Não gosto de elogios fúnebres! Sempre pensei que seriam superficiais e mentirosos. Uma pessoa não nos diz nada ou nos gera antipatia, mas só porque morreu já passa a ser importante. É falso o elogio fúnebre. É como tornarmo-nos amigos e próximos de pessoas que sabemos que vão ser importantes ou promovidas! Nesse caso passamos a falar porque nos podem ajudar ao nosso objetivo terreno. No caso do elogio fúnebre penso que aquela pessoa passa a ser ótima e até uma santa provavelmente porque pode falar bem de nós junto de Deus e já não temos que nos cruzar com ela neste mundo.

Este artigo não é elogio fúnebre. Apesar de todas as naturais limitações humanas não faria essa maldade ao Pe. José Pedro (trato o presbítero José Pedro de Jesus Martins por simplesmente e profundamente Pe. José Pedro já que foi assim que o conheci quando tinha 3 anos de idade e porque ele nunca quis que o tratasse por Cónego José Pedro e muito menos por Mons. José Pedro, tendo-se mostrado enfadado comigo quando o tratei assim uma vez era ele Vigário-geral da Diocese do Algarve e eu um seminarista menor com espírito sarcástico). Este simples artigo é apenas um agradecimento a Deus porque todas as graças que operou na Igreja, especialmente na Igreja do Algarve através do Pe José Pedro, no mesmo espírito com que no dia 7 de Dezembro de 2008 na minha ordenação presbiteral afirmei, diante de todos os que estavam ali o seguinte: Obrigado Senhor, por todos os meus formadores, Padres e Professores, no Seminário do Algarve, mas peço-te de forma especial por aqueles que partilharam a sua vida no meu tempo de formação no Seminário Menor: o Pe. José Pedro…” Era mesmo isso que o Pe José Pedro fez comigo e com tantos outros que viveram com ele enquanto era Vice-Reitor, Reitor, Vigário-geral e outras funções na Diocese do Algarve. O Pe. José Pedro partilhava a sua vida, dando testemunho do que vivia e acreditava de uma forma tão intensa e absorvente que quase que diríamos que era obcecado com a Igreja e sobretudo com a Igreja do Algarve. A partilha de vida cristã do Pe. José Pedro era feita de um amor quase doentio pela Diocese do Algarve, amor esse que fez com os mostrasse e incutisse esse mesmo amor com todos os que partilhavam a vida com ele. Inegavelmente foi esse amor do Pe. José Pedro pelo Algarve, e sobretudo pela Igreja Católica do Algarve que fez com atualmente haja na nossa diocese, em comparação com as outras dioceses da nossa província eclesiástica, um maior número de padres originários da aérea geográfica da diocese do Algarve. É um dado objetivo. Ninguém o pode desmentir. O Pe. José Pedro nunca frequentou um seminário menor mas sabia da importância de cativar os adolescente e jovens para o amor desinteressado e não clericalista à Igreja do Algarve. Eu conheci o Algarve e comecei a gostar da Diocese do Algarve graças ao Pe. José Pedro. Do ponto de vista paroquial o exemplo não é menor. Sem a graça de Deus operada através do Pe. José Pedro a paróquia de Quelfes nunca teria tido a estrutura, o carisma e capacidade não só de doar à diocese do Algarve um elemento da sua comunidade como presbítero, como ter tido outros elementos seus em indispensáveis, trabalhosos e profícuos trabalhos pastorais diocesanos.

Por vezes, o amor quando é verdadeiro e intenso é de tal modo absorvente que é difícil de compreender com o mesmo grau quem está ao lado da pessoa que amor. E pode ser esse o caso. O Pe. José Pedro não é insubstituível, mas vai ser inimitável e vamos sentir falta de uma palavra sempre oportuna de um “Cá estamos”, ou um “portanto” a cada duas frases” ou ainda de um agarrar pelo braço quando estamos mais cabisbaixos dizendo simultaneamente: “Quero aqui um homem forte! A diocese do Algarve de precisa de ti!”

A mim já me serviu de riso e alegria nestes dias imaginar o Pe. José Pedro junto a uma fotocopiadora no céu a tirar 144 mil fotocopias do cântico “Não fiques tristes” e de repente o seu amigo Pe. Firmino Ferro a assustá-lo como nos contavam os dois alegremente dos seus tempos de convívio no seminário. Ninguém é eterno! Ninguém é insubstituível! Ninguém é perfeito. Mas muitos deixaram um vazio e farão sentir a sua ausência apesar dos seus defeitos e pecados. Obrigado a Deus por tudo o que aprendi através do Pe. José Pedro.