A celebração da partilha da ‘Luz da Paz de Belém’ e da campanha de Natal da Cáritas ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz’ no Algarve ficou marcada, na última sexta-feira à noite, pelo apelo a gestos e atitudes que iluminem as “zonas mais escuras” “onde há mais trevas, dor, sofrimento, desânimo e solidão”.
“Que bom que seria que, com o nosso testemunho, a nossa presença, os nossos gestos, as nossas atitudes – sempre, e, particularmente neste período de Natal em que somos mais convidados à partilha fraterna – tudo isso iluminasse, de maneira plena, total, este nosso Algarve, sobretudo as zonas mais escuras, situações onde há mais trevas, mais dor, mais sofrimento, mais desânimo, mais solidão”, desejou o bispo diocesano, que presidiu à celebração, este ano ocorrida na igreja matriz da Fuseta.
“Esta celebração que nos convida, centrada nesta luz, em nos abrirmos à pessoa de Cristo que vem. E, por outro lado, este encontro com Cristo leva-nos a nos abrirmos aos outros, particularmente aos mais necessitados”, prosseguiu D. Manuel Quintas, garantindo que “acolher esta luz, é deixar-se iluminar por Cristo”. “Levar esta luz é transportar Cristo na nossa vida porque é aí que Ele é, verdadeiramente, luz do mundo”, afirmou, pedindo aos presentes que se deixem “iluminar para que não haja zonas escuras” nas suas vidas “que não sejam iluminadas por esta «luz» que há tanto tempo surgiu na noite de Natal”. “Acende-se uma luz para que ela ilumine tudo à sua volta. Por isso, a centralidade da luz remete-nos para a centralidade de Cristo na nossa vida”, reforçou.
O bispo do Algarve exortou os participantes a manter essa «luz» bem acesa nas suas vidas. “Essa luz que recebemos no nosso batismo não pode apagar-se, tem de iluminar a nossa vida todos os dias. E tem de se fortalecer. Não pode ficar uma luz débil, que facilmente se apaga com as primeiras contrariedades e imprevistos da vida. Por isso, compete-nos fazer tudo para que essa luz brilhe sempre mais dentro de nós e, através de nós, à nossa volta”, pediu, acrescentando que a “melhor maneira desta luz se fortalecer e se consolidar” é o “amor” que são “convidados, constantemente, a dar àqueles que mais precisam”.
Na celebração em que a ‘Luz da Paz de Belém’, vinda da gruta da basílica da Natividade, local atribuído ao nascimento de Jesus, através de uma celebração nacional em Fátima, foi entronizada na igreja às escuras e depois partilhada por sete velas em cima do altar, símbolo dos dons do Espírito Santo, o coordenador regional do Corpo Nacional de Escutas (CNE) distribuiu aquela chama aos representantes dos 19 agrupamentos escutistas presentes e o presidente da Cáritas Diocesana no Algarve às comunidades paroquiais presentes que não têm agrupamentos.
O coordenador regional do CNE lembrou que aquela chama vem da cidade palestina de Belém desde 1986, “como parte de uma atividade para as crianças em dificuldades na Áustria e países vizinhos”. Luís Cabrita acrescentou que desde 1989 tem sido partilhada por escuteiros e guias em inúmeros países, permitindo que a ‘Luz de Belém’ seja partilhada pela Europa e fora dela, “ganhando um âmbito mundial e representando uma forte mensagem de esperança, de paz e amor e cumprindo a promessa de transmissão da luz da paz”.
“Este é um ano repleto de celebrações comemorativas do centenário do CNE. Cada uma delas é uma oportunidade para darmos a conhecer aos outros a nossa missão de paz, partilha e serviço com o lema “Missão: leva essa Luz em Ti”. Fica o desafio de que esta luz seja partilhada por toda a nossa região como sinal de união e de paz. Que não seja só receber e transmitir esta luz, mas que seja a expressão daquilo que a gente vive, do que acreditamos, daquilo que nos move por dentro e que alimenta a nossa fé, uma fé que faz caminho na nossa vida”, prosseguiu, garantindo que os escuteiros não querem ser seus “meros agentes transportadores”. “Somos impelidos a não parar. Somos desafiados a celebrar e em especial neste Natal com gestos de partilha, amor, paz e alegria e alcançar todas as comunidades, incluindo as que não têm a alegria de ter escuteiros”, concluiu.
O presidente da Cáritas algarvia citou o Papa Francisco, referindo que “a humanidade vive um período amargo, marcado pela guerra e a fome, convidando a deixar de lado o egoísmo, a indiferença e o antagonismo”. “É um período amargo cheio de ruídos de guerra, de crescentes e injustiças, carestias, pobreza e sofrimento. Há fome”, prosseguiu Carlos Oliveira, sublinhando que o Papa refere ainda que “o cenário mundial parece sombrio e desconcertante, com presságios de destruição ainda maiores”, mas deixa “a convicção de que este é um tempo propício de salvação”.
A noite terminou com a atuação do coro de câmara da Sé de Faro ‘Cantate Domino’, dirigido pelo maestro Rui Jerónimo, que interpretou temas natalícios eruditos e do repertório popular do Algarve.