
O vice-presidente da Associação Sindical da Polícia (ASP) acusou ontem o comandante da Unidade Especial de Polícia (UEP) de Faro de criar um ambiente de medo, ao pressionar os agentes a realizar serviços que não lhes competem, sob pena de expulsão.
Em causa estão alegadas pressões que elementos de um subgrupo do Corpo de Intervenção (CI) de Faro sofreram para realizarem, durante o serviço, obras de construção civil, numa cave localizada nas instalações da UEP, no aeroporto de Faro, sob pena de serem expulsos daquela unidade.
“Receberam telefonemas em casa dos graduados de serviço e perceberam que se realmente não colaborassem, a sua permanência na UEP estaria em causa, o que quer dizer que há uma pressão constante”, afirmou Manuel Morais, sublinhando que esta situação foi o culminar de muitas outras que têm gerado o descontentamento de alguns agentes.
Aquele dirigente sindical falava aos jornalistas em frente às instalações locais do sindicato, onde se concentraram mais de trinta elementos da UEP de Faro, antes de partirem para um “almoço protesto”, num restaurante da cidade, contra a forma como têm sido tratados pelos superiores hierárquicos.
Manuel Morais descreve o ambiente vivido no UEP de Faro como sendo “verdadeiramente mau” e “de cortar à faca”, sublinhando que alguns dos elementos daquela unidade não se manifestam por terem “medo de aparecer”, optando por ficar de “costas voltadas”, mas com o mesmo constrangimento.
“O senhor comandante não quer, ou não consegue, trazer alguma paz ao dispositivo, muito pelo contrário, traz inquietude, pressão, as pessoas sentem-se oprimidas e um pouco subjugadas à forma prepotente como aquele comandante comanda”, acusou aquele dirigente sindical.
Aquele responsável disse que a substituição do atual comandante da UEP de Faro, em funções há dez anos, seria um “milagre”, mas como não acredita em milagres, prefere admitir que a situação se resolveria com um telefonema.
Contactado pela Lusa, o comandante da força destacada da UEP de Faro disse que não prestava declarações sobre o assunto, mas mostrou-se “orgulhoso” dos homens que comanda, inclusivamente daqueles que participaram no protesto.
O comandante Fausto Rodrigues explicou que a força destacada da UEP de Faro possui quatro valências, através do Corpo de Intervenção, do Corpo de Segurança Pessoal, do Centro de inativação de engenhos explosivos e de segurança no subsolo e do Grupo operacional cinotécnico.
O “almoço protesto” de ontem surgiu após uma reunião da ASP com o comandante da força destacada da UEP, em Faro, e de um protesto interno realizado no final de maio, pela maioria do efetivo de um subgrupo do CI, mas que “foi ignorado”.
O CI em Faro é composto por um grupo operacional de cerca de 50 elementos, divididos em dois subgrupos, tendo um deles decidido realizar ontem o protesto, onde deverá ser elaborada um carta para enviarem ao diretor nacional da PSP.