O bispo do Algarve disse no passado sábado aos finalistas da Universidade do Algarve (UAlg) que a “verdadeira sabedoria” se exprime nos “talentos e qualidades pessoais” e que a “realização pessoal e a felicidade que eles proporcionam não reside na quantidade, mas na capacidade, criatividade e ousadia de os desenvolver e colocar ao serviço dos outros, ao serviço do bem comum”.
Na celebração da bênção das pastas, que este ano voltou ao Estádio de São Luís, em Faro, D. Manuel Quintas referiu-se à nova etapa de vida que espera os estudantes. “Não será fácil, mas sabemos todos que nada vos demoverá de ultrapassar as dificuldades que vos esperam e que sabereis dar o melhor de vós mesmos para as vencer e ultrapassar com o que melhor vos define e carateriza: o sonho, a criatividade, a persistência, a perseverança e a coragem de partir sempre para um novo recomeço, se tal vos for pedido e exigido”, afirmou.
O prelado lembrou aos finalistas que não estarão sozinhos no caminho que agora irão iniciar. “Não estais nem vos considereis sozinhos neste caminho. Queremos continuar a apoiar-vos. O vosso sucesso é também o nosso sucesso e também o sucesso do nosso país porque todos precisamos do vosso saber e do vosso dinamismo jovem para que possam ser criadas condições de uma vida melhor e mais digna para todos. É isso mesmo que queremos exprimir com esta oração de bênção que invocamos de Deus”, referiu.
O bispo do Algarve pediu ainda aos universitários que acolham Cristo como “fonte da sabedoria, como companheiro diário do caminho” que se preparam para percorrer. “Acolhei a sua mensagem como inspiradora das opções que tereis de fazer ao longo da vossa vida. A vossa vida só adquirirá pleno sentido se for pautada por valores que vos dignificam a vós próprios, bem como aos outros”, alertou.
A bênção contou também com a presença do pastor Rodrigo Sequeira, da Igreja Evangélica e assistente espiritual de duas das finalistas, que fez uma oração pelos estudantes.
O reitor da UAlg, reconhecendo “a dificuldade com que muitos recém-licenciados se deparam de arranjar emprego na sua área de formação”, destacou que “o saber, mais do que um diploma que pode ou não dar o emprego, é o mais indispensável instrumento para quem quer ser livre”, lembrando que cada um “é do tamanho daquilo com que sonha e o tamanho do sonho de cada um determina a grandeza do que cada um pode ser”.
António Branco lembrou que “um dos sonhos mais importantes da democracia é a educação para todos”. “E a educação é uma arma, sim. E uma das mais poderosas, mas como todas as armas tem de ser bem fabricada e tudo depende do que fazemos com ela”, acrescentou, pedindo aos finalistas que recomecem “todos os dias, cada um no seu ofício, porque o único desígnio que vale a pena é a reconstrução incessante do mundo”. “E o mundo não se pode reconstruir sem a nossa resistência, o nosso comprometimento, a nossa inteligência, a nossa força, a nossa exigência e o nosso investimento. Bem-hajam por não terem desistido de estudar”, concluiu.
Também o presidente da Associação Académica da UAlg, Rodrigo Teixeira, se referiu à “incerteza” que o futuro reserva aos finalistas, lembrando-lhes a “grande responsabilidade” de “mostrar a qualidade da formação” da universidade algarvia. “O vosso sucesso será o sucesso de toda a academia”, considerou.
Também o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, frisou que “as verdadeiras dificuldades começam agora”, mas que “cada um tem na mão o seu destino e é senhor do que fará”, lembrando que “a realização de cada um surge com o trabalho e com a devoção à causa que defender”.
Cumprindo a tradição dos últimos anos, os estudantes entregaram ainda ao bispo do Algarve uma quantia monetária, resultante de uma recolha solidária realizada entre si, que acrescentará a renúncia dos católicos algarvios na última Quaresma para a construção da igreja do vicariato da Pedra Mourinha, em Portimão.
A celebração, promovida em colaboração pela Capelania e pela Associação Académica da UAlg – na qual se fez memória dos dois estudantes falecidos no último ano –, foi concelebrada pelo capelão, o cónego Carlos César Chantre, e pelos padres Nelson Rodrigues e José Chula e contou ainda com a atuação das tunas da academia.