Faleceu esta manhã, por volta das 6h, no Seminário da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (claretianos) em Carvalhos, Vila Nova de Gaia, o padre Manuel Honorato Antunes, de 97 anos, sacerdote daquela congregação e antigo pároco da paróquia de Alvor e também da de Ferragudo e do vicariato da Pedra Mourinha, em Portimão.

O missionário claretiano, que completaria 98 anos no próximo mês de janeiro, veio para o Algarve em 1976, tendo sido pároco de Alvor entre aquele ano e 1983 e entre 1988 e 2018. O padre Manuel Honorato Antunes chegou a ser encarregado em abril de 1978 da paróquia de Odiáxere e foi, de 13 de setembro de 1991 a 7 de outubro de 2001, também pároco “in solidum” (moderador) de Ferragudo, juntamente com o padre Manuel Leitão Marques. Entre 1983 e 1986 foi também pároco da paróquia de Pedroso, Vila Nova de Gaia.

Em 2001, acrescentou à paróquia de Alvor o vicariato do Sagrado Coração de Jesus da Pedra Mourinha, em Portimão, que manteve até 2018. Do seu trabalho naquelas paróquias ficou, para além da obra pastoral, o restauro do interior da igreja de Alvor e as construções do Centro Paroquial de Alvor, da igreja da Penina, do Centro Apostólico de Santo André e o início da igreja da Pedra Mourinha.

O sacerdote, nascido a 29 de janeiro de 1926 na freguesia de Pena Lobo, concelho do Sabugal e Diocese da Guarda, entrou a 8 de outubro de 1940 no Seminário de Alpendorada (Marco de Canaveses), local onde frequentou o noviciado e professou, pela primeira vez, a 16 de julho de 1946.

Seguiu depois para Espanha para completar estudos. Os de filosofia foram realizados em Jerez de Los Caballeros, Badajoz, onde fez a profissão perpétua a 16 de julho de 1949, e em Zafra, também em Badajoz. Os de teologia decorreram em Valls, Tarragona, onde a 28 de junho de 1953, recebeu a ordenação sacerdotal.

A 27 de setembro daquele ano partiu para São Tomé e Príncipe como missionário. Entre 1954 e 1955 exerceu funções de superior e pároco de Nossa Senhora das Neves e, entre 1955 e 1956, de pároco de Santana. No triénio de 1956 a 1959 foi superior e pároco de Nossa Senhora da Conceição, na ilha do Príncipe.

Voltou para a Ilha de São Tomé nessa altura para desempenhar o múnus de superior e pároco da Santíssima Trindade, de 1959 a 1965. Entre 1965 e 1974 viveu na casa da cidade capital e ali desenvolveu as seguintes funções: pároco de Nossa Senhora da Graça, Sé (1965-1966), visitador (1965-1968), superior local (1965-1971), pároco de Nossa Senhora da Conceição (1966-1974), vigário-geral da diocese (1969-1973) e conselheiro local (1971-1974).

Exerceu o cargo de pároco da Santíssima Trindade e de Santa Maria Madalena, entre 1974 e 1976. Levou a cabo a construção do Centro Diocesano, junto à igreja da Conceição, na cidade capital, e que foi inaugurado em abril de 1972. Entre 1986 e 1988, coube-lhe orientar a casa de retiros da comunidade claretiana de Fátima.

Em maio de 2018 sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), tendo ficado hospitalizado durante quase duas semanas e depois sido transferido, em agosto daquele ano, para a enfermaria provincial dos claretianos que está sediada no Seminário dos Carvalhos, onde agora veio a falecer.

No dia 11 de dezembro de 2010 recebeu a Medalha de Serviço Distinto – Grau Ouro da Câmara Municipal de Portimão, entregue pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no Dia da Cidade. No dia 29 de abril de 2012 foi também condecorado pela Junta Regional do Algarve do Corpo Nacional de Escutas com a Cruz de São Jorge – 2ª Classe Prata pela “dedicação” ao movimento.

No dia 29 de janeiro de 2018, a paróquia de Alvor quis assinalar o seu 92º aniversário com a celebração de uma Eucaristia presidida pelo bispo do Algarve. Na ocasião, D. Manuel Quintas manifestou ao sacerdote nonagenário o “reconhecimento” e a “gratidão” pelo seu serviço à igreja algarvia, “fruto de outro dom que Deus lhe concedeu que é o dom do ministério ordenado do sacerdócio, da vida consagrada, da vida missionária”. O bispo diocesano destacou o sacerdócio do padre Honorato Antunes, exercido na diocese “com tanta dedicação, persistência e de um modo silencioso”. “O padre Honorato é silencioso, discreto, não faz barulho, mas é como a chuva miudinha: não faz barulho, mas «entra na terra e fecunda-a»”, comparou, lembrando “o seu testemunho, a sua presença e o seu modo discreto, próximo, familiar, de amigo, de estar com todos”.

Na celebração, o homenageado manifestou uma “gratidão muito profunda” a todos os que sempre o “rodearam com amizade e simpatia”. “Partilhaste comigo trabalhos, vida e missão”, lembrou, referindo as “gratificantes recordações”, agradecendo a Deus pelo “pouco bem” que fizeram juntos e pedindo “desculpa pelo muito que ficou por fazer”. “Deixo-vos a todos um abraço da dimensão do mundo, obrigado”, disse na eucaristia em que lhe cantaram os parabéns.

A congregação claretiana agradeceu a Deus o “dom da sua vida e a vocação missionária”.

A celebração exequial do padre Manuel Honorato Antunes será realizada na segunda-feira, 11 de dezembro, pelas 10h, no Santuário do Coração de Maria nos Carvalhos, Vila Nova de Gaia, sob a presidência de D. Manuel António dos Santos, bispo emérito de São Tomé e Príncipe que está a colaborar com a Diocese do Algarve, pertencente à congregação claretiana.