria como Mãe da Igreja”.

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O prelado acrescentou que o pontífice “não determinou nenhum dia concreto para que se celebrasse Nossa Senhora sobre este título, o que não quer dizer que o povo cristão não tenha correspondido a este desejo do papa”. “Muitas Igrejas particulares e famílias religiosas começaram a venerar a Santíssima Virgem com o título de Mãe da Igreja”, sustentou, lembrando ainda que, em resposta a este desejo de Paulo VI, o missal romano português “tem esta celebração até como festa para a Igreja de Moçambique” e que também foram integradas nas missas votivas de Nossa Senhora eucaristias em que se celebra a Virgem Maria com este título.

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“Esperamos que, mesmo naquelas igrejas onde não é habitual celebrar-se missa à segunda-feira, que se passe a celebrar na segunda-feira depois do Pentecostes para se invocar Nossa Senhora com este título”, desejou.

O bispo do Algarve lembrou que o título de Maria como Mãe da Igreja decorre da vontade de Jesus no momento da crucifixão. “A Mãe de Jesus, que estava junto à cruz, aceitou o testamento do amor do seu Filho e acolheu todos os homens, personificados no discípulo amado, como filhos a regenerar na vida divina, tornando-se a amorosa Mãe da Igreja que Cristo gerou na cruz”, afirmou.

“Por sua vez, no discípulo amado, Cristo elegeu todos os discípulos como herdeiros do seu amor para com a Mãe, confiando-a a eles para que estes a acolhessem com amor filial”, prosseguiu, lembrando que “Maria iniciou a própria missão materna no cenáculo, onde estava também presente”.

O bispo diocesano destacou por isso que, “ao longo destes séculos, por este modo de sentir, a piedade cristã honrou Maria com os títulos, de certo modo equivalentes, de Mãe dos discípulos, Mãe dos fiéis, Mãe dos crentes e de Mãe de todos aqueles que renasceram em Cristo”. “E, de facto, olhando para Maria vemos nela, enquanto Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, exemplo de todas aquelas virtudes que nos ajudam a crescer como discípulos de Cristo se nos deixarmos guiar e amparar por ela, a sermos cada vez mais parecidos com Jesus. Isto exige de nós esforço, conversão, persistência, e sobretudo, deixar-se conduzir como filhos por Maria”, completou.