
O bispo do Algarve encontrou-se com o superior provincial da Companhia de Jesus (jesuítas) em Portugal para acertar a vinda de mais sacerdotes daquela congregação para a diocese algarvia.
Segundo adiantou ao Folha do Domingo o padre Domingos da Costa, sacerdote jesuíta a trabalhar no Algarve desde 1976, no próximo verão virá para a diocese algarvia mais um padre da sua congregação.
O sacerdote explica que a Companhia de Jesus pretende lançar no Algarve um novo modelo de presença nas paróquias portuguesas, que passará, sobretudo, pela formação de leigos (entenda-se, não clérigos ou religiosos) com vista à sua maior corresponsabilização eclesial.
“A Companhia de Jesus quer, de facto, apostar aqui no Algarve”, assegura. “O nosso provincial gostaria que isto tivesse visibilidade a nível da província portuguesa da Companhia de Jesus e até das outras dioceses, que este modelo da nossa presença como Companhia de Jesus nas paróquias pudesse ser piloto para que outras dioceses se empenhassem a sério na formação de leigos”, refere o padre Domingos da Costa, considerando “as paróquias têm de ser «levadas» por leigos”. “Não podemos ter padres a paroquiar cinco, seis ou sete freguesias”, acrescentou, defendendo que a Igreja tem de “encontrar meios, também financeiros”, para que esses leigos possam ter um salário ou, pelo menos, trabalhem nas paróquias “a meio termo”.
O sacerdote refere que, para além do padre jesuíta que virá este ano para o Algarve, poderá vir outro em 2016, se a experiência piloto correr como previsto. A ideia, segundo explica, poderá passar pela criação de uma unidade pastoral que englobe paróquias de Portimão, Mexilhoeira Grande e, eventualmente, outras daquela zona do Algarve. “O projeto está assim assumido. Quanto a tomar mais paróquias é que não está certo. Tem de ser dialogado com o senhor bispo”, sustenta.
O padre Domingos da Costa adianta que o jesuíta que virá este ano para o Algarve “está a concluir os seus estudos teológicos” mas não é o algarvio padre Paulo Duarte, por acreditar que este “está fora de causa”. O sacerdote lembra que a Companhia de Jesus vai ordenar este ano três novos padres, menos três do que o ano passado. “Ou se aproveita agora esta ocasião ou, no futuro, não virão mais padres para as paróquias [algarvias]”, adverte, considerando que a Companhia de Jesus “começa agora” a ter falta de vocações . “Nos últimos anos tinha quatro ou cinco noviços por ano e, neste momento, tem um”, sustenta.
O padre Domingos da Costa veio para o Algarve, juntamente com o padre Arsénio da Silva, também jesuíta, falecido em 2012, em 1976. Desde essa altura é pároco da Mexilhoeira Grande, missão à qual juntou, em 2013, a paroquialidade de Nossa Senhora do Amparo em Portimão, de que era pároco o padre Arsénio da Silva.
Já no final de 2010, a Companhia de Jesus tinha enviado para o Algarve o padre Estêvão Jardim para colaborar, provisoriamente, com o padre Arsénio da Silva, colaboração que se manteve até ao final de 2013. Em janeiro de 2014, chegou o padre Luís Amaral que, desde julho do ano passado, é pároco in solidum das duas paróquias com o padre Domingos da Costa.
A comunidade jesuíta no Algarve tem sido assim composta, desde 1976, por dois sacerdotes. No entanto, a presença da Companhia de Jesus na diocese remota ao século XVI como o comprova, em Faro, o antigo Colégio de Santiago Maior (hoje Teatro Lethes), fundado em 1599, e, em Portimão, a igreja do Colégio dos Jesuítas, fundado em 1660.
A reunião de D. Manuel Quintas com o padre José Frazão Correia, na qual participaram também os padres Domingos da Costa e Luís Amaral, decorreu no passado dia 29 de abril no Paço Episcopal de Faro.
O novo modelo de presença da Companhia de Jesus nas paróquias vem ao encontro do projeto pastoral da Diocese do Algarve e da vontade do bispo diocesano que, não raras vezes, tem sublinhado a importância de corresponsabilização dos leigos na vida eclesial.