D. Manuel Madureira Dias *
D. Manuel Madureira Dias *

Cem velas acesas. Eis o símbolo de uma vida de cem anos!

«Folha do Domingo» celebra cem anos de existência!

As velas feitas da cera das abelhas, encerram uma simbologia muito rica, na vida da Igreja. Fruto do trabalho das abelhas, as velas servem para iluminar a vida de cada ser humano; e, com a luz que delas irradia, apontam para Cristo, Sol nascente, que projecta a sua luz divina na vida dos que nele crêem. O trabalho de todos quantos, nestes cem anos, tiveram, para produzir este jornal, pode muito bem comparar-se à diligente faina daqueles pequenos insectos que, para além da cera, nos deram também o delicioso mel.

Quando, em dia de aniversário, acendemos as velas, queremos simbolizar, com o seu esplendor, a riqueza dos anos já vividos; quando, de seguida as apagamos, deixamos transparecer a brevidade da vida que, com um sopro, se extingue.

«Folha do Domingo» celebra o seu aniversário! Vamos acender as cem velas em sinal da luz que este jornal acendeu no coração de muitos leitores, durante um século. Neste gesto, saudemos todos quantos, neste longo espaço de tempo, deram o seu contributo para a sua publicação, a partir da sua fundação até hoje. Trabalho árduo e nem sempre compreendido, que nos traz à memória o labor das abelhas na construção dos favos para acolher o mel.

Vamos cantar-lhe os parabéns por todo o bem que fez na diocese do Algarve e até em lugares externos às suas fronteiras. Nunca mediremos com precisão o alcance de um meio de comunicação social, porque a sua voz, uma vez emitida, deixa de estar ao alcance das nossas medidas e transcende-nos.

Vamos apagar as cem velas, para com esse gesto tomarmos consciência de que, nesta vida, tudo passa tão depressa como um sopro. Num instante se pode apagar tudo o que levou muito tempo a acender. A vida dos humanos corre rapidamente. A vida das suas obras caminha ao ritmo dos próprios homens. Cem anos dum jornal é o testemunho de muitas vidas dedicadas e generosas que já partiram deste mundo e que estão para lá da contagem dos seus anos de existência. Mas o jornal aí está. Persistiu, apesar da passagem fugaz dos seus colaboradores e directores.

Que a luz de «Folha do Domingo» continue a projectar-se em toda a diocese do Algarve e se mantenha como um facho ardente e luminoso.

Parabéns, «Folha do Domingo»!

Manuel Madureira Dias, *Bispo emérito do Algarve