Cafe_calcinha_louleA Câmara Municipal de Loulé quer comprar o emblemático Café Calcinha, onde o poeta António Aleixo declamava as suas quadras, para garantir que o espaço não é adulterado, disse à Lusa o vice-presidente, Hugo Nunes.

O café, que aquele responsável comparou ao Majestic, no Porto, embora numa escala mais reduzida, é uma réplica perfeita de um seu congénere brasileiro que Prazeres & Reis trouxe e implantou na então vila algarvia, a 27 de agosto de 1927, e tem estatuto de utilidade pública municipal.

A autarquia aprovou a proposta de aquisição do espaço em reunião de câmara, na quarta-feira, por temer que o espaço tivesse o mesmo desfecho que o centenário Café Aliança, em Faro, que após vários anos de disputa na justiça se encontra encerrado e em visível estado de degradação.

“Esse é efetivamente o nosso receio e é por isso que quisemos, apesar de estarmos na autarquia há seis meses, encetar negociações com o proprietário”, sublinhou Hugo Nunes, que acredita que o Café Calcinha poderá ser utilizado para dinamizar o centro da cidade.

A atribuição do estatuto de utilidade pública municipal, em 2004, foi fundamentada no significado “relevante” daquele estabelecimento, “único espaço de tertúlia do qual fizeram parte figuras de prestígio da vida pública louletana e nacional”.

Hugo Nunes lembrou que além da arquitetura e história cultural da cidade que aquele edifício representa, é também um dos cafés que mantém viva a tradição do folhado de Loulé.

Uma vez consumada a aquisição do imóvel o município pretende estudar as possibilidade para utilizar o Café Calcinha como um polo dinamizador de roteiros comerciais ou de outro tipo, como culturais ou gastronómicos.

Em termos patrimoniais e arquitetónicos, o edifício do café enquadra-se no estilo Arte Deco, único exemplo ainda existente na cidade, sendo apontado como testemunho vivo das estórias que têm feito a história de Loulé desde o início do século XX.

A proposta de aquisição do imóvel vai ser levada à Assembleia Municipal de Loulé a 30 de abril.